Ricardo Baptista Leite: “menos conferências de imprensa e mais trabalho de terreno” no controlo da epidemia

8 de junho de 2020
PSD

Ricardo Baptista Leite, vice-Presidente do grupo parlamentar do PSD, defende “ações mais dirigidas e concretas” para controlar a epidemia de covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, como mais controlo nos aeroportos e maior coerência na mensagem e na aplicação das recomendações dirigidas à população. Nesta região, o deputado diz que estão identificados “47 surtos”.

“A situação que se vive em Lisboa e Vale do Tejo é o foco de todas as preocupações e está a condicionar Portugal. Ao contrário dos demais países da União Europeia, em vez de ocorrer uma diminuição no número de casos face ao planalto, está a haver uma inversão da curva”, começou por afirmar o deputado, que participou esta segunda-feira, em mais uma reunião do Infarmed sobre a “situação epidemiológica da covid-19 em Portugal”.

O número de internamentos, por um lado, e o número de óbitos, por outro, mostram que “Lisboa está pior”, quando “comparada com Roma, Bruxelas e Amesterdão”.

Sobre o controlo nos aeroportos, Ricardo Baptista Leite disse ter recebido um relato de um cidadão vindo do Brasil que só passado alguns dias de aterrar em Portugal foi avisado pelo seu país de origem que teria de entrar em contacto “com urgência” com o Ministério da Saúde, uma vez que tinham sido detetados casos positivos no avião em que viajou.

Além da medição da temperatura dos passageiros, o deputado considera essencial um registo dos dados dos viajantes. E, numa fase posterior, Ricardo Baptista Leite defende a “identificação e o isolamento de todos os casos secundários”.

Questionado se entende que o desconfinamento teve influência no aumento dos casos em Lisboa e Vale do Tejo, o deputado lamentou que os partidos políticos e a comunicação social só tenham acesso a “dados parcelares e não detalhados”. “Independentemente das razões, há claramente uma epidemia que precisa de ser controlada nesta região para evitar que seja disseminada quer para o sul, com os feriados que se aproximam, quer para o resto do país”, apelou.

O deputado, que é médico, critica a ausência de “regras coerentes nos ajuntamentos”. “Precisamos de ter regras coerentes, não se compreendem o conjunto de regras para ajuntamentos como se têm visto nas últimas semanas em Lisboa”, afirmou, estranhando que sejam permitidas cerca de 2.000 pessoas num espetáculo cultural num espaço fechado como o Campo Pequeno e não haja público em estádios de futebol.

Salientando que os portugueses deram sempre um bom exemplo de responsabilidade ao longo da pandemia, Ricardo Baptista Leite deixa um alerta: “Precisamos de menos conferências de imprensa e mais trabalho de saúde pública de terreno para garantir controlo da epidemia. (…) Se as mensagens não forem coerentes, não podemos esperar responsabilidade da parte de quem não compreende as mensagens que lhe são dadas”, sintetizou.

Rui Rio participou na reunião por videoconferência, na qualidade de conselheiro de Estado.

https://youtu.be/AtyOeBkFf8A