«Queremos que os próximos quatros anos não sejam anos de sobressaltos»

4 de junho de 2015
PSD

Apresentação das linhas de orientação do programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP 

"Queremos oferecer progressivamente uma liberdade de escolha maior para todos aqueles que querem procurar a sua escola, o seu centro de saúde, o seu hospital, o seu centro de dia".

O atual primeiro-ministro reforçou esta ideia, considerando que Portugal é hoje um país mais livre do que há quatro anos: "Porque o nosso limite de possibilidades é hoje maior, queremos também que as pessoas possam escolher com mais liberdade aonde são mais bem atendidas, aonde podem estudar em melhores condições, aonde ter uma velhice mais apoiada, com mais dignidade, com mais humanidade".

As linhas de orientação para o programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP incluem, no quadro da "continuação da reforma do Estado", um compromisso com "a progressiva promoção da liberdade de escolha no âmbito dos sistemas públicos".

No seu discurso, Pedro Passos Coelho sustentou que Portugal "pode ser um país liderante" no aproveitamento económico dos recursos do mar e apontou "a economia azul e a economia verde" como "dois motes" para o crescimento da economia.

Por outro lado, defendeu é preciso pôr "o Estado a funcionar melhor" e deixou uma promessa: "Não deixaremos pedra sobre pedra na revisão de todos os procedimentos da Administração".

A coligação PSD/CDS-PP quer "acabar de vez com este centralismo" através de "um novo equilíbrio" entre as competências do Estado central e das administrações locais, acrescentou.

No que respeita às contas públicas, afirmou: "Queremos livrar-nos da ditadura do défice e da dívida".

Segundo Passos Coelho, PSD e CDS-PP optaram por "ser muito precisos" nas prioridades, mas aquilo que assumirem como compromissos "é mesmo para fazer, é mesmo para chegar ao fim".

"Julgo que as provas que levamos da ação que desenvolvemos são já por si uma boa garantia de que normalmente atingimos os resultados a que nos propusemos".

"O que é que nós queremos? Nós queremos que os próximos quatro anos não sejam anos de sobressalto, não sejam anos em que as pessoas não sabem o que é que vai acontecer com os salários, com as pensões, com os seus rendimentos ou com a sua vida. Queremos os próximos quatro anos sejam anos de segurança, de estabilidade, de previsibilidade".

O primeiro-ministro congratulou-se por o rotularem de "previsível", e apontou os últimos anos como um período de "sobressalto" pelo qual ninguém quer voltar a passar.

"Que bom para Portugal e para os portugueses não terem de viver em sobressalto à espera de novas medidas, de novos desenlaces, sem saber o que é que poderia acontecer, por causa da 'troika', por causa do Tribunal Constitucional, por causa da oposição. E todos passámos por isso. Não queremos voltar a passar por isso", disse.

Antes, dirigindo-se aos dirigentes do PSD e do CDS-PP que vão "trabalhar para fechar o programa eleitoral" da coligação, Passos Coelho recomendou-lhes: "Não precisam de se pôr com invenções, não precisam de espremer a imaginação para surpreender os portugueses, não precisam de ir testando esta ou outra ideia para ver se descolamos nas sondagens".

Segundo o chefe do executivo PSD/CDS-PP, esses dirigentes "têm apenas de se inspirar na estratégia que foi sendo concertada metodicamente nestes anos" de governação.

Passos Coelho sustentou que o atual Governo não se limitou a responder à emergência financeira - "não estivemos simplesmente de serviço de faxina, a limpar os estragos que tínhamos herdado" -, esteve "paulatinamente a construir uma estratégia coerente, concertada" que conduziu à recuperação da economia e do emprego.

"Não precisam, como eu dizia, de inventar. Os eleitores estão cansados de invenções e desconfiam profundamente de quem quer sempre mudar", considerou.

Numa intervenção anterior, o vice-presidente do PSD José Matos Correia deixou críticas indiretas ao PS e afirmou orgulho no trabalho feito nos últimos anos, alegando que os compromissos assumidos há quatro anos foram cumpridos.

"É com orgulho que podemos dizer que cumprimos o mandato que os nossos compatriotas nos conferiram", declarou. "Prometemos e cumprimos", acrescentou. "Orgulho, repito, do trabalho que fizemos", reforçou.

O deputado e dirigente social-democrata elencou os "três desafios" que a coligação PSD/CDS-PP elegeu como prioritários para a próxima legislatura: "A questão demográfica, a qualificação das pessoas e a competitividade das empresas e da economia".

No que respeita à demografia, considerou que é preciso "encontrar soluções para permitir o regresso ao país daqueles que tiveram de ir buscar lá fora um futuro melhor", mas rejeitou associar a emigração recente à atual governação.

Matos Correia prometeu "um debate público" sobre as linhas programáticas da coligação PSD/CDS-PP hoje divulgadas. Quanto ao PS, acusou-o de apresentar "promessas fáceis" e "medidas numa lógica de teste, a ver se pega", e dramatizou um eventual "regresso ao passado".