Governo interrompe a descentralização para as autarquias

16 de março de 2017
PSD

“Tenho de reconhecer que tenho encontrado mais boa vontade do atual governo do que dos dois governos socialistas anteriores”. Confissão de António Costa, durante o Governo de Pedro Passos Coelho e enquanto presidente da Câmara de Lisboa. Costa referia-se ao impulso descentralizador na anterior legislatura, numa perspetiva reformista, para alcançar maior coesão social, económica. Tudo isto foi interrompido.

Mas, o Parlamento debateu hoje quatro iniciativas legislativas do PSD que visam a descentralização de competências para os municípios, entidades intermunicipais e freguesias no âmbito da educação, saúde, ação social, gestão territorial, gestão florestal, gestão da orla costeira, medicina veterinária, saúde animal e segurança alimentar.

Berta Cabral, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, lembrou o impulso descentralizador do governo de Pedro Passos Coelho, com avanços que foram, aliás, reconhecidos pelo atual primeiro-ministro, quando exercia funções de presidente da maior autarquia do país.

PSD Propõe: comissão sobre descentralização

Porque os “autarcas têm de conhecer qual o quadro legal e quais as competências que vão exercer”, o PSD propõe a constituição de uma Comissão Parlamentar Eventual para, em 90 dias, tratar o processo da descentralização de competências nos municípios, nas freguesias e nas entidades intermunicipais.

A ideia é, em três meses, concluir o trabalho na especialidade da lei, de modo “a entrar em vigor depois das eleições deste ano”.

Reforço de competências – para estar próximo das pessoas

O trabalho feito pelo anterior governo, quanto à descentralização de um conjunto de competências relevantes para as autarquias locais tem de ser retomado a todo o universo autárquico.

Na educação e saúde, o PSD defende um aumento de competências das autarquias em matérias de infraestruturas (equipamentos, incluindo a construção, a requalificação, a manutenção, a conservação, a segurança, a vigilância e a aquisição e gestão de equipamentos, mobiliário e economato das escolas) e o recrutamento, gestão, formação e avaliação do desempenho do pessoal não docente.

No plano social, o PSD pretende reforçar a Rede Local de Intervenção Social (RLIS) com Entidades do Setor Social e Solidário. O objectivo é conseguir maior eficácia na intervenção junto das pessoas por parte dos municípios, freguesias e serviços locais da segurança social.

Assim, pretende-se transferir para os municípios o atendimento e acompanhamento de apoio social e o atendimento informativo ou apoio prestacional, sem afetar a contratualização, cooperação, acompanhamento e fiscalização ao nível da ação social que continuam a ser acompanhadas e fiscalizadas pelo Instituto de Segurança Social.

Na saúde, o PSD pretende o reforço nos cuidados de saúde primários na gestão das infraestruturas dos agrupamentos de centros de saúde, na aquisição e gestão de equipamentos, mobiliário, economato e no recrutamento, gestão e formação dos assistentes técnicos e assistentes operacionais.

Quanto à gestão florestal e da orla costeira visa-se uma participação mais direta no âmbito dos instrumentos de gestão territorial e de gestão de equipamentos.

“Descentralizar não é chutar competências incómodas”

Emília Santos, deputada do PSD, criticou a proposta do executivo em querer transferir para os municípios a responsabilidade da avaliação dos imóveis para efeitos de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). “Descentralizar competências é um acto de inteligência do Estado. Descentralizar não é chutar competências que são incómodas”, referiu a deputada.

Emília Santos reitera que o compromisso de responsabilidade do PSD é para com as comunidades locais. “O PSD tem legitimidade como património para erguer a bandeira da descentralização. É o país e os portugueses que pedem ao Estado que tenha presente as suas funções”, declarou a deputada.

O Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) recusou, numa decisão unânime, a proposta do Governo para que sejam as câmaras a assumir a responsabilidade de avaliar as casas.

Não contem que passaremos cheques em branco ao Governo”, afirmou a deputada.