Incêndios e Tancos: Governo, sem liderança, “desaparece quando aparecem imprevistos”

3 de julho de 2017
PSD

 

Pedro Passos Coelho critica a inércia do Governo nos incêndios e no caso de roubo de armas em Tancos. O executivo, sem liderança, desaparece quando aparecem imprevistos, não presta esclarecimentos ao País e preocupa-se apenas com a sua popularidade. Importa que o debate político contribua para a tranquilidade dos Portugueses.

 

Falta Governo, falta liderança, falta ação política ao Governo de Portugal”, afirmou este fim de semana Pedro Passos Coelho, criticando o silêncio do primeiro-ministro no que se refere ao desaparecimento de material de guerra de Tancos. Aconselhou António Costa, “quando se vier a pronunciar sobre isto”, a “não acrescentar aquilo que sabemos”, mas a dizer “alguma coisa que compreenda a responsabilidade política do Estado e do Governo e o que é que está a fazer”.

Para o líder do PSD, “este Governo só mostrou servir para as horas boas”, acusou. “Quando aparece algum imprevisto, desaparece”, salientou. Tal como o líder social-democrata tem vindo a denunciar, “não existe ação, nem liderança política” por parte de um Executivo que insiste em não agir e, assim, em não tranquilizar as pessoas.

A forma de estar do atual Executivo, nas últimas semanas, contraria “uma certa euforia” que se gerou na sequência de resultados económicos. “Muitos exageraram na forma como apresentaram as coisas”, disse mesmo. “Dava a impressão de que só desde que o Partido Socialista chegou ao Governo é que o País começou a gerar emprego”, quando a retoma se iniciou muito antes, denunciou. “Hoje fica claro que, quando as coisas correm bem, o Governo vai bem”, criticou Pedro Passos Coelho para reforçar que “só há Governo para as coisas boas, para as más não há”.

 

Estamos a chegar ao limite dos limites

De acordo com o Presidente do PSD, “custa ver as pessoas a relativizar os problemas”, algo que se evidenciou quer com o desaparecimento de material de guerra ocorrido em Tancos, quer aquando dos incêndios que afetaram recentemente o País.

Uma chefia militar “colocar o lugar à disposição não é fraqueza”, mas trata-se de “interpelar o poder político” e de “ganhar força para fazer o que é preciso”. Afirmou-se “atónito” por ter tido conhecimento, através de um jornal espanhol, da lista com o material de guerra furtado. “Estamos a chegar ao limite dos limites”, criticou, acrescentando que “é desrespeitoso que as nossas autoridades não saibam explicar o que se passou”.

Relembrou um ministro da Defesa que assumiu a responsabilidade política pelo desaparecimento de material de guerra ocorrido em Tancos e que, ao não ter tomado uma ação, “desvalorizou a política”. “A responsabilidade tem de se traduzir em atos”, salientou, para logo denunciar: “este governo está cheio de omissões”. Explicou mesmo que “a nossa segurança coletiva depende da forma como formos responsáveis perante os nossos cidadãos quando à nossa guarda está material deste tipo”.

 

Governo continua sem transmitir confiança às pessoas

Pedro Passos Coelho afirmou, este fim de semana, que “era de esperar que o Governo pudesse já ter tomado um conjunto de iniciativas que oferecessem às pessoas mais confiança”. Agora que se iniciou a “época mais arriscada”, no que aos incêndios se refere, os portugueses continuam sem saber o que aconteceu em Pedrógão Grande e “ainda não perceberam que medidas o Governo está a tomar”. “Politicamente, os cidadãos também querem saber o que se está a fazer” para enfrentar o verão, pelo que “é muito importante que a política trate destas matérias”.

Para Pedro Passos Coelho as contradições que têm vindo a público são sinónimo de “baralhada”. “Não temos hoje um Governo que apareça a comandar as operações”, criticou, argumentando que “falar não é comandar”. “Ter um secretário de Estado ou uma ministra a falar todos os dias sobre coisas que dominam pouco, mas não os ter a dizer o que vai determinar para futuro, isso sim preocupa”, afirmou. Considera ser “muito sintomático que o Partido Socialista faça estudos de imagem, quando devia estar a perguntar ao Governo o que está a fazer para o verão”, reforçou.

 

Política do “passa-culpas” ou do “empurra

O País está a assistir ao “passa-culpas ou ao empurra” das responsabilidades. “Cada instituição faz a sua conclusão sobre o que se passou. Nós sabemos que o que uns dizem é, às vezes, o contrário do que os outros afirmam”, salientou para logo concluir que “isso só pode gerar insegurança e um sentimento de desconforto nos cidadãos”. “Não se vê ninguém no Governo a tomar uma ação que tranquilize as pessoas”, frisou.

Teceu, portanto, duras críticas: “não vale a pena refugiarmo-nos nos bons resultados económicos. Isso é o que o Governo gosta de fazer, criar nas pessoas a ideia de que tudo vai correr bem”. Tal como lembrou: “quando alguma coisa corre mal, não há Governo, é o desnorte, a desorientação”. Afirmou, por isso, ser necessário um executivo que saiba “responder com responsabilidade quando as coisas não correm bem”. Voltou a imputar ao atual Executivo um “exercício de demagogia repetido”. “Sabemos que as carências são muitas, que ao contrário do que se diz o dinheiro não dá para tudo”, considerou.

Mais do que “aproveitar a onda”, “é preciso responder às adversidades também”, reforçou. “Imagino o que teria acontecido ao País se, nos anos das dificuldades, tivessem os socialistas tido a condução do governo”, ironizou Pedro Passos Coelho. “Onde é que estaríamos?”, perguntou. “E o que é que estaria muita gente a dizer se, hoje, estivéssemos no governo e estas coisas estivessem a acontecer?”, continuou.

 

Pensões aumentam, mas não há dinheiro para a saúde

Voltou a imputar ao atual Executivo um “exercício de demagogia repetido”. “Sabemos que as carências são muitas, que ao contrário do que se diz o dinheiro não dá para tudo”, afirmou para, depois, recordar por exemplo a inexistência de especialistas suficientes nos hospitais, as listas de espera ou as cirurgias adiadas daí resultantes. “Podemos encher o discurso com palavras muito bonitas, mas o que vemos é que os problemas não se resolvem”, afirmou.

Mesmo que atual Executivo se esforce por criar ilusões, os problemas existem e, como tal, as pessoas sentem-nos. “O Governo quis criar a ficção de que era possível atingir as metas do défice e continuar, ao contrário do que se fazia antes, a gastar muito mais. Vangloriam-se disso ainda hoje, mas a verdade é que o Estado está à míngua porque aqui não há milagres”, denunciou, contrariando a retórica de quem governa.

 

“Boa sondagem é vontade de trabalhar”

Mas como são os socialistas a governar, as dificuldades já não existem e está tudo bem”, ironizou, lembrando ainda as dívidas do Executivo aos bombeiros. “Se na demagogia se perde a noção da realidade, podem fazer muitos focus group lá pelo Partido Socialista e andarem muito satisfeitos com as sondagens, mas poderão vir a ter a mesma surpresa que muitos outros tiveram, em eleições, quando se ficaram a olhar para as sondagens”, avisou. Para Pedro Passos Coelho, “boa sondagem é vontade de trabalhar, de estar ao serviço dos outros, de reunir as pessoas para as ouvir, humildemente pedir o seu apoio”.

 

Partidos devem promover o debate e dar tranquilidade às pessoas

Estamos a viver um tempo em que tudo o que não é cómodo e que exige uma ação é descartado, relativizado por quem tem responsabilidades”, referiu. “Isto não pode continuar”, disse, lembrando que “é natural em democracia” que os partidos questionem e promovam o debate de questões da maior importância para o País, sendo “função da comunicação social intermediar esse debate”. Por isso, importa que os portugueses saibam o que cada partido “faz para determinar caminhos de futuro” dar “às pessoas a tranquilidade de que a democracia está a funcionar”.

Para isso, “os políticos têm de estar à altura”. Tal como salientou, “é isso que procuramos [PSD] fazer com as nossas intervenções”. “Exige-se de um partido da oposição que ponha o dedo na ferida”, disse, acrescentando que “temo-lo feito com sentido de responsabilidade e de forma anti-demagógica”.

Pedro Passos Coelho sublinhou, mais uma vez, que “há coisas que não estão a correr bem” com o atual Executivo, necessitando por isso de “correção”. Referiu-se à “forma como se desempenham cargos públicos”, à falta de isenção nas nomeações ou às “decisões que se proclamam em vésperas de eleições”. De acordo com o líder social-democrata, “acha-se muito oportuno” o aumento, ainda que ligeiro, das pensões, quando não há “dinheiro para pagar dívidas” às associações humanitárias de bombeiros. Se “há muitas coisas mal que resultam das escolhas que o Governo fez”, o PSD continuará a denunciá-las.

O Presidente do PSD reiterou que “vale a pena governar noutro sentido, procurando o interesse geral, mais do que o nosso” e “olhar para o futuro”. Trata-se, segundo afirmou, de “governar para todos os portugueses e não apenas para os que nos elegeram”, o que deve ser equacionado tanto a nível local, como nacional.