Vitória da CDU vai abrir um “novo ciclo” na Alemanha

18 de janeiro de 2025
PSD epp retiroberlim2025 Europa

O Presidente do PSD acredita que a vitória da União Democrata Cristã (CDU) nas eleições antecipadas de fevereiro, na Alemanha, vai abrir um “novo ciclo” que irá terminar com a estagnação da economia alemã. “Esperamos renovar com ainda mais fulgor no futuro (as relações) qualquer que seja o resultado (…) Desejo que as coisas corram bem ao candidato da CDU e que isso possa significar o relançamento da Alemanha como um grande motor económico da Europa”, afirmou.
Este sábado, à margem de um retiro de dois dias do Partido Popular Europeu (PPE) em Berlim, Luís Montenegro manifestou a vontade de que “as coisas corram bem ao candidato da CDU e que isso possa significar o relançamento da Alemanha como um grande motor económico da Europa”.  “A minha perspetiva é que, quanto mais forte estiver a Alemanha, mais forte estaremos todos, e estará Portugal seguramente. Esta eleição tem o desafio de abrir um ciclo novo porque, como tem acontecido nos últimos anos, a estagnação da economia alemã acaba por afetar muito Portugal”, revelou.
O líder do PSD sublinhou que há “uma grande proximidade de pensamento político” e “(Friedrich Merz) está muito empenhado em convencer os alemães dos propósitos do seu projeto, que são muito similares aos nossos, o reforço da economia, o aumento da competitividade, a reindustrialização deste país que passa também pelos seus parceiros, e Portugal é um grande parceiro da Alemanha”.
“Temos todo o interesse em continuar a exportar para a Alemanha e continuar a acolher investimento alemão em Portugal”, salientou.
Neste encontro, que contou com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, teve como anfitrião Friedrich Merz, líder da CDU e candidato a chanceler, Luís Montenegro subscreveu a posição dos líderes do PPE, que consideram que as instituições europeias devem ter uma “nova mentalidade”, para gerar “mais crescimento e emprego”, “aumentar a competitividade, através da redução da burocracia e da regulamentação excessiva”. 
“Se quisermos que a UE crie crescimento e empregos, não só a Comissão Europeia, mas também o Parlamento Europeu, o Conselho e as autoridades nacionais e locais precisam de mostrar autocontrolo em relação a qualquer nova regulamentação. Isso requer uma nova mentalidade. Nem toda boa ideia precisa ser transformada em lei – a UE deve concentrar-se nas grandes questões, em vez de regulamentar todas as áreas da vida das pessoas. Este é o caminho a seguir para garantir que a história de sucesso da UE das últimas décadas continue a ser um sucesso no futuro”, refere o PPE no documento final. 
Em concreto, o PPE entende que, tal como decorre do Relatório Draghi, continuamos a criar “encargos regulatórios às empresas europeias, que são especialmente dispendiosos para as PME e autodestrutivos para as empresas dos setores digitais. Mais da metade da PME europeias sinalizam obstáculos regulatórios e o fardo administrativo como o maior desafio. A regulamentação pode trazer benefícios para as empresas, por meio da harmonização de regras nacionais divergentes ou por regras técnicas que estabelecem como uma estrutura legislativa deve ser implementada na prática em toda a UE. No entanto, isso também pode acarretar inúmeras obrigações e encargos adicionais para as empresas, com um efeito cumulativo ao longo do tempo”, sublinha o PPE. 
Nesse sentido, o líder do PSD e o PPE acolhem, “com satisfação, iniciativas da Comissão Europeia que visam reduzir a carga administrativa” e da regulamentação, seja na economia como na agricultura e nas florestas. 
No domínio da defesa, os líderes da principal família europeia advogam a simplificação e agilização do desenvolvimento militar e da aquisição de equipamentos no espírito de um verdadeiro mercado único para equipamentos de defesa. 
No plano ambiental, o PPE reafirma as “metas climáticas ambiciosas e políticas” da União Europeia, em articulação com o bem-estar dos cidadãos europeus. “Ao implementá-las, devemos garantir que elas não levem à desindustrialização. Se a política climática se tornar um obstáculo à competitividade e ao crescimento, ela não apenas deixará de ter o apoio dos cidadãos europeus, mas também correrá o risco de aumentar as emissões globais porque os produtos serão produzidos noutras regiões do mundo com emissões mais altas. A disponibilidade de energia acessível e distribuível é uma pré-condição crucial para o crescimento e os empregos. Hoje, as empresas da UE enfrentam preços de eletricidade 2 a 3 vezes maiores do que nos EUA, ao passo que os preços do gás natural são 4 a 5 vezes maiores. Portanto, precisamos alavancar todas as soluções de energia disponíveis por meio de uma abordagem neutra em termos de tecnologia que inclua energias renováveis, nuclear, hidrogénio, bioenergia e captura, utilização e armazenamento de carbono”, declarou o PPE.
Luís Montenegro reafirmou o empenho em continuar o apoio económico-financeiro, político e humanitário à Ucrânia, admitindo que o XXIV Governo está a cumprir os compromissos que assumiu.
O Presidente do PSD subscreveu todas as prioridades definidas pelo PPE para o corrente ano. 

10 prioridades do PPE para 2025
- Aumentar a competitividade, combater a imigração ilegal e promover a segurança; 
- Reduzir a burocracia e a regulamentação para garantir que a Europa recupere a sua força económica e se mantém como uma potência global forte;
- Desenvolver um acordo industrial competitivo e limpo, fortalecer o mercado único como o pilar de sustentação do poder económico, e reforçar o papel da Europa como continente líder no comércio mundial;
- Apoiar os agricultores e pescadores europeus;
- Assegurar um ponto de viragem na redução da migração irregular e acabar de forma decisiva com o modelo de negócio das redes ilegais de imigração, através de quadros de legalidades e, no plano prático, do fortalecimento do Pacto do Mediterrâneo, e do reforço do número de funcionários da Frontex, dotando-os com mais equipamentos;
- Tornar a segurança europeia uma prioridade fundamental, através de “uma verdadeira União Europeia da Defesa”, não esquecendo que “a Europa está sob ataque”, pelo que “os crimes de guerra de Putin na Ucrânia, as campanhas de desinformação de autocratas estrangeiros, os ataques terroristas, o crime organizado e a guerra híbrida nas nossas fronteiras, todos eles têm um objetivo: destruir o modo de vida europeu”;
- Lançar uma ação europeia contra o crime organizado e uma estratégia de tolerância zero em relação à violência e aos crimes contra crianças;
- Reforçar a segurança social e sanitária na Europa;
- Desenvolver políticas eficazes contra desastres naturais;
- Pugnar pelo compromisso de unificação do Chipre, impasse que só será superado através de negociações, “para acabar com a ocupação de 51 anos” e combater a “retórica divisionista inaceitável da Turquia para uma solução de dois estados”, que “nunca será aceite pela Europa e pela comunidade internacional”.