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Sempre que os dados ou as notícias não são positivos, há algo com que podemos contar por parte deste Governo: não haverá uma resposta séria, uma explicação honesta. Teremos sempre responsabilidades de outros, passados, futuros, externos, ou simplesmente cortinas de fumo. O primeiro-ministro veio ontem “explicar” a subida da dívida pública em 2016, cujos dados o Banco de Portugal hoje tornou públicos.
Segundo o primeiro-ministro, a dívida bruta voltou a crescer – depois de ter diminuído em 2015, nunca é demais recordar – por causa dos problemas do Banif e da CGD. Ora, o Banif foi resolvido em 2015 já por este Governo e o essencial dos efeitos desta decisão ficaram registados em 2015. Quanto à CGD, ainda não foi recapitalizada (que urgente que era o processo…) e os 2,7 mil milhões de euros que teriam ficado de reserva em 2016 para tal foram quase todos utilizados em novembro para uma amortização adicional ao FMI, precisamente porque a recapitalização da CGD estava atrasada.
Se os argumentos usados pelo primeiro-ministro não fazem sentido, qual é então a verdadeira razão do aumento da dívida bruta? A verdade é que o crescimento da economia não foi o prometido, nem o necessário para travar a dinâmica da dívida e continuar a inversão de trajetória iniciada em 2015. E não é menos verdade que o Governo está preocupado, e muito, com a subida dos juros da dívida pública e com a capacidade de se continuar a financiar no mercado, mesmo se não o confessam. Não há melhor prova do que o juro que estiveram dispostos a pagar para a primeira emissão do ano – 4,23%. E não se ouvem críticas aos cofres cheios...
Maria Luís Albuquerque
Vice-presidente do PSD