Os primeiros dois anos deste ciclo governativo foram perdidos

20 de março de 2017
PSD

Foi durante um almoço-debate do Fórum Administradores Empresas que o Presidente do PSD afirmou que os dois primeiros anos deste novo ciclo político e governativo são anos perdidos. Sabemos isso porque “2016 foi um ano perdido e dado que nada de fundamental se alterou para 2017, este ano acabará mais ou menos nos mesmos termos”. 

São dois anos “com mais dívida pública, mais endividamento do Estado, com as mesmas debilidades, sem uma resposta preparada para as atacar. Isso significa que numa linha temporal em que tínhamos alinhadas vantagens quer na política monetária do BCE, quer nos custos que a maior parte das empresas enfrentam, no período em que se podia ter aproveitado para desendividar e colocar mais a salvo as instituições da sociedade civil, se desperdiçou essa possibilidade. Deitar dois anos fora nesta linha de tempo pode ser crítico”, afirmou Pedro Passos Coelho.

Para crescer, Portugal precisava de ser muito mais produtivo, de ter uma economia mais competitiva e mais aberta. “Não seremos nada disto se não soubermos atrair capital, e para isso é preciso políticas muito objetivas. Precisamos de acrescentar mais valor e inovação. E, sem isto, as nossas empresas não serão mais competitivas. São precisas mais reformas, para atacar os problemas”, referiu o líder social-democrata.

No entanto, para Pedro Passos Coelho, tem havido uma “disfunção entre o que é a retórica política, geradora de ilusões em muitas debilidades, e o desempenho particularmente medíocre dos instrumentos que temos tido ao nosso alcance. A persistência do baixo crescimento está a tornar mais relevantes os desequilíbrios que existem na sociedade, quer foquemos a atenção no sistema bancário, quer na Segurança Social. Temos, depois de todo este tempo, falta de capital, de poupança, instituições demasiado endividadas. As restrições financeiras que se impõem sobre o Estado são iludidas para não dar às pessoas a ideia de que se está a enfrentar restrições. Mudam-se os termos da distribuição dos sacrifícios que são feitos para assegurar o resultado, esperando que, com isso, as pessoas acreditem que os problemas não existem. Isso tem conduzido a que a abordagem seja errada e arriscada”.

 

Governo pressiona dificuldades do sistema financeiro, como o crédito malparado

Hoje, o nível de crédito malparado na banca é maior do que era há um ano, porque a economia cresceu menos. E quanto menos a economia cresce, mais as empresas têm dificuldade em assegurar os seus compromissos.

O Presidente do PSD afirmou que “o Estado faria muito para ajudar quer o sistema bancário, quer os que estão endividados a poderem uns cumprir as suas obrigações e os outros a libertarem mais capital para emprestar à economia, se a abordagem de política económica fosse mais amiga do crescimento. Se estivéssemos a crescer mais, estes problemas tenderiam a esbater-se”.

Quando o PSD estava no Governo, que foram os quatro anos de maior impacto deste problema, “conseguimos ver um nível de desendividamento privado a acontecer a um ritmo superior ao do público. Mesmo assim, o nível de dívida é muito elevado e penaliza o crescimento. Quando iniciámos o caminho da recuperação financeira, calculámos que teríamos necessidade entre 40 a 50 mil milhões de euros para poder imunizar o sistema bancário de todos os riscos mais relevantes. O país não dispunha desse dinheiro, e se houvesse há pelo menos três ou quatro anos que se diria que a nossa dívida era insustentável, e a Europa teria uma segunda Grécia”.

O sistema bancário deve limpar as imparidades com o mesmo processo levado a cabo durante o governo social-democrata, que é “viável”. “Há quem pense de outra maneira e imponha custos demasiados a todos para que o problema se possa resolver”, acrescentou o líder social-democrata.

Como o problema existe, faz sentido que o custo possa ser diluído, com a maior justiça possível. Dizer que, milagrosamente, o problema se vai resolver porque na Europa alguém vai arranjar maneira de resolver o problema do malparado é a mesma conversa da carochinha e conversa de cordel para os processos de reestruturação da dívida. É achar que alguém paga por nós, e isso não existe. Seremos surpreendidos de forma negativa com as consequências de termos adotado uma estratégia errada. O custo que está associado a fazer de conta é incomportável. Seria uma boa abordagem partir do princípio que esse problema não nos vai ser resolvido por ninguém. Que temos de ser nós a resolvê-lo, de acordo com as nossas possibilidades e linha de tempo”, defendeu o líder da oposição.