Governo faz truque eleitoralista com apoio alimentar

24 de janeiro de 2017
PSD

Depois de ter desperdiçado os 28 milhões de euros de fundos comunitários destinados ao apoio alimentar aos mais desfavorecidos em 2016, o governo socialista anuncia agora a extinção de muitas cantinas sociais, substituindo pela intensificação de um programa de entrega de cabazes. O executivo socialista esconde que esta solução – a entrega de cabazes – já existia até ao final de 2015; na verdade, o governo interrompeu o apoio alimentar comunitário durante o ano passado, mas agora, depois de inúmeras críticas do setor social, vai lançar novo programa, dentro de seis meses, a tempo da campanha eleitoral autárquica.

A criação da Rede Solidária de Cantinas Sociais – implementada pelo governo anterior – foi financiada pelo Programa de Emergência Alimentar como forma de garantir que todos os cidadãos mais desfavorecidos o acesso a refeições diárias, no período mais difícil da crise. A medida, com um orçamento inicial de 50 milhões de euros, foi construída em diálogo com a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e com a União de Misericórdias Portuguesas (UMP), num contexto de crise financeira, económica e social.
A rede de cantinas foi lançada como temporária e previa-se que terminasse em dezembro de 2014, quando estavam em funcionamento 845 unidades, que serviam 49 mil refeições diárias. O programa foi prolongado e, um ano depois, o número de refeições servidas caiu para 42 500. Algumas cantinas, já desnecessárias, foram encerradas.
Numa reavaliação da oferta e da procura do programa de cantinas sociais, o atual governo decidiu agora encerrar as cantinas e substitui-las por um regime de cabazes. Na essência, passam a ser distribuídos alimentos não confecionados.
Mas o Executivo anunciou o fecho das cantinas sem antes garantir se os beneficiários dos cabazes de alimentos têm, em casa, acesso a recursos, como água e luz, para os confecionar e acondicionar.
Segundo a secretária de Estado da Segurança Social, o novo programa estará em vigor dentro de seis meses. Fica a pergunta sobre a oportunidade política escolhida pelo Governo: os cabazes só chegarão aos portugueses quase dois anos após o Governo iniciar funções e a tempo de contribuir como mais uma medida eleitoralista para as autárquicas de 2017.
O Governo esconde informações vitais. Não está, por exemplo, esclarecido quem serão os beneficiados pelo novo programa. Não é sequer dito quantos foram os beneficiários da rede de cantinas sociais durante o anterior governo e como se compara esse número com a previsão de 60 mil pessoas que o atual executivo diz querer apoiar.
Em falta está ainda a explicação sobre como se procederá à distribuição de cabazes, se por via das instituições de solidariedade ou através do poder local, como as juntas de freguesia.

Governo paralisou apoio alimentar em 2016
O relatório que sustenta esta decisão do Governo fecha o seu horizonte temporal em novembro de 2015. Exclui, portanto, toda a ação da equipa do ministro Vieira da Silva em 2016. Uma ação que incluiu o desaproveitamento de 28 milhões de euros de verbas comunitárias, com origem no Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC) - fundo instituído pela Comissão Europeia em 2014 e que o governo do PSD/CDS/PP começou a executar, com o objetivos de reforçar a coesão social, contribuir para a redução da pobreza na União Europeia e apoiar a integração dos mais carenciados.
Um fundo que, nas mãos do governo do Partido Socialista, esteve parado em 2016.
As verbas do FEAC são disponibilizadas num quadro a quatro anos. Assim, os 28 milhões de euros não distribuídos em 2016, transitam para 2017 e poderão agora ser utilizados para sustentar o eleitoralismo em vésperas das autárquicas. Mais uma manobra da governação socialista.