Pedro Passos Coelho: “Só há Governo para as coisas boas, para as más não há”

2 de julho de 2017
PSD

Pedro Passos Coelho diz que uma chefia militar “colocar o lugar à disposição não é fraqueza”, mas trata-se de “interpelar o poder político” e de “ganhar força para fazer o que é preciso"

 

Defendeu que “os políticos têm de estar à altura”, promovendo a discussão séria de assuntos que preocupam o País

 

O Presidente do PSD lembrou, na apresentação da candidatura à Câmara Municipal de Proença-a-Nova, o quão importante é “eleger as pessoas certas, porque essas fazem a diferença”. Mais do que ter pessoas simpáticas, “é muito importante que saibam o que fazer”. Referindo-se a Helena Mendonça como “a melhor candidata que podíamos [PSD] apresentar e, sobretudo, a melhor dos candidatos que os partidos apresentam”, Pedro Passos Coelho recordou que é da maior importância estar-se próximo das pessoas e ser-se responsável.

Como era bom que assim fosse nos tempos que correm na política nacional”, afirmou, explicando que “perante dificuldades mais sérias, o País descobriu que tem um Governo que não está preparado para lidar” com elas. A forma de estar do Executivo, nas últimas semanas, contraria “uma certa euforia” que se gerou na sequência de resultados económicos. “Muitos exageraram na forma como apresentaram as coisas”, disse mesmo. “Dava a impressão de só desde que o Partido Socialista chegou ao Governo é que o País começou a gerar emprego” quando a retoma se iniciou muito antes, denunciou.

Hoje fica claro que, quando as coisas correm bem, o Governo vai bem”, criticou. Contudo, quando algo “mais difícil acontece, o Governo desaparece”, afirmou para logo acrescentar: “só há Governo para as coisas boas, para as más não há”. Considerando os últimos desenvolvimentos, e que têm que ver com os incêndios que afetaram o País ou com o desaparecimento de material de guerra dos paióis de Tancos, a postura do atual Executivo contribui para um “sentimento de insegurança, um sobressalto de intranquilidade”.

 

País desconhece que medidas se estão a tomar para o verão

Agora que se iniciou a “época mais arriscada”, no que aos incêndios se refere, os portugueses continuam sem saber o que aconteceu em Pedrógão Grande e “ainda não perceberam que medidas o Governo está a tomar”. “Politicamente, os cidadãos também querem saber o que se está a fazer” para enfrentar o verão, pelo que “é muito importante que a política trate destas matérias”.

Para Pedro Passos Coelho as contradições que têm vindo a público são sinónimo de “baralhada”. “Não temos hoje um Governo que apareça a comandar as operações”, criticou, argumentando que “falar não é comandar”. “Ter um secretário de Estado ou uma ministra a falar todos os dias sobre coisas que dominam pouco, mas não os ter a dizer o que se vai determinar para futuro, isso sim preocupa”, afirmou. Considera ser “muito sintomático que o Partido Socialista faça estudos de imagem, quando devia estar a perguntar ao Governo o que está a fazer para o verão”, reforçou.

 

Estamos a chegar ao limite dos limites

De acordo com o Presidente do PSD, “custa ver as pessoas a relativizar os problemas”, algo que também se evidencia com o desaparecimento ocorrido em Tancos. Defendeu que uma chefia militar “colocar o lugar à disposição não é fraqueza”, mas trata-se de “interpelar o poder político” e de “ganhar força para fazer o que é preciso”. Afirmou-se “atónito” quando teve conhecimento, por um jornal espanhol, do material de guerra desaparecido. “Estamos a chegar ao limite dos limites”, criticou, acrescentando que “é desrespeitoso que as nossas autoridades não saibam explicar o que se passou”.

 

Partidos devem promover o debate e dar tranquilidade às pessoas

Estamos a viver um tempo em que tudo o que não é cómodo e que exige uma ação é descartado, relativizado por quem tem responsabilidades”, referiu. “Isto não pode continuar”, disse, lembrando que “é natural em democracia” que os partidos questionem e promovam o debate de questões da maior importância para o País, sendo “função da comunicação social intermediar esse debate”. Por isso, importa que os portugueses saibam o que cada partido “faz para determinar caminhos de futuro” dar “às pessoas a tranquilidade de que a democracia está a funcionar”.

Para isso, “os políticos têm de estar à altura”. Tal como salientou, “é isso que procuramos [PSD] fazer com as nossas intervenções”. “Exige-se de um partido da oposição que ponha o dedo na ferida”, disse, acrescentando que “temo-lo feito com sentido de responsabilidade e de forma anti-demagógica”.

Pedro Passos Coelho sublinhou, mais uma vez, que “há coisas que não estão a correr bem” com o atual Executivo, necessitando por isso de “correção”. Referiu-se à “forma como se desempenham cargos públicos”, à inexistência de isenção nas nomeações ou às “decisões que se proclamam em vésperas de eleições”. De acordo com o líder social-democrata, “acha-se muito oportuno” o aumento, ainda que ligeiro, das pensões, quando não há “dinheiro para pagar dívidas” às associações humanitárias de bombeiros que, por exemplo, “as inibe de terem dinheiro para combustível”. Se “há muitas coisas mal que resultam das escolhas que o Governo fez”, o PSD continuará a denunciá-las.

O Presidente do PSD reiterou, em Proença-a-Nova, que “vale a pena governar noutro sentido, procurando o interesse geral, mais do que o nosso” e “olhar para o futuro”. Trata-se, segundo afirmou, de “governar para todos os portugueses e não apenas para os que nos elegeram”, o que deve ser equacionado tanto a nível local, como nacional.

 

Para fixar pessoas é preciso investimento e emprego

“Temos de nos fixar no que é imperioso: tratar de ter os nossos territórios competitivos”, alertou Pedro Passos Coelho. Para isso, e segundo afirmou, é importante que o Estado olhe “para todo o seu território, de forma a poder ajudar a criar condições” para que assim o seja.

De acordo com o Presidente do PSD, “para fixar pessoas, não basta ter escolas, centro de saúde, hospitais ou equipamentos de natureza cultural. É preciso mais do que isso”. Ter as estruturas e “não ter gente significa que estamos a falhar naquilo que hoje é mais importante” e que passa, tal como reiterou, por “ter investimento e emprego”, pois “é isso que fixa as pessoas aos territórios”. “As pessoas que não encontram, no seu concelho, as oportunidades de vida a que aspiram têm de sair”, relembrou.

Referindo-se ao importante papel desempenhado pelas autarquias, o líder social-democrata salientou que são elas quem pode tomar medidas as mais adequadas ao bem-estar das populações. “Sabemos bem que é assim nos cuidados primários de saúde, no ensino básico e secundário, em muito do que pode ser o apoio social”. “Há hoje, ao nível das autarquias locais e das comunidades intermunicipais, capacidade técnica e política para responder a questões” que estão próximas das pessoas. “É uma matéria que é mais bem ajuizada junto das populações, do que à distância, através do ministério”, acrescentou.

 

Estado deve “dar os meios adequados” aos municípios e às populações

Neste sentido, o líder dos social-democratas reforçou que “devíamos estar a prosseguir a uma velocidade maior para um caminho de convergência para esta descentralização na área das políticas sociais”. Hoje, “a prioridade é fazer com que as respostas na área social funcionem melhor” e, para que assim o seja, “é preciso que dar os meios adequados”.

Sabemos que o Estado não tem dinheiro para tratar como deve de ser” de tudo, referiu, alertando que “não era mau começar por admitir que a restrição que existe é real”. Partindo, então, da realidade, Pedro Passos Coelho defendeu que importa “elencar prioridades” e que “o Estado transfira para os municípios os meios adequados para que possam ser efetivos nestas políticas"