PSD EXPLICA: Escolhas do Governo agravam taxas de juro

10 de janeiro de 2017
PSD

As taxas de juro da dívida pública portuguesa a 10 anos voltaram hoje a ultrapassar os 4%, depois de terem atingido um máximo de 11 meses, a 6 de janeiro. A dívida portuguesa continua a ser a mais penalizada nos mercados.
O aumento das taxas de juro é uma tendência exclusiva para Portugal quando comparado com o cenário europeu. Enquanto os mercados exigiram, na manhã desta terça-feira, uma taxa de juro acima de 4% para a dívida portuguesa a 10 anos, a dívida de Espanha era negociada a uma taxa abaixo de 1,5%. Mesmo no caso italiano, com a turbulência gerada pela intervenção no banco Monte dei Paschi di Siena, as taxas de juro rondavam os 1,9%.
Em Portugal, a tendência verificada no último ano desmente que o aumento das taxas de juro seja “temporário”. Os mercados têm vindo a exigir a Portugal um prémio de risco maior.
Em janeiro de 2016, Espanha pagou uma taxa de juro de 1,51% pela sua dívida a 10 anos, contra os 2,7% que os mercados exigiam a Portugal. Um ano depois, a taxa de referência espanhola baixou para 1,47% (em janeiro de 2017), enquanto a dívida portuguesa passou para 4,06%.
Em Portugal, para o mesmo período e maturidade a 10 anos, e com um governo em plenas funções, a taxa de juro disparou cerca de 52%. Pelo contrário, no espaço de um ano, os juros da dívida espanhola a 10 anos desceram perto de 3%, período durante o qual o país vizinho teve um governo em gestão e passou por dois atos eleitorais.

O que está, então, a acontecer à dívida portuguesa?

Não é apenas a conjuntura externa que justifica o aumento das taxas de juro para Portugal.
A adicionar a fatores externos (como o recuo do Banco Central Europeu no seu programa de compra de dívida, o aumento da inflação), Portugal regista um crescimento económico aquém das expectativas, inicialmente previstas pelo Governo. Em dezembro último, o Banco de Portugal reviu em baixa a sua estimativa de crescimento para 2017 e as perspetivas até 2019 para a economia continuam a estar aquém do crescimento de 1,6% registados em 2015.
Portugal devia aproveitar a conjuntura externa, beneficiando da política monetária do BCE, para alcançar níveis de financiamento favoráveis em linha com a tendência dos pares europeus. O Governo devia privilegiar uma agenda interna focada no crescimento da economia (e do emprego) através de reformas estruturais.
Mas o Executivo optou por outras escolhas, potenciando os riscos que hoje estão reflectidos nas taxas de juro a 10 anos.