Socialistas querem novo BPN

12 de janeiro de 2017
PSD

Governo e maioria têm fragilizado sistema financeiro. Nacionalizar o Novo Banco seria repetir erro do passado, diz Marco António Costa.

 

Quase nove anos depois da nacionalização do BPN, que já custou mais de cinco mil milhões aos portugueses, “os mesmos governantes socialistas parecem estar a tentar repor o filme da nacionalização de um banco”, afirmou Marco António Costa.

O vice-presidente do PSD apontou a incerteza que o Governo permite que esteja a ser criada em torno do Novo Banco, não esclarecendo a sua posição: a venda ou a nacionalização?

Seria um paradoxo o Governo querer mais um banco público, quando trata de forma tão desastrada o que já é seu”, acrescentou Marco António Costa, numa intervenção que lembrou a “novela vexatória” que tem sido a gestão da Caixa Geral de Depósitos.

O país não pode andar para trás e repetir erros tão graves”, rematou Marco António Costa, esta quinta-feira, no Parlamento, esclarecendo a posição do PSD: “Não contem connosco para aventuras ruinosas” nem “para repetir erros do passado”. Porque a nacionalização e posterior venda de um banco já foi experimentada com o BPN, com a oposição do PSD, lembrou o deputado, questionando sobre o impacto que uma tal operação teria no caso do Novo Banco, uma instituição de dimensão superior.

O social-democrata afirmou ainda que “Hoje, começa a ficar claro que o governo de esquerda e a maioria parlamentar que o suporta elegeu o sistema financeiro como instrumento de debate político para tentar diminuir os resultados que no passado foram alcançados pelo nosso governo e assim procurar arranjar, em antecipação, uma justificação para os seus insucessos governativos.

O PSD continuará a fiscalizar a ação do Governo, assegurou Marco António Costa, recomendando ao Executivo que atue com a discrição e eficácia que lhe têm faltado, no dossier do Novo Banco, para garantir “a salvaguarda dos contribuintes”. Porque “não é bom prenúncio” a forma quase pública como têm sido conduzidas as negociações.

 

“Governo não está a solucionar coisa nenhuma”

Em 14 meses de vida, o Governo não está a cumprir a promessa que fez e repetiu tantas vezes.

Afirmou estar a solucionar os problemas do setor financeiro”, mas “este governo não está a solucionar coisa nenhuma, pelo contrário”, reiterou Marco António Costa, antes de rever os falhanços de António Costa e Mário Centeno na área financeira.

Desde logo, a instabilidade provocada por “declarações contraditórias” dos membros do Governo e da maioria parlamentar, além da incapacidade do Governo em “garantir um consistente crescimento da economia”.

No que à Caixa Geral de Depósitos (CGD) diz respeito, Marco António Costa lembra a “inenarrável novela” em que foi transformada a gestão do banco público, com inegáveis custos de reputação para a instituição. Para Marco António Costa, Portugal tem assistido “incrédulo” a “sucessivas trapalhadas governamentais” e “tentativas silenciosas e furtivas de atropelo à lei, seguida de uma inédita discussão na praça pública repleta de recriminações mútuas entre governantes socialistas e administradores nomeados por esse Governo”. Tudo com o apoio irresponsável de PS, PCP, Bloco de Esquerda e Os Verdes.

E sobre o Banif, o social-democrata lembra que foi o próprio primeiro-ministro que anunciou a resolução do banco, que “resultou, até agora, num custo de 2,2 mil milhões para os contribuintes”, numa “consciente e deliberada venda de favor ao Santander”.

O social-democrata recordou que o Partido Socialista que tem utilizado o sistema financeiro como instrumento de debate político foi o mesmo que votou as conclusões da comissão parlamentar de inquérito ao desfecho do BES e GES. Conclusões muito claras, sublinha: “O BES desabou devido a erros de gestão” e “a resolução do BES foi uma decisão da exclusiva responsabilidade do Banco de Portugal”, considerada pela comissão de inquérito “como o menor dos males face ao leque de soluções disponíveis no início de agosto de 2014.

 

Governo força portugueses a pagar mais €400 milhões pela dívida

Se há um ano, o Governo beneficiava da confiança criada pelo Executivo de Pedro Passos Coelho, o que atraía taxas de juro inferiores, hoje, o país é obrigado a ir aos mercados pagando mais pela sua dívida. De facto, este governo “é incapaz de gerar confiança”, reiterou Marco António Costa.

O vice-presidente do PSD referia-se à emissão de dívida pública a 10 anos que, esta quarta-feira, atingiu a taxa de juro mais alta desde a saída da Troika, numa altura em que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças têm manifestado convicção de que as taxas exigidas pelos mercados vão diminuir.

Porém, Portugal paga hoje um juro “muito mais elevado do que nos era exigido há um ano, custando isso, adicionalmente, aos portugueses mais 400 milhões de euros”, criticou. “Estes são os factos, o resto são desculpas de quem não preparou o futuro”, rematou.