Governo provoca aumento do abandono escolar

9 de fevereiro de 2017
PSD

Em 2016, interrompeu-se a tendência de descida do número de alunos que deixam de estudar sem completar o secundário, registada na anterior legislatura. Dados divulgados esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística, INE, mostram que o abandono escolar precoce de educação e formação afectou 14% dos alunos, um aumento face aos 13,7% em 2015.

Este aumento no abandono escolar segue um ano de forte instabilidade nas escolas, na comunidade escolar, nos métodos de avaliação, e de desinvestimento, em 2016, no ensino profissionalizante.

O combate ao abandono escolar foi um dos grandes sucessos na Educação nos últimos anos. Desde que o Executivo de Pedro Passos Coelho tomou posse, bastaram três anos para que a taxa de abandono escolar caísse cerca de 10 p.p.. Quando o PSD deixou o governo, a taxa de abandono tinha recuado dos 23%, em 2011 para 13,7%, em 2015.

O ritmo a que a taxa de abandono escolar precoce se reduziu, até 2015, permitia que Portugal estivesse mais perto de atingir a meta dos 10% em 2020, compromisso assumido pelos países da União Europeia. Mas bastou um ano de mandato para que o atual governo aumentasse, pela primeira vez desde 2006, este indicador internacional de qualificação e colocasse Portugal mais longe do objetivo comunitário, em divergência com os parceiros europeus.

"A própria OCDE reconhece que Portugal foi um dos países que mais progrediu desde que este trabalho foi iniciado, em 2000, e em especial neste período de análise, ente 2012 e 2015, quer na área da leitura, quer na área da matemática, quer na área das ciências."
"Nós melhorámos significativamente em todos estes indicadores e isso deixa-me muito satisfeito e acho que deixará com certeza o atual Governo, bem como todos os portugueses bastante satisfeitos.” Pedro Passos Coelho.

 

Abandono, desemprego jovem e retenção: as confusões do primeiro-ministro

O PISA usa como critério a idade dos alunos (15 anos) e não o seu nível de escolaridade. Se é verdade que, em Portugal, a taxa de retenção é ainda elevada, há que destacar as melhorias registadas no mandato do governo de Pedro Passos Coelho.

Não é verdade que a retenção tenha aumentado nos anos do executivo anterior, como afirmou o atual primeiro-ministro no último debate quinzenal. Basta ver os dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC). No ensino básico, a taxa de retenção e desistência dos alunos caiu de 9,8% para os 7,8% registados no ano letivo de 2014/2015. No ensino secundário, além da melhoria significativa nas taxas de conclusão de todas as modalidades de ensino, registou-se então o valor mais baixo de retenção e desistência de sempre: 16,4%.

O perfil de qualificação da população residente melhorou. Aumentou a taxa de conclusão do ensino secundário. E a população com ensino superior subiu de 13,9% para 19,7%, de 2010 para 2014, com destaque para os diplomados entre os 30 e os 34 anos que passaram de 26,7% para 31,9% (de 2011 para 2015).

Mas as confusões do primeiro-ministro não ficaram por aqui. António Costa tentou justificar o aumento do abandono escolar precoce com a saída de jovens para o mercado de trabalho. O PSD, pela voz do líder parlamentar, Luís Montenegro, desmistificou a confusão do chefe do Governo: "O senhor primeiro-ministro disse que o desemprego juvenil baixou e o abandono escolar subiu. O que diz é que o desemprego aumenta quando os jovens vão estudar”.

Na verdade, é apenas o primeiro-ministro a não reconhecer a preocupante subida do abandono escolar. Até Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da Educação de José Sócrates, considerou hoje que a quebra da tendência de descida “é uma pena e é um alerta”.