Rui Rio: “Governo não tem mais respostas para dar” sobre Tancos

10 de setembro de 2018
PSD

No encerramento da Universidade de Verão, este domingo, o Presidente do PSD defendeu que o país tem de exigir ao Ministério Público que rapidamente faça a “acusação correta” no caso de Tancos. O furto de armas do paiol militar, ocorrido há mais de um ano, mostra, segundo Rui Rio, a “degradação dos serviços públicos”, que se estende também à saúde e aos transportes públicos.
“Politicamente está provado que o Governo foi incapaz e não tem respostas para dar, é incapaz nesta matéria, ponto final parágrafo. Podemos e devemos continuar a perguntar, mas eles não vão responder porque não sabem mesmo”, afirmou.
De acordo com Rui Rio, “o país tem de exigir” as respostas do ponto de vista judicial e apelou ao Ministério Público, para que “faça rapidamente a investigação e diga o que se passou”. “Porque há coisas muito mais complicadas de investigar do que isto e já vai para lá do tempo, eu não disse tudo o que sei. Não há meio de vir a público a acusação correta, que deve ser feita para que o país saiba da irresponsabilidade política, para responsabilizar quem verdadeiramente fez o que fez e quem está por trás de tudo isso”, afirmou.
Dizendo que o caso pode “ser muito mais complexo” do que parece à primeira vista, Rui Rio descreveu o roubo de material de guerra em Tancos da seguinte forma: “Afinal, em Portugal consegue-se roubar material militar da mesma forma que se consegue entrar num jardim para roubar umas galinhas”, criticou, lembrando as incoerências ao longo do último ano sobre o material roubado e as divergências no processo entre a Polícia Judiciária Militar e a Polícia Judiciária. Rui Rio recorreu a um célebre “sketch” humorístico de Raul Solnado sobre a ida à guerra para retratar a situação: “Os gatunos chegaram à guerra e estava fechada, aproveitaram para levar o que levaram”.

Degradação dos serviços públicos
Rui Rio apontou três vulnerabilidades evidentes do atual Governo: segue uma estratégia económica errada, faz promessas que não pode cumprir e não ataca a degradação contínua dos serviços públicos.
No capítulo económico, Rui Rio reiterou as críticas ao modelo de crescimento pelo consumo, considerando que se os problemas gerados por esta aposta “não têm uma dimensão de há sete ou oito anos” – período antes de Portugal pedir ajuda externa “é a mesma linha de rumo”.
Rui Rio voltou a confrontar o Governo com os problemas na saúde, onde considera existir além da falta de meios “um certo autismo”, da CP e até da TAP, questionando porque é que o Estado não intervém se lutou para manter a transportadora aérea maioritariamente pública.
“Por que é que não intervém para pôr a TAP a funcionar como deve ser, seja no país, seja na Madeira?”, questionou.
O Presidente do PSD aflorou o diferendo entre o Governo e os professores, acusando o executivo de ter prometido “o que sabia de antemão que não podia dar”, mas preferiu centrar o grosso do seu discurso nos jovens que tinha à sua frente, eventuais futuros políticos sociais-democratas.
“Renunciem sempre a uma prática muito comum que é o taticismo: quando vocês discordarem, discordem, quando concordarem, concordem, de forma genuína e séria, sem táticas, senão não mudamos nada na política”, apelou.
O Presidente do PSD considera também preocupante o “endividamento crescente das famílias” em Portugal e pediu que, “no momento certo”, o Banco de Portugal (BdP) intervenha para que não se volte “a pôr o carro à frente dos bois”.
Para Rui Rio, “o endividamento crescente das famílias” é um sinal de alerta que “ainda nem vem nos jornais”, e “que ainda pode emendar-se”, mas pediu atenção ao Governo, à banca e ao Banco de Portugal, “outro elemento que tem de aprender com erros do passado”.

Formação política é “absolutamente vital” para a democracia
O Presidente do PSD defendeu que a formação política – de jovens e menos jovens – é “absolutamente vital” e recordou que, há vinte anos, defendeu isolado num grupo de trabalho parlamentar sobre financiamento partidário verbas para esse efeito inscritas na lei.
A ideia, explicou, não avançou porque “os outros tiveram medo de títulos de jornais”, e aproveitou este exemplo para defender a sua visão sobre a relação entre partidos e comunicação social.
“Na política temos de estar em nome do serviço público e nos órgãos de comunicação social é mais das vendas e do lucro. Têm de vender se não fecham, são objetivos poucas vezes conciliáveis”, afirmou, dizendo não se tratar de uma crítica.
Rui Rio defendeu que veio para a política para “fazer diferente” e quebrar “com o politicamente e mediaticamente correto”, e justificou, em nome do interessa nacional, os acordos já assinados entre o PSD liderado por si e o Governo.
“Quem está fechado nos corredores da política, do parlamento, dos partidos, da comunicação social, tem de perceber que lá fora falam uma linguagem diferente. Lá fora não querem que eu seja contra os outros, querem que seja a favor do país”, explicou.