Pedro Passos Coelho: “podemos concluir que não temos Governo”

4 de julho de 2017
PSD

Líder social-democrata denuncia que o atual Executivo “não tem dinheiro para investir na infraestrutura nuclear das funções do Estado”

PSD vai procurar apoios no Parlamento para criar fundo de indemnização dos familiares das vítimas de Pedrógão Grande e, assim, combater a inércia do Governo

Que “não sigam este mau exemplo que vem sendo dado ao País”, afirmou esta terça-feira Pedro Passos Coelho na apresentação da candidatura de Ângelo Pereira à Câmara Municipal de Oeiras. “Os últimos tempos deixaram muito nítido que não temos no País uma solução de Governo completa”, justificou o Presidente do PSD, reforçando que existe a “convicção de que só temos meio Governo”.

Segundo o líder social-democrata, existe um “meio Governo que sabe lidar bem com o sucesso, depois falta a metade que tem de revelar um sentido estratégico e lidar com o imprevisto”. Afirmou, assim, que “se só temos metade e se é a que menos falta faz, então podemos concluir que não temos Governo”.

De acordo com Pedro Passos Coelho, “temos humildade em reconhecer que não fizemos tudo bem, nem que fizemos tudo”, motivo pelo qual, e aquando das eleições legislativas de 2015, o PSD alertou para a necessidade de “avaliar reformas que foram feitas” e, assim, procurar desenvolver “uma vaga de reformas” do Estado. Veio a verificar-se, contudo, que foi mesmo o próprio Estado “quem mais falhou nas últimas semanas”. Na verdade, “cabe ao Estado assegurar a segurança das pessoas”, bem como a sua defesa ou a justiça, reforçou. Quanto à existência, ou não, de responsabilidades do atual Executivo, isso perceber-se-á “a seu tempo”.

 

“Políticas para ter um Estado que responda aos imprevistos são cruciais”

Pedro Passos Coelho quis, em Oeiras, alertar que “as políticas para ter um Estado que responda perante os imprevistos são cruciais”. Tal como lembrou, a Proteção Civil deve funcionar e de forma a abranger todos os cidadãos, o mesmo se aplica à segurança e a muitas outras áreas essenciais ao País.

Verifica-se, contudo, que “hoje há razões para que as pessoas se sintam menos tranquilas”, afirmou, salientando que “não há explicações” para o que tem acontecido. “Não me venham dizer que não podemos falar disso, porque se a política não pode falar não tem sentido”, referiu uma vez mais, relembrando a necessidade de dar respostas aos cidadãos.

 

As restrições existem e contrariam prosápia de quem governa

Pedro Passos Coelho criticou quem hoje está no Governo, sobretudo por ter dito que “tinha uma alternativa melhor” àquilo que era o caminho seguido pelo executivo anterior “e que visava responder às prioridades do Estado” e, simultaneamente, “garantir a sua sustentabilidade”. Para o líder social-democrata “não faz sentido comparar o tempo que vivemos hoje, com 2011, 2012 e 2013”. Disse ser “absurdo” confrontar anos “em que não havia dinheiro” com dias em que já “temos escolha, porque fizemos [PSD/CDS-PP] o que era preciso para vencer a bancarrota”. Tal como denunciou: “o que é verdade é que temos restrições”, pelo que “era ótimo que se pudessem discutir prioridades e acabar com a prosápia” de quem governa.

 “Este orçamento, como o do ano passado”, já foi feito pelo PS, PCP, BE e PEV. “Diziam que tinham marcado a mudança da austeridade para a prosperidade”, salientou Pedro Passos Coelho para, logo, fazer uma denúncia. “Este Governo escolheu recuperar mais rendimento, mas não tem dinheiro para pagar aos bombeiros o que lhes deve, aos especialistas que faltam nos centros hospitalares, para investir na infraestrutura nuclear das funções do Estado”. “Quando mascaramos a realidade ela cai-nos em cima de forma muito dura”, afirmou.

O Presidente do PSD aconselhou o Governo a não olhar “para o Orçamento de 2018 como uma arma para fazer política de retórica”, pois é cada vez mais evidente “o que falta”. “Quis-se ignorar a realidade tal como ela é”, referiu, acrescentando que “as pessoas sabem que as soluções não são fáceis” e que “é importante que possam ser preparadas e executadas de acordo com as prioridades”.

 

PSD pretende criar “rapidamente” fundo de indemnizações

Pedro Passos Coelho defendeu não haver razão para que o Estado fique à espera do resultado das investigações para “criar um fundo de indemnização para as famílias das vítimas” da tragédia de Pedrógão Grande. Defendeu-o no Parlamento e, passada uma semana, “o Governo não fez nada”. Por isso, e considerando que o Executivo não decidiu avançar com a proposta, o PSD vai procurar apoios, no Parlamento, para avançar com uma iniciativa através da qual seja possível criar “rapidamente” o fundo de indemnizações. “Não há nenhuma razão para as pessoas ficarem à espera das conclusões dos relatórios e saber se o Estado tem ou não a ver com a concessionária que gere aquelas estradas. Não temos de obrigar as pessoas e as famílias a passar por esse calvário", sublinhou.

 

Autárquicas: equipas precisam de “ter as prioridades certas

Também no que aos municípios diz respeito, as equipas precisam de “ter as prioridades certas”, reiterou Pedro Passos Coelho. Disse estar a apresentar, com Ângelo Pereira, “uma solução de futuro para Oeiras”. Desejou que seja possível libertar o concelho “do jogo político” e das velhas soluções”, de forma a colocar o município “numa perspetiva mais aberta”.

Pedro Passos Coelho afirmou, ainda, que “os partidos têm de estar muito abertos à sociedade, aos independentes” e que “no plano local, as pessoas têm mais facilidade em identificar os interesses locais, para além do interesse partidário”. Referiu que “damos hoje uma lição de humildade democrática”, ao admitir que, em Oeiras, “a disputa não vai ser fácil”. Contudo, e tal como acrescentou, “é uma disputa a pensar no melhor” para a comunidade.