Pedro Passos Coelho: PS não precisa de mais força, Governo é que tem de mostrar ambição

24 de setembro de 2017
PSD

Autárquicas são sobre os municípios e as freguesias, lembra Presidente do PSD ao PM

“Se o Governo quer fazer alguma coisa que se veja, que faça, não precisa de mais votos para isso”, lembrou Pedro Passos Coelho ao primeiro-ministro, sobre o apelo de António Costa para ter mais força nas autárquicas de dia 1 de outubro. O Governo tem apoio parlamentar para fazer o que quiser da segunda metade da legislatura, assim queira. Mas “o que queremos nestas eleições é diferente”, “queremos que as nossas terras possam ser bem governadas”, apontou o presidente do PSD no comício da recandidatura de Pinto Moreira à Câmara de Espinho, que contou com a presença de Pedro Santana Lopes e Luís Montenegro.

Pedro Passos Coelho rejeitou a ironia que, por vezes, lhe apontam por não estar hoje no governo que distribui as boas notícias. “Mas também não é como muita gente no Governo pensa, que estivemos quatro anos e meio apenas a semear”, afirmou, lembrando o crescimento económico registado a partir de 2014, bem como a recuperação do emprego e a descida do desemprego que também foram alcançadas na segunda parte do mandato do Governo PSD/CDS-PP. “Podemos dizer que tivemos, durante anos, resultados importantes para as nossas exportações e a economia” e “isso é bom, para os municípios, para as famílias e para as empresas”.

“Hoje, temos um Governo que consegue beneficiar da conjuntura e do que se semeou no passado”, motivo de satisfação para o presidente do PSD. Mas a próxima metade da legislatura tem de trazer algo de novo. “O Governo andou muito entretido a dizer mal do anterior mas a beneficiar da sua herança”, apontou, acrescentando que o PSD quer “é que os próximos dois anos possam trazer algo de diferente aos portugueses”, como um “inconformismo” e “alguma reforma que, para futuro, nos possa fazer sonhar mais com os pés assentes na terra”.

“Sei que o chefe do Governo pediu, para esta segunda metade da legislatura, mais força para o Partido Socialista, mais força para o Governo fazer o que falta na metade da legislatura que tem pela frente”. Mas “queria dizer-lhe, dr. António Costa, para que os próximos dois anos valham a pena para Portugal, o PS não precisa de ter mais votos nas câmaras, o Governo é que precisa de mostrar que quer fazer mais qualquer coisa”, atirou o líder da oposição.

“Nestas autárquicas não vai depender a política económica do Governo”, “se o Governo quer fazer alguma coisa que se veja, que faça” e “não precisa de mais votos para isso”. Para Pedro Passos Coelho, a geringonça apoia o Governo no Parlamento para o que pretender fazer, “assim queiram eles reverter alguma coisa importante do passado”. Por outro lado, “o que queremos é que a geringonça queira alguma coisa para futuro”. “O que queremos nestas eleições autárquicas é diferente”, “queremos que as nossas terras possam ser bem governadas”, que as autarquias “tenham liderança a pensar no futuro, qualquer que seja o governo e o que quer que se passe no mundo”, rematou o presidente do PSD.

“E nós queremos mais ambição para Portugal”, defendeu, explicando que o País podia ter crescido no ano passado ao ritmo registado neste ano. E se o Governo tanto defende uma economia de valor acrescentado, podíamos ter mais pessoas a receber rendimentos acima do salário mínimo nacional. “Nós bem gostaríamos de ver uma sociedade que aproveitasse para crescer mais”, “para se desendividar mais”, “para semear para futuro”, garantiu.

 

Ao lado de Santana Lopes, Passos Coelho lembra ADN do PPD/PSD

Espinho é um exemplo de uma autarquia de gestão social-democrata, declarou Pedro Passos Coelho, lembrando que a Câmara foi ganha há oito anos e que, desde então, se nota bem a diferença da orientação do presidente Pinto Moreira para a terra. “Quero testemunhar-lhe a confiança e a gratidão pelo facto de ter sabido, como muitos outros autarcas do nosso País, deixar a nossa marca de água, a nossa impressão digital, na forma como liderou o concelho nestes oito anos: as populações primeiro, a nossa comunidade primeiro, investindo sempre no futuro”.

Foi com a convicção de que a liderança social-democrata merecerá mais um voto de confiança da população de Espinho que Pedro Passos Coelho lembrou a génese do PSD, na entrega ao poder local.

As lições do fundador Francisco Sá Carneiro foram evocadas ainda quando o líder social-democrata afirmou que o PSD nunca deixou de ser “eminentemente popular, onde todos têm lugar”, “não elitista”. “Somos um partido do povo” e “assim nos mantivemos nestes anos todos”, acrescentou. "Somos também um partido que tem uma noção muito clara da justiça social” e “ procuramos sempre, quando estamos no governo de uma autarquia ou do País, quaisquer que sejam as condições envolventes, mostrar que nos preocupamos com a igualdade de oportunidades”, coisa diferente do “igualitarismo que tantos defendem em nome do princípio da igualdade”. “O que nós precisamos não é de acabar com as fontes de riqueza, de rendimento, de dinamismo na economia e na sociedade”, “queremos é evitar que haja tantos que tenham tão pouco e que não tenham o suficiente para viver uma vida digna”, disse Pedro Passos Coelho ao lado do antigo presidente do Partido e ex-primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, manifestando ainda que o Partido sente orgulho nas funções que desempenha, como atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O atual líder do PSD acrescentou uma nota “de grande admiração” sobre Pedro Santana Lopes, que considera “um testemunho de alguém que nunca baixou os braços dentro do seu partido” e que “lutou sempre pelo que acreditava”, continuando hoje “a estar próximo daqueles que são os que mais lutam pelos outros na nossa sociedade, que são os nossos autarcas”.

A admiração, amizade, respeito e gratidão foram devolvidas pelo antigo líder Pedro Santana Lopes ao atual presidente social-democrata.

“Fomos sempre um partido realista”, apontou ainda Pedro Passos Coelho, explicando que é preciso aproveitar todas as oportunidades, não contando apenas com a sorte. Igualmente necessário é “saber para onde queremos ir, traçar uma rota para lá chegar e tomar as medidas necessárias para que esse futuro aconteça” mesmo “em tempos de dificuldades, como foram os que passámos há uns anos”, quando “soubemos sempre semear para futuro”.