Pedrógão Grande: “o dia de assumir responsabilidades chegará”

26 de junho de 2017
PSD

 

Pedro Passos Coelho afirma que “temos de ter uma resposta e os Partidos têm a obrigação de dizer que o Estado não deixará de ter uma palavra e uma ação de reparação”. O Presidente do PSD, no que se refere à descentralização, acusa o Governo de andar há “um ano e meio a marcar passo e a empurrar com a barriga”. Alerta que “se não existir emprego e habitação, não se consegue fixar as pessoas” e reitera que o Porto é um bom candidato a receber a Agência Europeia do Medicamento.

 

 

No dia em que retomou a agenda pública partidária, que havia sido cancelada aquando da tragédia de Pedrógão Grande, o presidente do PSD afirmou que “estamos cá para garantir que uma resposta será dada para que se saiba o que aconteceu, e para que o Estado, que não esteve onde é preciso, esteja agora presente na reparação que é devida.”

Sabemos que alguma coisa não funcionou no Estado, na resposta que era preciso dar em situações de emergência. Quem tem cargos públicos tem de estar sempre disponível para servir, mas também para assumir responsabilidade pela resposta que tem de ser dada. As pessoas confiam que o Governo, as autarquias e as instituições possam estar presentes e dar resposta quando o mais desafiante nos bate à porta”, disse.

Tal como Pedro Passos Coelho afirmou, “o dia de assumir responsabilidades chegará. E hoje sabemos que algo não correu bem para acontecer o que aconteceu. Na altura, como agora, disse que não devíamos desdramatizar”.  

No entanto, para o líder da oposição, “devemos sempre uma explicação e devemos sempre uma reparação, independentemente de quem ocupa os lugares. O respeito perante os portugueses leva-nos a dizer que não esqueceremos o papel que o Estado deve exercer, dando explicações e acudindo agora às pessoas sem passarem por um caminho tortuoso”. 

Agora, “não vale a pena acenar com caças às bruxas, nem querer sacudir a água do capote, nem desdramatizar. Temos de ter uma resposta efetiva e os partidos têm a obrigação de dizer que o Estado não deixará de ter uma palavra e uma ação consequente de reparação sobre o que se passou”.

 

Descentralização: Governo não esclarece os meios necessários

Na apresentação dos candidatos autárquicos à Maia, o Presidente do PSD salientou a importância de se concretizar uma efetiva descentralização.

Agora que começa um novo ciclo autárquico, é uma “pena não o iniciarmos num novo quadro de competências. O Governo andou um ano a marcar passo e a empurrar com a barriga. Agora, querem fechar este processo à pressa, mas esqueceram-se de trazer à discussão os meios para que se concretizasse. É pena que se tenha perdido tempo, mas que não se perca a oportunidade de concretizar essa mudança”.

Iniciamos sempre um ciclo novo com uma disponibilidade total para servir, mas sobretudo para fazer aquilo que devemos fazer. É preciso elencar os problemas, ver o que não realizamos, o que correu menos bem e as novas coisas que precisam de ser trazidas para debate”, disse. O que é necessário, é uma “avaliação do que ficou para trás e uma janela para futuro”.

E os autarcas estão preparados para um futuro com mais competências, que permita gerar mais emprego em cada concelho e região, com novas dinâmicas, gerando mais rendimento: “é possível fazer a diferença ao nível local”, disse.

O PSD tem procurado fazer uma escolha que se insira no motivo principal: “servir de forma íntegra e absoluta as comunidades que nos devem eleger. A razão de ser dos autarcas e dos políticos só pode ser servir inteiramente aqueles cujo voto pedimos”.

A política é feita por pessoas. As ideias são muito importantes, mas as pessoas são essenciais. Estamos a tratar do futuro”, assegurou Pedro Passos Coelho.

 

“Se não existir emprego e habitação, não se consegue fixar as pessoas”

O líder do PSD dedicou a manhã de domingo à cidade do Porto, onde participou no debate “Encontro com jovens – Desafios da juventude na cidade do Porto”.

Na sua intervenção inicial, o líder do PSD afirmou ser necessário criar condições para que os jovens e os cidadãos possam ter emprego e habitação na área que prefiram, um problema realçado por Álvaro Almeida, candidato à Câmara Municipal do Porto.

Precisamente sobre Álvaro Almeida, o presidente do PSD afirmou que este é “o melhor candidato, que pode ser um ótimo presidente”, e cujo reconhecimento aumentará durante a campanha.

Tal como afirmou, atualmente o Porto é um dos casos “que tem beneficiado da dinâmica do turismo”. Mas relembrou que “muita da procura turística é temporária, deve ser aproveitada, mas não se pode construir um futuro a pensar nisso, pelo que se devem reforçar outras dimensões económicas. Se não existir emprego e habitação, não se consegue fixar as pessoas”.

Pedro Passos Coelho destacou a importância de se levar a cabo uma verdadeira descentralização, que “não deve acontecer este ano, mas talvez ainda nesta legislatura”, para que a as autarquias tenham um papel ainda mais relevante para resolver os problemas locais, muitas vezes relacionados não só com o emprego e o alojamento, mas também com a demografia. “É necessário avaliar em que medida um município deve ter uma intervenção importante para responder aos problemas”, disse.

 

Agência Europeia do Medicamento: “Porto é um natural competidor por essa candidatura”

O Presidente do PSD afirmou que o Porto é uma boa cidade candidata a acolher a Agência Europeia do Medicamento (EMA), pois Lisboa já é sede de duas agências. Tal como afirma, é “importante evitar a macrocefalia”.

No entanto, era importante que, desde o início, “as candidaturas tivessem sido abertas de forma competitiva para que os municípios que respondessem ao critério fossem considerados. A candidatura não se devia concentrar estritamente em Lisboa. Há outras regiões que podiam ter competido de forma competente e aberta”.

Tal como relembrou, durante o Governo liderado pelo PSD foi criada uma instituição que ficou sediada no Porto, não simbolicamente, mas com serviços efetivos: a Instituição Financeira para o Desenvolvimento. “Foi criada de raiz e colocada no Porto porque não havia nenhuma razão para não ter a sede no Porto, que dispunha de pessoas formadas e com competências, reconhecidas internacionalmente. Mas foi também importante para atrair pessoas para a região”, disse.

Para o PSD, é importante que a EMA se possa fixar em Portugal, apesar de saber que não é fácil, porque Portugal já tem duas agências europeias e há países na União Europeia que não têm qualquer instância desta natureza.

 

Qualificações: acesso à informação potencia melhores decisões

O presidente do PSD destacou, ainda, a importância das qualificações e em que medida estas se relacionam com as oportunidades no mercado de trabalho.

Há um défice de qualificações que temos vindo a recuperar. Não está em causa a vantagem de poder obter um grau de qualificação superior. Mas é importante que as pessoas tenham em conta a dinâmica do mercado e da economia quando fazem as suas escolhas”, afirmou.

Atualmente, “temos pessoas licenciadas em áreas que não têm a maior procura e dinâmica do ponto de vista económico. As pessoas devem ser livres para escolher a sua formação, mas é importante, para quem faz a escolha, que se possa ter a melhor informação para tomar as suas decisões”.

Para tal, é necessária uma maior e mais ágil articulação entre as instituições e as empresas, pois “se esta informação estivesse mais acessível, muitos dos nossos jovens tomariam decisões diferentes. Se isso acontecesse, as nossas instituições sentiriam pressão para adequar a resposta à procura. É preciso alguma flexibilidade na matéria”.