Coronavírus: PSD critica “falta de coordenação política” e impreparação do Governo para travar surto

3 de março de 2020
Grupo Parlamentar

Numa audição da ministra da Saúde, requerida por iniciativa do PSD, esta terça-feira, Ricardo Baptista Leite, criticou a “falta de preparação do Governo” e as “falhas de comunicação que têm contribuído para o alarmismo social”, desde que se conhece a existência do surto do novo coronavírus.

O deputado do PSD lamenta que apesar de estarmos no “terceiro mês, desde que o vírus se propagou a partir da China, ninguém do Governo se tenha dirigido aos partidos para assegurar qualquer coordenação política”.

Ricardo Baptista Leite lembra que o surto do Covid-19 foi classificado pela Organização Mundial de Saúde como uma ameaça de caráter global, esperando-se que as lideranças possam “acalmar as populações” e que da parte das autoridades públicas haja a preocupação de “resolver uma situação de emergência”, de forma a evitar que o problema assuma proporções pandémicas.

O deputado denuncia ainda as fragilidades junto da Linha de Saúde 24 e no atendimento presencial nas unidades de saúde, nomeadamente a formação insuficiente dos médicos e do pessoal administrativo. “Se falha esta primeira linha de atuação do SNS, que é a Linha de Saúde 24, quando olhamos para os cuidados de saúde primários, que são a segunda linha de atuação, mais preocupados ficamos. Fizemos várias visitas aos centros de saúde e os funcionários não têm a formação mínima. Em muitos centros de saúde há apenas máscaras cirúrgicas, que são ineficazes neste contexto”, referiu.

Ricardo Baptista Leite aponta ainda a contradição entre o discurso da ministra e as afirmações recentes da diretora-geral de Saúde, quando foi tornado público que os hospitais de São João e de Santo António, unidades centrais do Porto, já “esgotaram a capacidade” de internamento de novos doentes.

“Esperamos confiar em si, senhora ministra, e na autoridade de Saúde, e este tipo de situações comprometem a confiança”, sintetizou.

O surto de Covid-19 provocou até ao momento cerca de 3.100 mortes e infetou mais de 90 mil pessoas em cerca de 70 países, incluindo dois casos de contágio em Portugal.