Rui Rio: o BES é “o maior crime de colarinho branco em Portugal”

20 de maio de 2020
Grupo Parlamentar

Rui Rio questionou o Primeiro-Ministro no debate quinzenal sobre as ajudas do Estado ao Novo Banco (NB) e que vêm diretamente dos impostos dos portugueses, dinheiro que estará a servir para pagar “calotes empolados” da instituição financeira. “Ao todo, de impostos dos portugueses isto dá mais 2,1 mil milhões de euros para o Novo Banco, que recebeu 3 mil milhões do Fundo de Resolução. (…) Se aos 2,1 somarmos os 4,9 mil milhões de euros que já recebeu, neste momento a fatura de impostos apresentada aos portugueses do Novo Banco é de 7 mil milhões de euros”, contabilizou.

Rui Rio considera que o que se passou com o BES constitui “o maior crime de colarinho branco em Portugal”, “sem que a justiça tenha tido a capacidade julgar e muito menos de punir quem quer que seja”.

Sobre a gestão da atual administração, Rui Rio critica o pagamento de prémios e bónus futuros de 2 milhões de euros aos administradores. “O banco só dá prejuízo. Não se premeiam prejuízos. Os 2 milhões de euros querem premiar a forma eficaz como o conselho de administração do Novo Banco tem conseguido sacar o dinheiro dos impostos dos portugueses”, criticou.

A mais recente tranche, ao abrigo do Fundo de Resolução, de 850 milhões de euros é, segundo o líder do PSD, o culminar de sucessivas operações que merecem ser esclarecidas. Rui Rio citou o ministro das Finanças quando este disse que a transferência mais recente de 850 milhões de euros teria de ser paga mesmo sem a auditoria. “Mas tínhamos de pagar porquê? Nós temos de pagar se for devido, se não for devido não temos de pagar. E depois de 7 mil milhões de euros é bom aferir se é devido. (…) Os portugueses têm, neste momento, uma dúvida: o Governo conferiu a fatura que lhe foi apresentada pelo Novo Banco? (…) “Como é que os balanços do Novo Banco, vistos e revistos, pelo Banco de Portugal auditores e CMVM, todos os anos descobrem novas imparidades?”, questionou.

O líder do PSD lamenta que embora o mercado imobiliário tenha estado em alta e, mesmo assim, o Novo Banco tenha vendido imóveis “a preços mais baixos do que aqueles que estão registados no balanço”.

Rui Rio colocou, nesse sentido, três perguntas precisas ao chefe do Governo: “Tem a certeza de que não há créditos do NB vendidos ao desbarato”, “que não há imóveis vendidos a preços de favor” e “a quem estão a ser vendidos estes créditos e imóveis”?

Numa segunda ronda, o Presidente do PSD interpelou o Governo sobre se está disponível para fornecer ao Parlamento toda a documentação que sustenta as imparidades que o Novo Banco alega e que justificam os 850 milhões de euros que o Estado pagou há quinze dias.