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Ricardo Baptista Leite, deputado e vice-coordenador do CEN para a Saúde, apresentou, esta quarta-feira, no Porto, um conjunto de propostas centradas no controlo e gestão da saúde em Portugal no contexto da pandemia de covid-19. São contributos focados não só no contexto “de emergência” da segunda vaga, mas também numa “visão a longo e médio prazo”.
Acompanhado por António Araújo, coordenador do CEN para a Saúde, Ricardo Baptista Leite começou por criticar a forma como o Governo tem respondido à segunda vaga da crise sanitária. “Portugal não foi devidamente preparado para responder à pandemia”, precisou.
As propostas do PSD incidem sobre “sete eixos prioritários”. Em primeiro lugar, o PSD reafirma a necessidade de “testar, identificar e isolar” a comunidade. O PSD defende que é preciso garantir uma testagem massiva, proativa e sistemática da população para SARS-CoV-2, isolar as pessoas com infeção pelo SARS-CoV-2 e os seus contactos. Neste ponto, o PSD insiste no “mapeamento de todos os lares, legais e ilegais” em Portugal, para proteger os utentes e profissionais.
O segundo eixo, “melhorar a comunicação, a qualidade e acessibilidade aos dados e informação”, significa que, para o PSD, é essencial “garantir uma comunicação eficaz e credível” da “comunicação das autoridades com a população”, além de assegurar “que existe informação disseminada e fidedigna da situação epidemiológica do país, providenciando dados tanto para o importante trabalho da comunidade científica como para a consciencialização da população”.
“Mobilizar a sociedade” é o terceiro eixo, seja pela promoção de “uma mensagem de mobilização de todos os setores da sociedade para uma resposta congregadora e concertada de contingência nacional”, seja pela realização dos “testes diagnósticos, aos tratamentos, das tecnologias de informação às soluções logísticas”.
O quarto “ponto” diz respeito à “prevenção do esgotamento da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde”. Ricardo Baptista Leite considera “fundamental” garantir cuidados para os doentes covid e não covid, evitando que estes últimos “sejam empurrados para listas de espera que se agudizam”. O PSD quer a contratação de profissionais capacitados e disponíveis, em Portugal e de outros países, nomeadamente com formação em cuidados intensivos.
Em quinto lugar, o PSD qualifica de “primordial importância” “a proteção dos profissionais nas linhas de resposta à pandemia”. Um profissional infetado é menos um profissional na primeira linha de resposta à covid-19. O PSD sugere a criação de um consórcio nacional de empresas capazes de produzir material em quantidade e qualidade suficiente para responder às necessidades das unidades de saúde, corporações de bombeiros, forças de segurança e outras entidades que estejam na primeira linha de resposta, assim como a criação de um mecanismo, sistematizado, que permita recolher, a partir dos profissionais de saúde, e em tempo real, as falhas de material nos estabelecimentos de saúde e outras entidades envolvidas nas respostas à covid-19 (como, por exemplo, hospitais, centros de saúde, unidades de cuidados ao domicílio, continuados e paliativos, lares, bombeiros, forças de segurança, entre outros).
“As vacinas e os medicamentos contra a covid-19” ocupam o sexto bloco de propostas. O PSD preconiza que Portugal deve ter um “posicionamento ativo e estratégico no campo da saúde global”. Portugal deve estar na primeira linha de acompanhamento de todas as novas opções terapêuticas que estão em fase de desenvolvimento para o tratamento e eventual cura da infeção por SARS-CoV-2, podendo posicionar o nosso país como potencial “hub” para a realização de ensaios clínicos de fase 2 e 3.
O sétimo eixo refere-se ao desenvolvimento de “um plano de ação para monitorizar restrições e preparar os períodos pós-confinamento e pós-pandemia”. Assim, deve ser preparado, desde já, um plano de ação detalhado sobre como irá ser feito o levantamento faseado das restrições após o pico/planalto do surto (onda ou vaga) em curso. Ao nível nacional, devem ser constituídas desde já duas equipas multidisciplinares cuja atividade e missão não devem ser interrompidas para responder às emergências do dia-a-dia da gestão da pandemia: uma equipa deve focar-se em exclusivo em preparar a 2ª fase do inverno e primavera; e uma segunda equipa, que deve começar a desenhar a reforma da saúde pública em Portugal e a reestruturação do Serviço Nacional de Saúde e a sua interligação com o Sistema Nacional de Saúde. “Claramente, o modelo da Direção-Geral da Saúde e das Administrações Regionais de Saúde está esgotado”, sublinha o documento do CEN.