Pedrógão Grande: “Governo tem 24 horas para publicar a lista nominativa”

24 de julho de 2017
PSD

O Governo tem 24 horas para tornar pública a lista nominativa das pessoas que perderam a vida na tragédia de Pedrógão Grande”, informou esta segunda-feira Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, considerando “que era absolutamente inarrável que pudessem ter existido muitos mais mortos do que aqueles que estão contabilizados”.

Hugo Soares reforçou que o PSD não está “a dizer que há mais mortos”. Defende, contudo, que é obrigação do Governo “divulgar a lista das pessoas que pereceram”, assim como de “explicar quais foram os critérios para a constituição dessa lista”.

De acordo com o presidente do Grupo Parlamentar do PSD, “o primeiro-ministro não se pode eximir da responsabilidade de dizer que isso não é com ele”, pois “é com os serviços que ele tutela”. Na sequência das recentes declarações de António Costa, o social-democrata lembrou que “o senhor primeiro-ministro se esquece, muitas vezes, que é chefe do Governo, que não serve só para as horas boas, que tem de demonstrar autoridade e dar confiança ao País nos momentos em que mais precisa”.

Neste sentido, o PSD apela ao Governo que “tenha o bom senso, a humildade e a decência democrática de, em 24 horas apresentar a lista” de que o País, ainda, não tem conhecimento.

Não se faz gestão política de uma tragédia desta dimensão”, defende Hugo Soares, destacando que se trata de um princípio claro para o PSD. Por isso, afirma não querer acreditar que “o senhor primeiro-ministro está a fazer gestão política da tragédia que assolou Pedrógão Grande”.

O líder da bancada social-democrata relembrou ainda, que volvido um mês dos incêndios que afetaram a região de Pedrógão Grande, os apoios ainda não chegaram às pessoas. “Apresentámos um projeto que visava indemnizar as famílias e aqueles que quer perderam pessoas da família, quer tiveram danos patrimoniais e não patrimoniais”, disse, informando que “o Partido Socialista não quis nem discutir, nem votar aquele projeto”.

 

Reações do PSD às notícias a indicarem um número de mortes superior ao anunciado


 

  • Teresa Morais | “O silêncio do Governo continua e pesa como chumbo”

“Qual é a verdade sobre os mortos de Pedrogão? Quem tem medo dessa verdade?

As dúvidas acumulam-se sobre o número real de mortos nos incêndios de Pedrogão com as notícias de hoje mas o silêncio do Governo continua e pesa como chumbo sobre uma Nação incrédula! Durante semanas desfilaram ministros falando de Pedrogão. E agora fala uma adjunta da Autoridade Nacional de Proteção Civil para dizer o que são ‘mortos diretos’? E os ‘indiretos’? Quem são? Quantos são? Vão continuar com a explicação ridícula de que os nomes dos mortos estão em segredo de justiça? A ausência de explicações urgentes do Governo é insuportável! Mas nós não esquecemos e não nos calarão!

 

  • Carlos Abreu Amorim | “De uma vez por todas, o Governo que temos deve dizer a verdade”

Não é digno de um país do primeiro mundo este crescendo de suspeições acerca da possibilidade de um encobrimento feito a partir do primeiro dia. Não é tolerável que se faça gestão política e comunicacional jogando com o número de mortos e feridos graves.

De uma vez por todas e o quanto antes, o Governo que temos deve dizer a verdade e só a verdade. A sua primeira missão tem de ser a de dar confiança aos cidadãos, de os tranquilizar. E isso só pode ser feito com a assunção dos erros próprios e com a verdade pura e simples acerca dos factos que aconteceram em Pedrógão Grande. Parem com esta fuga compulsiva às responsabilidades do Estado! Deixem de reincidir nos vícios de cosmética política, de alindar tudo com a ilusão e a dissimulação!

E, por favor, deixem de agitar pateticamente o segredo de Justiça! Essa figura jurídica foi feita para proteger as diligências de investigação e não para servir de biombo para esconder verdades politicamente inconvenientes.”

 

  • Miguel Morgado | “O Governo e o PM deixaram de ser confiáveis”

O Governo e o PM procuraram desde o início fazer uma ‘gestão política’ (uso esta expressão para ser brando) desta tragédia, querendo reter informação, multiplicando contradições flagrantes e induzir ‘conclusões’ que se confirmaram falsas.

Não posso ignorar a irresponsabilidade e ligeireza do Governo na sua abordagem a esta tragédia desde o início. Já nem falo no modo como se arrasou a Protecção Civil com o enxamear das suas estruturas com gente do PS e a exclusão das pessoas competentes que não são do PS. Falo apenas de um tema muito simples e direto. Ao ver nas tentativas de esclarecimento dos outros (grupos, partidos ou OCS) apenas ameaças, o Governo promove todo o tipo de especulações. Ora, há muito que o Governo tem o dever grave de acabar com as especulações, o que só é possível se houver uma total divulgação da informação e o total acesso à mesma por outras entidades. Por alguma razão que me escapa, o Governo recusa-se a fazê-lo. Isso é inaceitável.

Neste fim de semana até o segredo de justiça se invocou. Então, está na hora de a PGR esclarecer também o que lhe cabe, a saber, que lista de vítimas a PGR está a elaborar.

Chegámos a isto porque, num assunto tão delicado e grave como este, o Governo e o PM deixaram de ser confiáveis.