Pedro Passos Coelho diz que maioria que suporta Governo tem visão europeia diferente

29 de janeiro de 2016
PSD

O Líder do Partido Social Democrata recordou hoje que a maioria parlamentar da qual depende o atual Governo não tem a mesma visão sobre a Europa, alertando para emergência dos "radicalismos populistas" que ameaçam o projeto europeu.

"É muito importante que o atual Governo saiba bem as escolhas que quer fazer no espaço europeu porque a maioria de que depende não tem a mesma visão que nós temos. Resta saber qual é aquela que o Governo quer realmente defender", disse Pedro Passos Coelho no Encerramento da Conferência Evocativa "30 Anos de Portugal na Europa", que hoje decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

O Líder Social-Democrata enfatizou a "emergência de populismos radicais ou radicalismos populistas, uns mais de extrema-esquerda, outros mais de extrema-direita e movimentos ditos soberanistas", que têm uma "visão anti-europeia e cujo objetivo é acabar com o Euro, com a União Económica e Monetária e com a Comissão Europeia e com as instituições europeias como elas hoje existem".

"Há quem esteja à espera em Espanha e em Portugal que os Governos, por fragilidade política de conjuntura, dependam do apoio desses radicalismos populistas para servirem essa estratégia de acabar com o Euro e com as instituições que hoje conhecemos na Europa", alertou.

Segundo Pedro Passos Coelho, "o poder de sedução de algumas correntes anti-europeistas e dos populismos radicais é muito maior em muitos países do que era há alguns anos".

"Aqueles que acham que não vale a pena incomodarem-se com este assunto por acharem que têm alguma supremacia moral a lidar com o problema podem ao final do dia estarem bem arrependidos de se terem feito demasiado distraídos", avisou ainda, num alerta implícito à liderança de António Costa.

Na opinião do Presidente do PSD, quando se olha para a situação nacional, é visível que "começa a crescer uma diferença sensível entre aquilo que é a representação que é feita destes partidos no espaço europeu, de representação política europeia parlamentar, e aquilo que são os objetivos mais ou menos assumidos pelas lideranças governamentais".

"Bem à frente dos nossos olhos se está a processar uma intensa e importante batalha política da qual fazemos parte. Convém que não sejamos instrumentalizados no meio desta batalha. Que a saibamos identificar e que possamos agir em acordo com os nossos valores e princípios", advertiu ainda.

Pedro Passos Coelho falou ainda do problema dos refugiados e das migrações, considerando que "a obrigação de ir ao encontro destes problemas não é uma obrigação estritamente europeia", e apesar de esta questão bater "mais à porta" do velho continente, as Nações Unidas e os EUA têm que ter uma atuação mais ativa.

"Até hoje tem sido muito insuficiente a forma como se tem lidado com este problema. As coisas não estão a funcionar e a Europa está impotente a lidar com este problema", lamentou.

O Presidente do PSD afirmou ainda que as últimas decisões da Dinamarca sobre os refugiados foram profundamente infelizes, esperando que este tema "possa merecer da parte do próximo Conselho Europeu uma reflexão séria", à qual espera que o Governo português se associe.