“Portugal fez um esforço estrutural muito maior do que a França”

15 de julho de 2016
PSD

Pedro Passos Coelho considera “incompreensível" a decisão de aplicar sanções a Portugal e ataca a Comissão Europeia (CE) pela dualidade de critérios demonstrada em relação às economias de Lisboa e Madrid, por oposição, a França.

"Portugal foi dos países que mais esforço estrutural fez, um esforço muito superior a França. Como é possível dizer que a França fez esforço efetivo quando o nosso foi muito superior? Há? qualquer coisa aqui que não é transparente.", afirma o Presidente do PSD, numa entrevista ao Diário de Notícias e TSF.

Com o esforço estrutural feito, "que foi dos mais significativos", Pedro Passos Coelho garante que o défice teria ficado nos 2,8%. Porém, em 2015, “houve uma retificação estatística que transformou uma melhoria numa degradação do esforço adicional - era o que era necessário para atingir o objetivo de médio prazo", assegura.

O líder do PSD acusa este governo de ter deixado que esse castigo acontecesse "por passividade", e declara que o atual executivo “tinha obrigação de ter discutido isso com a CE, mas nem tentou. Antes aceitou que este fosse o ponto de partida para 2016".

Um esforço estrutural que "foi dos mais significativos", uma alteração na forma de contabilizar o défice e a resolução de um banco (o Banif) são os argumentos objetivos que deveriam levar a que não se falasse sequer de sanções a Portugal. "O défice de 4,4% deve-se no essencial à resolução de um banco. Sem isso, Portugal não teria tido mais de 3% de défice. Então não devia haver sanções".

No decorrer da entrevista Pedro Passos Coelho salienta que "dizer que não houve esforço efetivo, que tivemos um saldo estrutural pior do que tínhamos registado apenas porque houve esta alteração estatística (e nenhuma alteração de política), toma a decisão da Comissão Europeia incompreensível. E é incompreensível porque só? pode acontecer com a passividade do governo português."

Com todos estes fatores ponderados, Pedro Passos Coelho considera que o processo das sanções "diz bastante da grande desorientação que existe em Bruxelas face a estas matérias e da prática seguida pelo atual governo", cuja retórica política diz ser "cínica".