Pedro Passos Coelho alerta para falta de estratégia do Governo

23 de abril de 2016
PSD

O Presidente do PSD afirmou hoje que as perspetivas que o Governo apresentou com o Programa Nacional de Reformas e o Programa de Estabilidade não têm uma estratégia. "São um vazio que, dentro da tolerância democrática, não é tolerável."

Pedro Passos Coelho falava na 1ª edição das Conferências da Liberdade, em Santarém, e referiu-se ao atual Governo, afirmando que “não encontramos no Programa Nacional de Reformas uma estratégia clara de médio prazo que traduza uma vontade de fazer desenvolver o país num determinado sentido. Qual é a estratégia para os próximos anos? O que queremos ser, além de uma democracia e de uma economia social de mercado? O que queremos atrair? De que é que precisamos?”

Para o líder do PSD, é necessário que a estratégia de crescimento para Portugal ser uma economia com mais equilíbrio e justiça social assente em dois eixos fundamentais: o setor público e o setor privado. Só atraindo investimento externo Portugal poderá crescer mais do que o 1% ou 2% previstos com a atual ausência de estratégia do executivo socialista.

Sobre o Programa de Estabilidade, o líder social-democrata afirmou que este é “uma mistificação que ignora as condições de que partimos. Estão numa fuga em frente, sem olhar para a realidade, aumentando os riscos para a sociedade portuguesa”, alertando ainda que “este é um caminho perigoso, com uma cegueira já vista no passado, que não tem desculpa para ser repetida. Há um excesso de otimismo incapaz de ser alcançado”.

Pedro Passos Coelho reiterou que “as escolhas que nos são propostas são falsas escolhas, e tenho esperança que o governo possa refletir nos dados e escolher um outro caminho. Espero que no tempo que vai decorrer se faça um diálogo na Assembleia para que verdadeiras escolhas possam ser feitas e debatidas”. E para que as escolhas possam ser feitas, é necessário que o Governo deixe de lado o discurso populista e demagógico que tem vindo a ter.

Para o futuro, o Presidente do PSD afirmou que, se é certo que Portugal está muito longe da sociedade que era em 1974, também há ainda um caminho a percorrer para atingir uma sociedade cosmopolita e aberta que todos desejam, para a qual é preciso lutar todos os dias.

42 anos de democracia

A 1ª edição das Conferências da Liberdade assinalaram precisamente a importância dos valores democráticos em que a sociedade hoje vive. O Presidente do PSD afirmou que “é preciso reconhecer que os valores de liberdade precisam sempre de ser reafirmados e vividos de forma consistente, sendo projetados de forma corajosa contra o populismo. Torna-se pouco vulgar ouvir políticos reafirmarem valores importantes ligados à liberdade”. A democracia é, por isso mesmo, o mundo do respeito, da tolerância e da responsabilidade.

O líder do PSD destacou a importância da troca de opiniões, defendendo que esta não é sinal de crispação política: “crispação é quando o preconceito toma conta da lógica, quando as pessoas se insultam em vez de trocar opiniões. Os últimos anos foram anos com debates parlamentares com demasiadas caricaturas. Vivemos tempos de grandes dificuldades, mas todos tivemos confrontados com elas de acordo com o que era a nossa convicção.”

Pedro Passos Coelho reconheceu que, apesar do seu papel na oposição, o PSD continua a ser objeto de intolerância, afirmando que “não basta à maioria determinar a situação de governo, é preciso desqualificar a oposição”, alertando que tal “não é um sinal de amadurecimento da democracia”.

A opção democrática é muitas vezes sinónimo de opção de sistema de mercado. E por isso mesmo o líder social-democrata reafirmou que “é importante que em democracia as escolhas não sejam envergonhadas. Precisamos de responsabilidade financeira, de ética e de trabalho. Conhecem algum sistema superior à democracia? Conhecem algum sistema superior ao capitalismo e à economia social de mercado? A economia social de mercado como a democracia são escolhas que fazemos e só são consistentes se foram vividas e praticadas de forma plena. Creio que muitas vezes não acontece. Mas aproveito para tentar incentivar um aprofundamento da democracia e do sistema económico.”

Apesar da sociedade já ter evoluído muito, ainda há problemas aos quais é preciso dar resposta, como o problema demográfico. “Precisamos de ter mais gente que nos ajude a crescer mais. Precisamos de ter uma sociedade mais aberta que possa captar mais gente de fora. A opção é ter uma sociedade aberta, dinâmica e atractiva.”, disse. Para que a sociedade se possa desenvolver em pleno, é também necessário que se reforce a aposta nas qualificações.

É preciso ainda, de acordo com o Presidente do PSD, ter uma “economia mais produtiva, um sistema mais competitivo, com espaço para a inovação e investigação, onde haja o bom senso de não colocar as empresas em desequilíbrios perigosos e a economia numa posição de ter de se endividar mais. Este bom senso não é de esquerda nem de direita, é necessário.”

Sobre o papel do Estado, afirmou que é crucial que este seja mais libertador da sociedade civil e da economia. O Estado deve ser suficientemente forte para ser respeitado e para ser regulador deve respeitar a vida das famílias e das empresas. O líder do PSD reiterou que “o Estado tem sido uma força bloqueadora para o desenvolvimento, e é importante que deixe de o ser. É importante haver do Estado uma resposta rápida, mesmo que seja negativa.”

Pedro Passos Coelho concluiu dizendo que “a importância das nossas escolhas é a critica para o futuro. O meu sonho é que o país possa consolidar a recuperação que vinha realizando. Isso será positivo para todos nós.”