António Costa insiste em “visão idílica” da realidade

8 de março de 2017
PSD

O primeiro-ministro levou ao Parlamento resultados do Governo que “ficam aquém” das suas promessas, acusou esta quarta-feira Pedro Passos Coelho. António Costa continua a manifestar “regozijo por as coisas afinal não serem piores”, traçando uma “visão idílica” de Portugal. E qualquer voz dissidente é atacada.

“O crescimento desacelerou relativamente ao ano anterior”, e fechado o último trimestre de 2016 “o investimento cresceu menos em termos homólogos”, nas Finanças Públicas, a dívida pública “cresceu em rácio do PIB” e o défice orçamental medido pelo saldo estrutural “não melhora”, explicou Pedro Passos Coelho, desmistificando os números lançados pelo primeiro-ministro. “Salva-se o comportamento do emprego” que é, ainda, “um eco” da evolução que vinha a registar-se desde o governo de Pedro Passos Coelho.

O presidente do PSD assegurou que os deputados social-democratas não partilham “a satisfação que o Governo exibe” quando os resultados “ficam aquém daquilo a que o Governo se comprometeu”. “Sabemos que o Governo não está, estruturalmente, a fazer o que devia para nos pôr a crescer mais intensamente”, avisou o líder social-democrata, lembrando que o défice de 2016 foi reduzido à custa de medidas extraordinárias, ou seja, um rumo que não altera o perfil da economia portuguesa para futuro. E, sem crescimento, não é possível lutar contra as desigualdades e alcançar “uma sociedade mais equitativa”.

O primeiro-ministro não explicou, contudo, as diferenças entre as suas promessas e a realidade.

Na verdade, tanto o Governo como a maioria parlamentar preferem atacar as entidades independentes que denunciam a falta de reformismo da equipa de António Costa. Foi, de resto, o caso do Conselho de Finanças Públicas que “denunciou esse artificialismo” da estratégia económica do Executivo. Governo e maioria não gostam “daqueles que dizem com independência o que se passa ao país”, rematou Pedro Passos Coelho.

 

Solução para malparado: Primeiro-ministro não tem resposta

Pedro Passos Coelho questionou o primeiro-ministro sobre a tão anunciada solução para o crédito malparado no sistema financeiro em relação ao qual António Costa garantiu, esta terça-feira, estar perto de um acordo junto das autoridades europeias.

O chefe do Governo não avançou quaisquer informações sobre a suposta solução para o malparado, de que fala há mais de um ano, limitando-se apenas a dizer que tem um calendário de reuniões com Bruxelas. O primeiro-ministro “anda a falar de uma solução há um ano e fala agora num calendário de reuniões. Pergunto o que tem mais para apresentar”, disse o líder social-democrata. Não tendo havido resposta, ficou provado “que o senhor primeiro-ministro gosta muito de fazer insinuações, mas gosta pouco de discutir o que é suscitado” no Parlamento, concluiu Pedro Passos Coelho.

 

Primeiro-ministro faz comparações intelectualmente desonestas

O mesmo comportamento havia já acontecido no último debate quinzenal, quando António Costa insinuou que o governo anterior teria responsabilidade política nas declarações omissas relativas a transferências para offshores – uma acusação que o PSD repudiou de imediato. Depois da audição da diretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, ficou comprovado que, dessas 20 declarações, 18 já deveriam ter sido fiscalizadas durante o mandato do atual governo.

“Os senhores andaram quatro anos, depois de terem lançado o país para a bancarrota, a lançar insinuações e a fazer comparações com o que é intelectualmente desonesto. E o primeiro-ministro não pede sequer desculpa por tentar enlamear as pessoas que estiveram no seu lugar antes de o ter ocupado", afirmou Pedro Passos Coelho.

O presidente do PSD clarificou o tipo de debate político promovido pelo Governo: “Neste Parlamento, confrontei sempre o primeiro-ministro com resultados de política. Confrontei sempre o primeiro-ministro com as suas próprias promessas. Perguntei ao primeiro-ministro, por várias vezes, sobre as diligências que o Governo fazia para obter resultados a que se tinha comprometido. Discuti sempre com lealdade parlamentar e o senhor [primeiro-ministro] não perde uma oportunidade para desqualificar os seus adversários, para fazer comentários de natureza pessoal.”