Descongelamento de carreiras: PSD desafia Governo a ser coerente

2 de maio de 2017
PSD

O Presidente do PSD desafiou o Governo a avançar, já, com o descongelamento das carreiras na Administração Pública, visto o Executivo ter afirmado que o tempo que passou não tem impacto nas contas.

Quando Pedro Passos Coelho foi primeiro-ministro, disse que Portugal tinha um problema muito sério: o do congelamento das carreiras na Administração Pública. Descongelar as carreiras custa muito dinheiro, “mas depois de ouvir o Governo, fico com a sensação de que querem dar a ideia oposta, que só custa para futuro. Se “os anos congelados” não contam para nada agora, porque não descongelam já? Se dizem que o tempo que passou não conta, porque não descongelam já?”, questionou o presidente do PSD, este domingo, aludindo à manipulação de informação de quem governa o País. 

Há uma forma “mistificadora e manipuladora de quem está hoje no Governo. O Governo e a maioria não gostam de ser desmascarados. A democracia é uma dimensão cultural que não se exprime apenas na letra da lei, é preciso que habite nas células cinzentas de quem governa. Cada um deve responder por si e pela sua organização. Nós falamos pelo PSD e continuamos fiéis à nossa tradição”, assegurou.

 

Governo está a criar ilusões

O Presidente do PSD acusou o Governo de estar a criar a ilusão de que a queda do desemprego só está a acontecer desde que assumiram o cargo. Tal como Pedro Passos Coelho sublinhou, esta queda estava a acontecer a bom ritmo desde 2014, quando se começou a registar, por um lado um aumento do crescimento da economia e da criação de emprego e, por outro, uma queda do desemprego. 

Hoje, o desemprego está na casa de um dígito, o que é importante. Mas a capacidade de gerar emprego não segue na proporção da queda do desemprego. Só há emprego quando há investimento, quando as empresas têm uma perspetiva de desenvolvimento”, afirmou Pedro Passos Coelho.

Tal como o líder social-democrata explicou, quando “olhamos para os dados do INE, vemos que de 2014 a 2016 a população empregada aumentou em cerca de 176 mil. A população empregada, apenas em 2016, representou 32% deste valor, o que significa que quase 70% do emprego criado nos últimos dois anos foi gerado até 2015”. 

Por outro lado, na “população desempregada, decaímos 282 mil pessoas. Quando olhamos apenas para 2016, houve um contributo de 26% da baixa de desemprego, ou seja, o desemprego caiu quase 75% entre 2014 e 2015. Vejam o ridículo que é alguém hoje querer fazer a afirmação de que agora é que o desemprego está a cair e o emprego a crescer”.

 

Reformas laborais possibilitaram emprego com futuro

Querem criar a ilusão de que os bons resultados acontecem desde que eles chegaram ao Governo. Chega a ser ridículo ver pessoas com tanta responsabilidade a fazer um teatro tão grande, o que só mostra falta de conhecimento da realidade e falta de respeito para com os que lutaram por chegar onde estamos hoje”, denunciou Pedro Passos Coelho. Se o desemprego está a descer, é porque nos últimos anos, com o esforço de todos, acabou a recessão e “pusemos a economia a crescer. E conseguimos isto com um entendimento importante em sede de concertação social para fazer reformas na área laboral”.

Relativamente ao emprego que foi criado nos últimos três anos, 70% corresponde a emprego criado com contratos sem termo, ou seja, a precaridade representa cerca de 30% do emprego criado. “Isto não é a prova de que a reforma laboral que fizemos produziu bons resultados? Não era isso que os parceiros sociais e o Governo pretendiam?”, questionou.

Ainda hoje há quem não se conforme com isto, e quem ache que estes resultados são maus, e quem ache que o Governo ainda não está a fazer uma política suficientemente de esquerda sem reverter mais esta reforma. Foi preciso chegarmos à véspera do 1ª de Maio para haver uma ameaça de greve geral se o Governo não virar suficientemente à esquerda”, referiu o líder social-democrata. 

O Presidente do PSD desafiou o Governo a assumir se tem ou não um compromisso com as associações laborais para não reverter as reformas laborais. “Não tenho dúvida de que no dia em que esta reforma laboral for revertida, quem pagará os efeitos dessa reversão serão os trabalhadores, em particular os mais jovens. Se o Governo reverter esta reforma, não é a reforma do governo que eu chefiei que reverte. São as expectativas dos trabalhadores e dos mais jovens que sofrerão a reversão”, denunciou Pedro Passos Coelho.

 

Mercado laboral: é preciso pensar no futuro

É o trabalho que dignifica as pessoas, e ele é essencial para o equilíbrio da sociedade. É muito importante que as organizações sindicais procurem adivinhar tendências e antecipem problemas, para representarem o futuro e não o passado. Os sindicatos deverão estar sensíveis a isto, porque a verdade é que o nível de sindicalização tem vindo a cair, e isso não pode deixar de dar que pensar. É preciso fazer um esforço não apenas para representar os que já estão, mas a pensar no alargamento para futuro, pensando também nos que ainda não entraram no mercado de trabalho”, desafiou Pedro Passos Coelho.

Pensar o mundo do trabalho e o financiamento da Segurança Social não prescinde de uma atividade reflexiva e ação concreta por parte dos sindicatos, do Governo e da Assembleia da República.

É preciso pensar o mercado de trabalho com a introdução progressiva da Inteligência Artificial e da robotização do trabalho por máquinas e computadores, pois podemos ver um conjunto de profissões que podem ser substituídas, mas ainda não temos uma noção clara sobre os novos tipos de emprego.

Novos empregos serão gerados e é verdade que, do ponto de vista do desenvolvimento económico e social, o mundo progrediu extraordinariamente com todas as inovações e sempre foi possível encontrar novas oportunidades de emprego. As mutações de hoje ainda não nos dão uma imagem clara do que pode vir a ser criação de trabalho”, afirmou.

 Já se observaram várias mutações, por exemplo, na banca, mas é preciso “pensar sobre estes problemas, estaremos habilitados para resolver o choque a médio e longo prazo”.