"Acreditamos na sociedade civil"

10 de janeiro de 2017
PSD

“Um país só pode crescer de forma sustentada se tiver uma sociedade civil forte e se tiver do lado dos empresários capacidade empreendedora, acompanhada de recursos humanos qualificados. É assim em todo o mundo”. Perante uma plateia de empresários de Barcelos, sábado, o líder do PSD referiu que é necessário ter em conta as escolhas do dia-a-dia, porque “o futuro não está adquirido no passado, está sempre a ser construído. Se queremos olhar para o futuro e ser melhores, temos muito que fazer. Não é a granjear o que se tem que se conquista algo no futuro. É sendo realista.”

Em sociedade essa tarefa cabe à sociedade civil, pelo que o PSD, reforçou sempre a sociedade civil e não uma intervenção do Estado na economia e na sociedade em geral, procurando garantir que se cumprem as regras.

“Compete à sociedade civil realizar as condições de partida e empenhar-se em resultados que só podem ser alcançados se os que são empreendedores conseguirem vencer os obstáculos. Nós somos um partido que acredita na sociedade civil, que sabe que quem cria emprego são as empresas. Se não existir esta capacidade das empresas gerarem oportunidades, não é o Estado que o consegue fazer”, reafirmou o líder social-democrata.

Pedro Passos Coelho denunciou ainda que “estamos a perder oportunidades quando nos comparamos com os países com os quais competimos. Quando olhamos para países que passaram por situações como as nossas, vemos que essas economias estão a crescer a um ritmo muito maior. Isso não acontece por acaso.”

Portugal enfrenta, no entanto, custos de financiamento muito superiores aos mesmos países que têm a mesma moeda. São precisos resultados que nos aproximem, não que nos afastem. “Estamos a perder oportunidades porque estamos a crescer menos”, disse.

Também não se tem aproveitado as capacidades de financiamento que já foram negociadas com a UE. “O que se acrescentou no último ano é pouco face aos outros anos. Porque é que estamos a perder oportunidades? Não é compreensível que não exista uma execução maior dos fundos que estão à nossa disposição”, destacou Pedro Passos Coelho.

“Se não estamos a crescer e a aproveitar as oportunidades, estamos a aumentar os riscos para a economia no futuro. O sistema financeiro é bom exemplo disso. Os bancos precisam que os empréstimos que fazem sejam pagos. Sempre que uma economia cresce menos do que o necessário, quem contrai responsabilidades tem mais dificuldades em assegurar o seu cumprimento. E isso está bem espelhado no crédito mal parado. Este tem vindo a aumentar porque a economia tem estado a crescer menos do que aquilo que deve”, alertou.
 

Sempre que as empresas têm mais custos, perde-se competitividade

“O atual Governo está sempre a desculpar-se com o passado”, alertou Pedro Passos Coelho, que criticou aqueles que dizem que o problema nos bancos foi deixado pelo governo anterior. Mas isso não é verdade. “Quanto mais modesta for a perspetiva de crescimento, mais problemas vão existir nos bancos e na economia. Nós queremos que as coisas tenham uma perspetiva mais positiva do que negativa”, reiterou.

O Governo decidiu cortar o investimento público em quase 26% no ano passado, pelo que o investimento público foi sacrificado para que o nível do défice pudesse ser cumprido. “Ainda bem que cumpriram a meta do défice, mas a razão pela qual ele esteve em risco foi a mesma que esteve na base de o Governo ter adotado tantas medidas extraordinárias”, afirmou o Presidente do PSD.

“Hoje, estamos a pagar pelo Governo ter feito mais depressa do que devia na reposição de rendimentos. Estamos a pagar no médio e longo prazo o preço de ter um dia a dia um pouco melhor”, referiu o líder da oposição. Portugal tem de ser mais ágil para criar competitividade. Se houver possibilidade de nos ajustarmos às necessidades dos consumidores, estaremos a garantir o nosso sucesso por mais tempo. Temos de ajustar as nossas respostas às exigências dos consumidores. Isso não é tudo.

Se Portugal quiser continuar como um país de primeiro mundo, tem de manter o nível, tem de ter ambição de fazer reformas e mudanças que nos permitam ser mais competitivos e criar valor: “Temos de ter opções de governo diferentes daquelas que temos.”

“Os governos não se podem limitar a gerir o que está, e esse nem isso é, porque andou um ano inteiro a fazer reversões. Quando é assim não acrescentamos valor, destruímos valor. Tem o governo a capacidade de aprender com 2016 e fazer diferente em 2017? Eu não acredito que tenha essa capacidade, mas gostaria muito de ser surpreendido. Eu não tenho satisfação em que as coisas não corram bem”, disse Pedro Passos Coelho, concluindo que “há um preço para este tipo de governação, e as pessoas saberão avaliar os custos.”