“Não existe um entendimento para fazer reformas que projetem um país de futuro”

29 de abril de 2017
PSD

O PSD continua a defender um país mais adulto e desenvolvido e não o regresso à política dos privilégios como no passado

 

O líder da oposição afirmou que o mais “grave e perigoso que o PS e BE propõem fazer é deitar a mão ao dinheiro do BDP para suportar o orçamento do Governo"

 

Pedro Passos Coelho acusou este sábado o Governo de estar a “degradar a herança que recebeu e não estar a acrescentar nada que nos possa alargar o horizonte de esperança para futuro. Não se está a fazer nada para futuro, porque na maioria só há um entendimento: impedir que o PSD não seja Governo.

Tal como o líder social-democrata afirma, “quando ambicionamos algo, o futuro só pode acontecer com muita força de vontade, e temos de estar disponíveis para fazer esse esforço. Este Governo satisfaz-se em distribuir o que há, vive para o presente e para o curto prazo, porque não tem força dentro da maioria para se entenderem em torno de um projeto de futuro. É esse o erro mais dramático que teremos de pagar”.

O Presidente do PSD reafirmou a importância de vivermos numa democracia plena, com instituições fortes. No entanto, a cada dia que passa, “vivemos numa democracia mais limitada e menos ambiciosa. Precisamos de uma democracia que tenha escrutínio. Ouvimos todas as pessoas que acham que continuam a ser donas do espírito do 25 de Abril a falar do passado mas esquecem-se que a nossa democracia definha a cada dia que passa por termos uma prática política que a está a empobrecer”.

O PSD continua “a defender um País mais adulto e desenvolvido e não o regresso à política dos privilégios que tivemos no passado” e a insistir na necessidade de ter uma democracia assente numa sociedade civil forte, e isso só acontece com instituições independentes e fortes, mas a maioria “não sabe conviver com quem não seja obediente, que não seja concordante com o poder vigente. Uma democracia precisa de pesos e contrapesos, de uma avaliação de práticas que sejam transparentes, do respeito pelas instituições, quando isso não acontece, a democracia passa a ser limitada.”

Os portugueses sabem que podem contar com o PSD para respeitar as instituições, e ajudar a fortalecê-las, e denunciar sempre que a praxis política coloca em causa a sociedade civil e as instituições”, afirmou o líder da oposição. Já aconteceu com os reguladores, com o Conselho de Finanças Públicas, e no passado com a UTAO, “todos os que não fazem coro a elogiar a maioria e o Governo são atacados, desqualificados, seja no discurso político seja com a ameaça de alteração da lei.

O Partido Social Democrata não deixará passar em claro esta forma de lidar com as instituições e não contribui para o unanimismo. Não está de acordo de acordo com esta forma de fazer política, porque “esta não é a forma como entendemos a democracia, não é a nossa maneira de ver a diferença, nós não submetemos as instituições à nossa vontade. Sabemos o resultado que, durante muitos anos, a ausência da avaliação deu. Demasiada dívida. Tivemos governos com práticas de desorçamentação para esconder dívidas. Estão a voltar isto na Saúde. É preciso denunciar estas situações”. E o que acontece quando se denuncia? “O PS e o Governo irritam-se, ficam incomodados. Na verdade não é só o PCP e o BE que lidam mal com a crítica, o PS também. Este narcisismo socialista está a tornar-se ridículo em Portugal”, acusou Pedro Passos Coelho.

 

Gestão da dívida: o mais grave que propõem é deitar a mão ao dinheiro do BDP para suportar o orçamento do Governo

É importante que o que propõem não seja feito. O mais grave do que propõem é deitar a mão às reservas que estão no Banco de Portugal para suportar o orçamento do governo. Não contamos para a maioria que está no Parlamento, e eles podem afrontar a independência do BdP para irem às reservas, mas nunca nos calaremos com isto e denunciaremos sempre. Estão a pôr o país a correr os riscos do passado”, acusou o líder da oposição.

Não sabemos o que o BE e o PCP querem com esta conversa à volta de dívida. Depois de terem andando anos a seringar todos que tinha de se reestruturar a divida, apresentaram soluções para a gerir”, afirmou o líder do PSD. Pedro Passos Coelho referiu-se ainda ao facto de os partidos destes dois partidos fazerem sugestões no plano europeu, dizem que “gostariam de mais 45 anos para pagar empréstimos, a 1% de taxa de juro. Percebe-se porque é que o Governo não quis assinar o relatório, para não passar o enxovalho de receber uma resposta negativa em Bruxelas”.

Com apenas uma exceção, as propostas apresentadas “são perigosas e erradas. Não têm nada a ver com o que nós fizemos, são o oposto. Mas estão próximas do que Sócrates fez quando esteve no governo”. Quando o PSD esteve no Governo, emitiu dívida a prazos mais longos e com taxas mais baixas. Atualmente, estão a conseguir o contrário, mas como as taxas são mais altas, qualquer dia “não conseguem emitir sem ser a um ano ou dois. E isto só acontece em Portugal, porque os investidores não acreditam no que está a ser feito na gestão da dívida”.

O PSD tem sempre confiança e esperança no futuro, sobretudo por olhar para ele com responsabilidade. “Não há nenhuma razão para que Portugal não possa ser uma sociedade mais desenvolvida e um dos países mais competitivos na Europa. Mas tem de haver um projeto mobilizador, com as reformas que são necessárias. Isso não acontecerá com este Governo”, disse. 

 

“As reversões feitas vão atrasar os sonhos dos nossos jovens para futuro”

Portugal podia estar melhor. Quando olhamos para outros países dentro da União Europeia, como a Espanha, a Irlanda e o Chipre, países que passaram por dificuldades e que aplicaram programas com severidade, vemos uma economia que cresce mais, atrai mais investimento e oferece uma perspetiva de futuro mais mobilizadora. “Porque é que não conseguimos fazer isso? Depois de tudo o que passamos? Porque é que ao longo do último ano as coisas afrouxaram?”, questionou o líder social-democrata.

Portugal teve um mau desempenho de 2016, o que se deveu, em parte, ao facto de muitas pessoas terem tido receio e desconfiança da solução adotada, porque se habituaram a ver nos partidos que sustentam o Governo pessoas que não gostam dos investidores, da UE, da moeda única. Esses partidos condicionaram de forma decisiva o Governo, como aconteceu nas reversões.

Tem havido reversão que chegue na educação. Conseguimos que os nossos resultados fossem os melhores de sempre. Eles fazem de conta que não foi importante. Mas foi a nossa exigência, a avaliação, os exames, o foco no português e matemática, com metas e consolidação, que resultou que as avaliações internacionais mostrassem resultados nunca antes vistos. A extrema-esquerda não gosta da disciplina, da avaliação, e da capacidade de gestão nas escolas. Querem regressar ao tempo da irresponsabilidade, em que ninguém faz cumprir um plano curricular. A extrema-esquerda gosta da balbúrdia nas escolas, nós gostamos de disciplina. As reversões feitas vão atrasar os sonhos dos nossos jovens para futuro”, acusou Pedro Passos Coelho.

 

Autárquicas: os autarcas do PSD colocam sempre os interesses das terras à frente dos interesses pessoais

O Presidente do PSD deixou ainda, em Arganil, uma palavra de apreço a todos os autarcas social-democratas. Durante a apresentação de candidatura de Luís Paulo Costa à câmara, Pedro Passos Coelho afirmou que tem “o maior respeito pelas pessoas que dedicam o melhor das suas vidas às suas terras”.

Tal como disse, “os autarcas são pessoas que se colocam totalmente ao serviço das suas comunidades. E por isso muitas vezes o sacrifício pessoal e profissional é muito maior. Os autarcas do PSD são pessoas que deram muito do que é a sua competência e empenho total para que as suas terras possam ser diferentes. É uma obrigação de quem escolhe os candidatos ter a certeza que colocamos o interesse das populações à frente dos interesses partidários. Temos sempre de fazer uma composição equilibrada dos que querem servir a terra e os que têm melhores condições para isso”.

O líder social-democrata deixou ainda uma palavra de apreço a todos os autarcas de grande nível, que deixam do lado do PSD uma boa imagem, e de força para os que se apresentam às próximas eleições, que colocarão os interesses das terras à frente dos interesses pessoais.