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Na mensagem de Natal aos portugueses, o primeiro-ministro repetiu “palavras que, infelizmente, não se têm traduzido em atos”, como a promessa de investimento de 800 milhões de euros para corrigir a suborçamentação do Serviço Nacional de Saúde, quantia que Ricardo Baptista Leite explicou não chegar “para pagar as dívidas vencidas”.
“Temos hospitais a acumularem dívida na ordem de dois milhões de euros por dia, temos listas de espera a crescer para consultas e cirurgias e, para exames complementares, só sabemos os relatos dos doentes” por falta de dados oficiais, descreve o deputado e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. “Até doentes oncológicos à espera de uma ressonância magnética e de uma TAC muitas vezes com meses, senão anos” existem no SNS. Mas a mensagem de Natal do primeiro-ministro não passou de “promessas para o ano que vem”.
Já no Orçamento do Estado para 2019, “em ano eleitoral”, o Governo tinha prometido “uma série de reforços em termos de saúde”, apontou Ricardo Baptista Leite. “Aquilo que se verifica, em outubro passado, é que já havia um défice face àquilo que tinha sido orçamentado superior a 500 milhões de euros”, recordou para questionar a nova promessa de António Costa. “Vem agora o senhor primeiro-ministro dizer que, para 2020, promete mais 800 milhões, comparando não aquilo que está a ser executado mas aquilo que foi orçamentado no ano passado?”
Incapaz de resolver os “problemas de financiamento e problemas de gestão”, António Costa deixa para trás promessas já feitas, continuando a haver mais de 700 mil pessoas sem médico de família atribuído. “Esperávamos” que o primeiro-ministro tivesse sublinhado a promessa da ministra da Saúde “de garantir que todos os portugueses em listas de espera para consultas e cirurgias” há mais de ano vejam essa situação resolvida até ao final de 2019, acrescentou.
Primeiro-ministro fala em unidade sem doentes
“Vivemos, neste momento, uma situação de caos em muitos serviços de urgência deste país”, apontou ainda, lamentando que o primeiro-ministro tenha escolhido “um centro de saúde sem doentes” para se dirigir ao País. “Podia ter escolhido um dos muitos serviços de urgência em que agora que estamos a atingir o pico da gripe” e que não conseguem dar-lhe resposta.
Mas as palavras do primeiro-ministro “não passam de propaganda”, além de ignorarem as dificuldades sentidas pelos profissionais do Serviço Nacional de Saúde. “Temos médicos a assinarem termos de escusa de responsabilidade a dizerem ‘nós não temos condições mínimas para tratar os doentes’”, notou ainda o vice-presidente do Grupo Parlamentar.