Rui Rio: “estou a colaborar com o Governo de Portugal em nome de Portugal”

10 de abril de 2020
PSD

Rui Rio reafirma que o momento que Portugal atravessa não se compagina com “estados de alma” e o mais importante é a unidade de todos os portugueses para ultrapassarmos coletivamente esta crise. Rui Rio lembra que “um líder de oposição responsável não deve criar dificuldades ao Governo para não criar dificuldades ao País”.

Em entrevista à SIC, esta quinta-feira, o Presidente do PSD precisou que “está a cooperar com o Governo em nome de Portugal”, porque o País “está em primeiro”. Rui Rio deixou claro que o PSD não vai “vender as suas ideias ao desbarato”, mas norteará a sua atuação sempre pelo sentido de responsabilidade, devido à crise do novo coronavírus. “Vamos ser críticos, mas vamos ter uma latitude muito grande. Eu não estou a cooperar com o PS, eu estou a cooperar com o Governo de Portugal em nome de Portugal”, concretizou.

Como exemplo desta postura, Rui Rio lembrou que na sessão plenária da Assembleia da República de quarta-feira, “o Partido Socialista votou contra tudo aquilo que o PSD propôs” e “votou com a esquerda muita coisa”. “Acha que eu vinha para aqui desatar a atacar o PS e o Governo com estados de alma? Isto não é para estados de alma, é para olhar para o interesse nacional. Eu não vou abandonar o interesse nacional e a colaboração enquanto isto durar”, assegurou.

Sobre a questão da necessidade de um “governo de salvação nacional”, o Presidente do PSD explicou que o Executivo que estiver em funções depois, da crise provocada pela pandemia, terá de possuir estas características, porque Portugal “vai ficar numa situação económica tão difícil que a lógica de governação a seguir é uma lógica de salvação nacional”.

No capítulo económico-social, Rui Rio alertou para as incertezas das consequências da presente crise sanitária, pelo que “aquilo que é mais inteligente, com mais bom senso, é não tentar desenhar cenários que nós não temos noção nenhuma de como vão ser”.

Rui Rio admitiu que o PSD está disponível para “viabilizar um orçamento suplementar”, mas isso não quer dizer que o PSD irá “aprovar tudo o que for apresentado”.

Só com um Estado com “um papel muito forte” será possível superar obstáculos, desde logo porque as próximas execuções orçamentais irão estar muito condicionadas pelo momento que estamos a viver.

Rui Rio antevê a necessidade da “renovação do estado de emergência” já na próxima semana, e encara como “sensata” a abertura do ano letivo para os alunos do 11.º e 12.º ano. No cômputo geral, além de salvaguardar a saúde pública, Rui Rio sublinha que é fundamental que as medidas a tomar na educação garantam a avaliação mínima para que os alunos progridam com mérito. “Se houver as passagens administrativas que houve a seguir ao 25 de Abril, nós estaremos a penhorar muito o futuro dos jovens. Não vai ter o rigor do costume, mas tem de haver alguma avaliação”, disse.

Num comentário ao acordo alcançado pelo Eurogrupo sobre um pacote de resposta de 500 mil milhões de euros disponíveis imediatamente para acudir à crise, Rui Rio espera, antes de mais, que a Europa saiba encontrar soluções “para se financiar como um todo”, em particular os países com mais dificuldades, devido à pandemia, sob pena de se agravarem ainda mais as desigualdades.

O Presidente do PSD defende que “aquilo que é preciso é que haja neste momento financiamento às economias da União Europeia”. “Se não houver por via da União Europeia, um país como Portugal, um país como a Itália, que têm níveis de dívida pública absolutamente brutais, se são largados no mercado, as taxas de juro sobem de uma forma brutal. (…) No caso português, que tem uma dívida pública alta, isso leva as taxas de juro para um patamar muito grande, se não for a Europa a segurar”, referiu, assinalando que este “é um elemento nevrálgico” para a Europa.