Governo quer "deitar a mão" às reservas do BdP para "ajudar" défice

28 de abril de 2017
PSD

Pedro Passos Coelho afirma ter "pena" que "o atual Governo tenha decidido abrandar o ritmo de pagamento de empréstimos ao FMI", porque isso permitiria a Portugal "poupar mais dinheiro em juros".

O Presidente do PSD destacou hoje que o Governo quer "deitar a mão" às reservas de dinheiro do Banco de Portugal (BdP) como "medida extraordinária" para "ajudar a compor os números do défice".

"Há uma intenção clara do Governo de poder ir deitar a mão às reservas, ao dinheiro que está no BdP para, como medida extraordinária, ajudar a compor os números do défice", disse Pedro Passos Coelho, em Beja, durante uma visita à 34° edição da Ovibeja.

O líder social-democrata reagia ao relatório do grupo de trabalho formado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa, que apresenta uma proposta de reestruturação em 31% para 91,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e pede ao Governo "cenários concretos" de reestruturação para serem utilizados em discussões europeias.

"Os subscritores do documento abdicam de fazer qualquer restruturação da dívida, e isso é bom, mas depois fazem algumas sugestões para políticas de curto prazo", as quais, "com exceção de uma, são ou erradas ou perigosas".

"É perigoso e errado encurtar os prazos de emissão de dívida, como é proposto", o que, "normalmente", é "o que fazem os credores com pior qualidade e foi o que aconteceu a Portugal até 2011", disse.

"Aquilo que é perigoso é ir simplesmente deitar a mão às reservas do Banco de Portugal, que já se percebeu que é isso que o PS e o BE querem e este é ponto essencial", insistiu Pedro Passos Coelho, referindo que "talvez hoje se perceba um pouco melhor esta guerra que tem sido movida contra o governador do BdP e contra o BdP".

Pedro Passos Coelho recordou ainda que, durante muitos anos, "o BE e muitas vozes do PS" insistiram que era "indispensável fazer a reestruturação da dívida portuguesa", mas, com este relatório, "essa conversa parece ter acabado".

O relatório vem dizer que o país pode "fazer uma diferente gestão em termos de curto e médio prazo da dívida pública portuguesa" e "abdica de fazer uma reestruturação da dívida no seu todo", disse.

Sobre os recentes dados do desemprego, Pedro Passos Coelho referiu que o “mérito” da descida do desemprego não é do atual Governo, mas sim uma tendência que se deve às reformas laborais feitas pelo executivo de maioria PSD/CDS-PP que liderou.

A descida [do desemprego] é mérito da reforma que foi feita, ainda no meu tempo, e que foi aprovada, na altura, quer com as instituições europeias, quer com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e que tem vindo a provar os seus frutos”, afirmou o Presidente do PSD.