Competitividade: Governo desperdiça oportunidades

16 de janeiro de 2017
PSD

Portugal registou em 2016 um crescimento muito inferior ao de países europeus com um histórico de desenvolvimento recente semelhante. Espanha cresceu mais do dobro e paga juros pela sua dívida pública, que correspondem a menos de metade do que os mercados exigem a Portugal. 
“Portugal tem vindo a afastar-se desses países, tendo um crescimento económico muito inferior e enfrentando custos de financiamento cada vez mais expressivos do que esses países”, apontou o presidente do PSD, no sábado, num convívio com militantes do PSD da Covilhã. Na comparação com Portugal, a Irlanda conseguiu crescer mais do triplo e está a pagar menos de uma quarta parte pela emissão de dívida, a 10 anos. 
Dados citados pelo líder social-democrata para concluir que o Governo está a deixar passar oportunidades, que outros países têm aproveitado, por exemplo, substituindo a sua dívida pública antiga, mais cara, por nova dívida, a custos de financiamento inferiores.
Os estados da zona Euro são abrangidos pelo programa de compra de dívida do Banco Central Europeu, mas só Portugal continua a ver os seus juros a disparar, lembrou Pedro Passos Coelho, avançando uma explicação para essa realidade: “A política económica em Portugal alterou-se em relação ao passado e é diferente da que é seguida noutros países”. Apesar de o PSD avaliar como positivo o crescimento da economia, o líder do PSD não deixou de apontar a distância entre as previsões e a realidade e manifestou-se preocupado por Portugal não estar a aproveitar as oportunidades existentes. “Porque é que a economia cresceu muito menos do que o Governo disse que ia crescer?”, “Porque é que, nas previsões do Banco de Portugal, em 2019, ainda estaremos a crescer menos do que em 2015?”
Face às alterações externas, “os membros do Governo começam a ensaiar abordagens desculpabilizantes, explicando que a conjuntura está mais adversa.” Para Pedro Passos Coelho, “os governos não são feitos só para quando as conjunturas são fáceis, servem para fazer alguma coisa além do que gerir o dia-a-dia, servem para preparar o futuro”. 
O líder do PSD não deixou de recordar que, ao contrário do que fizeram muitos outros países, Portugal desperdiçou algumas condições, tais como os preços favoráveis do petróleo, no último ano. Em vez de termos tido ganhos de competitividade na economia, “aproveitámos a conjuntura para aumentar os impostos sobre os combustíveis e o Estado arrecadar mais dinheiro”, acusou. Ou seja, o Estado foi buscar mais impostos aos portugueses e não baixou a sua despesa, razão para “as contas estarem a baixar em termos de défice”.
O Executivo conseguiu obter o apoio dos seus parceiros parlamentares para prosseguir esta estratégia, em 2016. Uma estratégia de falta de ambição, porque este é um Governo que “só está interessado em agradar no dia-a-dia”. “Os partidos da maioria entenderam-se para reverter muitas das medidas estruturais que o governo anterior tinha tomado e para poderem anunciar muitas medidas simpáticas”, afirmou Pedro Passos Coelho.