ESTADO DA NAÇÃO: Defesa

11 de julho de 2017
PSD

Por Hugo Soares


“A Defesa é uma das áreas de soberania do Estado e, neste balanço do ano, está na linha da frente pelas piores razões.

Esta legislatura tem sido pautada por muito casos que colocam em causa a credibilidade das instituições, evidenciam fragilidades no seio da instituição militar e, sobretudo, colocam em causa o Estado nas suas funções principais: aquelas que devem garantir a segurança e a proteção dos cidadãos. 

Depois das acusações de discriminação sexual no Colégio Militar e do trágico caso das duas mortes que ocorreram no curso de comandos, em setembro de 2016, temos agora a situação gravíssima do furto de material de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos. Tudo isto com a gestão política absolutamente inapropriada do ministro da tutela.

Este caso, de proporções internacionais, coloca em xeque a segurança do país, e a ausência de mão firme que denuncia uma incapacidade de liderança, tão necessária nestas circunstâncias.

Parece que o que mais se encontra neste Executivo são ministros que sabem gerir muito bem as boas notícias, capitalizando-as tanto quanto podem. Mas quando se trata de maus resultados e situações negativas, carecem das competências necessárias e investem no jogo do ‘empurra com a barriga’. A verdade é que um Governo se deve afirmar sobretudo nos momentos em que o País mais precisa. 

Está na altura de este Governo perceber que a retórica não serve todas as situações, sobretudo aquelas em que é preciso agir, com a coragem e determinação que se espera de homens de Estado.

A má gestão do episódio de Tancos é mais um episódio de mão fraca, de ausência de liderança, de falha na tomada de decisão. Sucedem-se demissões de Generais do Exército por discordância com a forma como o Chefe de Estado-Maior do Exército tem gerido o processo, e somam-se descontentes à fuga de responsabilidades a que se assiste.

Mais uma vez, a culpa tenderá a morrer solteira. Desta vez, num caso em que os holofotes internacionais estão sobre nós e em que a ação (ou a ausência dela) incorpora um enorme simbolismo: não é pela falta que o material de guerra nos faz, mas antes pelo facto de nos ter sido roubado, dentro de casa, no último local onde a segurança devia estar em causa.

A ferida é dolorosa, porque é no orgulho de um país e daquela que deve ser uma grande instituição.”