Rui Rio: “encenação eleitoral do Primeiro-Ministro”, que procura demarcar-se dos parceiros da esquerda

24 de maio de 2019
PSD

Num jantar-comício em Oeiras, esta quinta-feira, Rui Rio acusou o Primeiro-Ministro de “encenação eleitoral” para “conquistar o voto dos moderados”. Para o Presidente do PSD, o secretário-geral do PS tem procurado nos últimos dias demarcar-se do PCP e do BE, mas com os quais contou na atual maioria parlamentar. “É o PS a tentar conquistar os votos dos moderados, dando a entender que não quer nada com o PCP e o BE, mas depois nas legislativas, se disso precisarem, todos temos a certeza que deitam a zanga ao caixote do lixo e vão lá à roda dos enjeitados buscar outra vez a 'geringonça' para garantir o poder, mesmo que não ganhem as eleições”, disse.

O PSD, explica Rui Rio, “não pactua” nem com a extrema-direita nem com a extrema-esquerda que “fazem perigar o projeto europeu”, mas o PS, “quando lhe dá jeito, alinha seguramente”.

Rui Rio considera que os socialistas estão a enganar os cidadãos. “É bom que não tentem burlar as pessoas, até porque, há dois dias, ouvimos o ministro Pedro Nuno Santos num comício do PS, que mais parecia que estava num comício do Bloco de Esquerda, por aquilo que lá disse e pela pouca gente que tinha à sua frente”, afirmou.

Rui Rio defende que, para a prossecução do “projeto europeu” e para uma Europa de paz, é preciso “votar em partidos moderados” e o PSD “é de longe o partido mais moderado que temos em Portugal”. Rui Rio lembra que o PSD, por fazer parte do Partido Popular Europeu (PPE), “tem uma capacidade de influência superior” à do Partido Socialista Europeu (PSE).

Num apelo contra a abstenção, Rui Rio afirma que a vida dos portugueses é cada vez mais condicionada pelas decisões das instituições europeias, e que é “preciso contrariar a abstenção que em eleições europeias é demasiado elevada”.

Durante o discurso, Rui Rio lembra que a carga fiscal “nunca foi tão elevada” e que o investimento público nunca esteve tão baixo “nem nos tempos da 'troika'”. “O PS é forte com os fracos e fraco com os fortes”, apontou, destacando em particular o “caos administrativo” na Segurança Social, que “não é capaz” de assegurar que quem se reforma recebe a pensão, sem ter de esperar meses por esse direito.

Francisco Pinto Balsemão: o PSD tem a “melhor lista para o Parlamento Europeu”

Rui Rio divulgou uma mensagem enviada pelo militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão, ausente da campanha por razões de saúde. “Eu, no domingo, vou votar. E vou votar no PSD! Votar, no domingo, é dar força, é dar legitimidade à União Europeia. Uma União Europeia na qual acreditamos e da qual precisamos”, expressou Rui Rio, em nome do antigo Presidente do PSD.

Para o fundador do PSD, votar nos social-democratas é “votar no partido português que melhor contribui e contribuirá” para avanços na União Económica e Financeira e com a União Política, e para “um modelo social europeu justo e solidário”. “Votar no PSD, no domingo, é votar na melhor lista para o Parlamento Europeu, é votar nos deputados mais competentes para a construção de uma Europa forte, capaz de rivalizar com os blocos americano, chinês ou russo. É essa a Europa que temos a obrigação de legar aos nossos filhos e netos”, alerta Francisco Pinto Balsemão.

Paulo Rangel: Governo tem “ímpeto controleiro” sobre o Banco de Portugal

Antes, o cabeça de lista do PSD acusou o Governo de “ímpeto controleiro” sobre a banca e as instituições independentes como o Banco de Portugal, referindo-se às críticas do Banco Central Europeu (BCE) sobre a proposta do Governo em matéria de supervisão financeira. “Não estou a falar neste ímpeto controleiro por acaso. Se nós olharmos aquilo que é a maior vergonha, o maior escândalo, o caso Berardo (…), na altura do Governo Sócrates era o mesmo ímpeto de controlo da banca”, apontou.

Paulo Rangel adverte que “se os portugueses não querem que haja mais casos Berardos, se não querem que haja interferência na independência e na autonomia do Banco de Portugal (BdP) não podem votar no PS, não podem votar em António Costa”.

O BCE fez várias críticas à proposta de lei do Governo para a supervisão financeira, referindo incompatibilidades com o sistema europeu de bancos centrais, aumento de pressão política e pouca clareza na proposta.

Paulo Rangel recorreu ainda a uma imagem de um comício do secretário-geral do PS, António Costa, transmitida na quarta-feira nas estações de televisão. “Estava a dizer uma coisa que me intrigou, de uma forma nervosa, até um pouco esganiçada diria: ‘Temos de voltar a ganhar as eleições’. A pergunta que faço é: quais foram as eleições que ganhou António Costa?”, interrogou.

O eurodeputado sublinha que “não é por birra, não é por teimosia” que pretende que o PS perca as eleições. “É mau para o País, para a representação de Portugal na Europa, mau para a Europa que o PS e António Costa pudessem ter um bom resultado no dia 26”, sintetizou.