PSD questiona se é verdade que líder da oposição considera dívida constrangedora mas sustentável

30 de janeiro de 2015
PSD

O
líder parlamentar do PSD perguntou hoje ao PS se é verdade que António Costa
considera a dívida pública portuguesa constrangedora do crescimento, mas
sustentável, e o primeiro-ministro concordou que isso deve ser esclarecido.

Luís
Montenegro dirigiu esta pergunta aos socialistas no final do debate quinzenal
no qual o PS já não tinha direito a intervir, fazendo alusão a uma notícia da
edição de hoje do “Diário de Notícias” sobre a reunião da bancada socialista de
quinta-feira.

"Hoje
é noticiado que, numa reunião do PS realizada ontem [quinta-feira], o doutor
António Costa, líder do PS, terá redefinido a mensagem do PS relativamente à
dívida pública: afinal, a dívida é constrangedora do crescimento, mas não é
insustentável. Ora, é preciso de facto saber se isto é verdade".

Luís
Montenegro referiu que o deputado e membro da direção nacional do PS João
Galamba dizia em fevereiro de 2014 que "a dívida é insustentável" e
"impagável",
e questionou qual é a posição dos socialistas nesta matéria, ressalvando saber
que não iriam poder responder neste debate.

Segundo
o social-democrata, é conhecida a defesa de PSD e CDS-PP da sustentabilidade
da dívida portuguesa e é sabido que PCP e BE defendem a sua renegociação.
"E depois há um partido que umas vezes é uma coisa e outras vezes é outra",
alegou.

Em
seguida, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou esperar que
"essa citação que apareceu hoje na comunicação social que é atribuída ao
líder do PS seja correta".

"Não
sei se é ou não, porque não se pode tomar à letra tudo aquilo que aparece pela
comunicação social, mas eu admito que seja. Julgo que é muito importante,
sobretudo para um partido que tem a pretensão de poder liderar o Governo no
futuro, esclarecer essa matéria, saber com o que é que se conta, para que os
eleitores não sejam levados ao engano", acrescentou.

O
primeiro-ministro reafirmou que para o Governo português a dívida portuguesa
é sustentável. "Não sabemos, tem dias, no caso do PS, mas eu espero
que essa seja a opinião prevalecente", reforçou.

Passos
Coelho argumentou depois que, se o PS considera a dívida pública portuguesa
é sustentável, então tem também de apoiar a política orçamental seguida pelo
Governo PSD/CDS-PP, em vez de reclamar mais flexibilidade.

A
este propósito, Luís Montenegro contestou que a dívida pública em 2010 fosse de
90% do Produto Interno Bruto (PIB) como "o PS gosta muito de dizer",
contrapondo que sabe-se hoje que "a dívida real era 125% do PIB".

Na
sua intervenção, o líder parlamentar do PSD falou da vitória do Syriza nas
eleições gregas, acusando PS, PCP e BE de se "acotovelarem nas
televisões" para ver "quem é mais ‘syrizista’".

Por
outro lado, destacou os dados da execução orçamental de 2014,
recuperando declarações de socialistas que punham em causa as previsões do
Governo.

Luís
Montenegro mencionou que Pedro Marques previu "nova recessão em
2014", que Augusto Santos Silva pôs em causa o cumprimento da meta do
défice, ou que Pedro Silva Pereira antevia um "ano de estagnação, se não mesmo
de recessão económica".

"Nós
somos de facto muito maus a fazer previsões. Como se diz lá na minha terra,
os partidos da posição, esses, a prever são uma categoria
", ironizou.