Fact check à realidade alternativa de António Costa

9 de março de 2017
PSD

O primeiro-ministro regozija-se com resultados que ficam muito aquém das suas promessas. Esta quarta-feira, no Parlamento, António Costa apresentou os números que sustentam a sua ilusão. Que números são estes e o que revelam sobre o estado do País?

 

“No quarto trimestre de 2016, Portugal registou um crescimento homólogo de 2%…”

Manipulador. O número escolhido pelo primeiro-ministro corresponde ao crescimento trimestral da economia, homólogo, e a uma evolução que já tinha sucedido no terceiro trimestre de 2013. António Costa evita referir o crescimento anual da economia, que ficou pelos 1,4%, em 2016, longe dos 2,4% inicialmente prometidos por Mário Centeno para as eleições e abaixo dos 1,6% de 2015.

 

“…a taxa de desemprego baixou em dezembro de 2016 para 10,2%...”

Manipulador. Com dados já apurados, o INE divulgou a taxa de desemprego de 2016: 11,1%, o que representa uma redução de 1,3 pontos face a 2015. O chefe do Governo fala de uma taxa mensal, que é mais volátil.

 

“…com uma criação líquida de 118.000 postos de trabalho durante o ano de 2016.”

Falso. Não é verdade. Os dados anuais do INE – publicados em fevereiro de 2017 – indicam que a população empregada aumentou 56,5 mil, no ano passado. A economia continua a criar mais postos de trabalho, felizmente, mas uma parte considerável do emprego gerado em 2016 é ainda um eco de decisões e da contínua atividade de 2015. Nesse ano, a criação de emprego chegou a 49,2 mil postos de trabalho.

O primeiro-ministro referia-se a dados trimestrais, não anuais.

 

 “…os últimos dados confirmam a recuperação do investimento, que cresceu 4,6% no último trimestre.”

Falso. De acordo com o INE, o investimento caiu 0,9% em 2016, face a 2015. O crescimento homólogo em 2015 foi de 4,6%.

O investimento em máquinas aumentou 1,4%, quando em 2015 tinha crescido 6%.

Com um investimento abaixo de 1%, o primeiro-ministro referiu-se a 4,6%, ignorando que este número diz respeito à passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre do ano passado. Um avaliação trimestral que, mais uma vez, está sujeita a variações.

 

“As exportações continuam a dar claros sinais de recuperação, com um crescimento de 4,4% no conjunto do ano, com uma clara aceleração na segunda metade do ano, registando no último trimestre de 2016 um crescimento homólogo de 6,4%...”

Falso. A recuperação das exportações iniciou-se durante o governo liderado pelo PSD. Basta olhar para 2015, quando as exportações de bens e serviços cresceram 6,1%. O ano passado registou uma subida das exportações de 4,2% (com os caças F16, venda negociada em 2013, a contribuírem para os 4,4%), por isso, aquém dos bons números que Portugal obteve nos últimos anos.

As exportações de serviços, onde se inclui o turismo, cresceu apenas 3,6%, em 2016, quando tinha subido 4,8%, em 2015. Também aqui o resultado de António Costa é o mais baixo dos últimos três anos.

 

“Tudo isto ao mesmo tempo que registaremos um défice orçamental em 2016 não superior a 2,1%, com um saldo primário superior a 2% do PIB.”

Manipulador. Com o seu orçamento inicial, o Governo não teria condições para atingir a meta do défice a que Portugal se comprometeu. Consciente dessa situação, António Costa recorreu a um conjunto de medidas extraordinárias. Desde o maior corte de investimento público de que há memória à cativação de despesas que deveriam ter chegado aos serviços públicos, sem esquecer o corte de bens adquiridos e os programas extraordinários de revisão de ativos de empresas e de perdão de dívidas ao Fisco e à Segurança Social. Um trajetória insustentável e um défice que não poderá continuar a recuar à medida de decisões extraordinárias.