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No debate de urgência marcado pelo PSD, foram recordadas as dificuldades vividas pelas populações no terreno. Os social-democratas deram, assim, voz aos portugueses e desafiaram o ministro da Saúde a impor-se à política de restrição levada a cabo por Mário Centeno. Foram claros nas críticas: o caos resulta de políticas promovidas por PS, PCP e BE
“Hoje o Serviço Nacional de Saúde [SNS] vive numa crise crescente que tem de ser rapidamente ultrapassada”. O alerta foi deixado, esta quinta-feira na Assembleia da República, por Adão Silva. Elencando uma série de situações – que o PSD tem denunciado – como intoleráveis e inaceitáveis, o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD salientou que “o mais surpreendente, ou porventura não, é que todo este panorama de degradação ocorra com um Governo cujo programa promete ‘melhorar a qualidade dos cuidados de saúde”.
No debate de urgência a propósito da “Situação da Saúde em Portugal” marcado após a reunião do Presidente do PSD com a Ordem dos Médicos, o vice-presidente da bancada acusou o Executivo de se dedicar apenas à “prosápia” e alargou as críticas aos partidos que o suportam, já que há três anos que aprovam “orçamentos inadequados para o SNS”.
Para Adão Silva, a situação do setor reflete uma “má governação”, já que o ministro que tutela a pasta “não toma medidas, nem encontra soluções”. Destacou que, em contrapartida, o decisor parece ser o ministro das Finanças. “O ministro da Saúde não existe”, apontou, dizendo estar “reduzido a um mero protetorado do Imperador Centeno que, com total insensibilidade social, põe e dispõe”.
O social-democrata foi claro ao salientar que “para este Governo, as pessoas e os doentes são apenas números frios, secos, implacáveis, que podem curar orçamentos, mas não curam os portugueses”.
Ricardo Baptista Leite: “Se o primeiro-ministro não assume a Saúde como prioridade, assuma o senhor”
Recorrendo à própria intervenção do ministro da Saúde em plenário, Ricardo Baptista Leite alertou: “os portugueses estão cada vez mais doentes”. Reforçou o caos em que se encontra o SNS para, logo depois, assinalar que, apesar de o Governo ter prometido acabar com a precariedade, não cumpriu a promessa, tem aumentado o gasto em médicos tarefeiros, o que se tem refletido no funcionamento das equipas de saúde.
O social-democrata classificou de “penso rápido” os grupos de trabalho a que o Executivo tem recorrido perante as interpelações da oposição e a situação do SNS e afirmou: “o Governo, basicamente, não tem estratégia para a Saúde, então cria um grupo de trabalho”.
“Se o primeiro-ministro não assume a Saúde como prioridade, assuma o senhor”, desafiou num repto dirigido a Adalberto Campos Fernandes. Garantiu, assim, que o PSD continuará a “exigir ação” e a “defender, intransigentemente, o SNS em nome dos portugueses”.
Fátima Ramos levou a plenário dificuldades sentidas em vários pontos do País
Eleita pelo círculo de Coimbra, Fátima Ramos levou a plenário situações vividas em Miranda, Penela, Tábua (onde faltam, por exemplo, toalhas de papel, aquecimento ou gás) para questionar: “é isto que é a aposta nos cuidados saúdes primários?”. Não esqueceu Oliveira do Hospital, sobretudo as pessoas que, à noite, são levadas para localidades mais distantes, sempre que necessitam de recorrer às urgências.
A social-democrata, falou ainda da degradação que se vive no Centro de Saúde de Fernão Magalhães, em Coimbra. E na mesma cidade, apontou os alertas que têm sido deixados pelos próprios profissionais de saúde e que indicam a possibilidade de “colapso da Maternidade Bissaya Barreto”. Não esquecer o “cenário de guerra” que aparenta ser o serviço de urgências no Porto.
Lembrando que o SNS é essencial, sobretudo, para as pessoas de “parcos recursos” e as terras do interior, deixou um desafio ao ministro da Saúde, em jeito de crítica: “não seja Centeno, olhe para as pessoas”.
Simão Ribeiro: “Para nós, os utentes estão primeiro”
O social-democrata Simão Ribeiro foi explícito ao afirmar, no encerramento do debate de urgência que“o que hoje está em causa são os resultados das políticas do PS, PCP e BE”. Destacou, assim, que “para o Governo socialista, o SNS está hoje muito melhor do que em 2015”. E elencou, logo de seguida, as questões levantadas pelos portugueses e que têm que ver com aumento do tempo médio de espera para consulta; aumento do tempo de espera em urgências hospitalares ou, ainda, o não acesso a medicamentos ou tratamentos.
Acusou Adalberto Campos Fernandes de não ter “poderes reais”, dizendo mesmo que se trata já de “irrelevância política”. “Sempre que cá vem anuncia medidas e investimento e, depois, o resultado é nada, propaganda política pura que [PSD] denunciamos”, especificou.
Simão Ribeiro defendeu, ainda, que PCP e BE “fingem que nada têm que ver com os resultados”. Atribui-lhes, assim, “descaramento político”, na medida em que, por vezes, aparentam ser “partidos da oposição”.
Ao salientar que ministro e Executivo têm falhado, o deputado garantiu: “aqui estará o PSD para erguer a sua voz e defender os utentes do SNS, porque sim, para nós, os utentes estão primeiro”.