Pedro Passos Coelho desafia primeiro-ministro a discutir reformas que tragam futuro

20 de maio de 2017
PSD

Ao contrário do PS, o PSD não encara as campanhas eleitorais como momentos em que os portugueses são espectadores que é preciso entreter

O PSD quer que o crescimento dure e não se esfume quando os sinais da conjuntura passarem. E para isso é preciso uma agenda reformista.

 

 

Foi na convenção autárquica distrital do PSD de Lisboa que o presidente do PSD deixou um desafio ao primeiro-ministro: discutir as reformas que são importantes para o País.

Referindo-se, por exemplo, à anunciada integração dos precários na Administração Pública, o líder do social-democrata anunciou ser necessário discutir como vai ser o futuro da própria Administração Pública para que essa integração tenha lugar. “Quais são as áreas que precisam de mais gente? É muito importante tratar da reforma do Estado. É preciso fazer esta discussão, mas com coragem”.

No entanto, quem olha para o atual Governo, não “os vê fazer nada, só adiam o problema. Se queremos ter boa governação, temos de olhar para o futuro, não apenas para o dia-a-dia. A pessoa é o centro da ação política. É preciso motivá-las e agradá-las, mas também ir mantendo ambição com futuro, com equilíbrio. O País quer viver com tranquilidade e dignidade”, afirmou Pedro Passos Coelho.

Ainda ontem ouvi António Costa, na qualidade de secretário-geral do Partido Socialista, dizer que esperava que tivéssemos uma campanha animada. É esta a expetativa que o secretário-geral do PS tem. Como se os políticos funcionassem como mestre-de-cerimónias para a festa da campanha. Queremos que a campanha possa ser disputada e vigorosa, a discutir problemas e confrontar propostas, com um espírito positivo, porque a campanha não é uma animação, os portugueses não são os espetadores que é preciso divertir, as pessoas merecem o nosso respeito. É esse respeito que queremos levar para estas eleições”, assegurou o líder da oposição.

 

Autárquicas: o PSD tem opções que respeitam o eleitorado e a história do PSD

O objetivo do PSD para as próximas autárquicas é conhecido: ganhar. E como grande partido que é, não se esperaria outro objetivo.

Não é fácil nem simples. Temos empenho e todo o caminho que fizemos foi correto, fizemos boas escolhas no País. Nem todas as eleições partem da mesma base, porque os combates não são todos iguais, mas são todos importantes. Não há um resultado definido à partida e partimos com ambição e humildade”, afirmou o Presidente do PSD.

Pedro Passos Coelho afirmou ainda não deixar de ser estranho “ouvir a ideia de que estávamos derrotados à partida, a nível nacional ou em câmaras mais emblemáticas. Tivemos um timing muito adequado e temos boas condições. Em todo o lado temos opções que respeitam o eleitorado e a história do PSD. Não nos propusemos a vergonhas ou embaraços, como outros que viram o apoio sacudido. Respeitamos os eleitores mas temos respeito por nós próprios”.

Nós estamos nestas eleições para as disputar e não para ver passar comboios”, reiterou. O PSD manterá a sua tradição social-democrata neste momento eleitoral: com um compromisso ético e de transparência, nunca desistindo e fazendo uma aposta forte.

Agora, podia estar a ser preparada um ciclo autárquico com mais ambição, se o Governo tivesse feito o seu trabalho atempadamente. No ano passado, aquando da discussão do PNR, e depois novamente na discussão do Orçamento de Estado, o PSD levou à discussão medidas concretas para que “os municípios, que têm competências técnicas, recebessem novas responsabilidades. Mas passado um ano e meio, o que se ouve é uma retórica sobre a descentralização. No fim do dia, depois da retórica e do chumbo das nossas medidas, ficou uma mão cheia de nada, e estamos agora em contrarrelógio a ouvir diversas entidades no Parlamento sobre o que o Governo ainda não fez, como estudos de detalhe”.

Espero que o PS passe da fase em que se deixa contentar com a retórica que faz, porque vamos perdendo a oportunidade para fazer algo diferente. Os nossos autarcas podiam começar em janeiro com competências e meios para que os cidadãos conhecessem um ciclo de maior proximidade e melhores soluções, mas o que agora podemos dizer é que estamos longe de isso poder acontecer, não por não termos insistido em tratar destas matérias. Mas acham-se auto suficientes, como quem não precisa das medidas dos outros”, disse.

Referindo-se, por exemplo, ao caso de Lisboa, o líder social-democrata afirmou que se assiste a uma deterioração dos serviços públicos de transporte, como a Carris e o Metro. O que temos hoje é “retórica, em que se prometem novos autocarros, mas que vão ser pagos com o dinheiro dos contribuintes”.

 

Portugal merece um futuro com mais geração de emprego, rendimento e combate às desigualdades de forma duradoura

Muitos dos esforços que fizemos ao longo dos últimos anos foram coroados de êxitos, e isso é visível. Foi pena que em 2016 se tivesse perdido tempo, porque abrandámos o crescimento. Mas agora que pensamos que 2017 pode trazer o que já teríamos alcançado se não tivesse havido esta alteração de Governo, está na altura de dizer que convém olhar para o ciclo todo e não apenas para cada trimestre”, afirmou o líder da oposição.

Não se pode estar fixado no imediato e no curto prazo, é preciso dar uma garantia de confiança no futuro. Porque “as pessoas devem estar mobilizadas, temos de aproveitar os sinais bons, para que sintam que valeu a pena. Se queremos que os frutos possam ser ampliados, que se esteja num patamar diferente, se queremos capitalizar a política do BCE, para gerar emprego, rendimento e combater as injustiças sociais de forma duradoura, se não queremos daqui a um ano estar de regresso a crescimentos modestos, como as instituições apontam, se queremos um efeito permanente, temos de fazer mais qualquer coisa”.

O PSD quer que o crescimento dure e não se esfume quando os sinais da conjuntura passarem. E para isso é preciso uma agenda reformista, “para termos mais do que hoje. Senão teremos resultados que nos colocam abaixo do que ambicionamos”.

Agora que tudo indica que Portugal pode sair do Procedimento por Défices Excessivos, “é importante não esquecer que já aconteceu no passado e não vai ser a primeira vez que vamos sair. Se não queremos voltar a esta situação, temos de ter ambição no futuro. É preciso olhar para os portugueses não como ativos eleitorais mas como pessoas que querem confiança no futuro. Não podemos andar numa espécie de leilão e ver quem dá mais. Temos de discutir o que é preciso fazer para termos mais. Mas a agenda reformista não consta da semana nem do horizonte mensal ou anual do Governo, e é pena que isto aconteça assim”, concluiu Pedro Passos Coelho.