Debate sobre incêndios: PSD desafiou Governo a não continuar “a cativar o futuro do País”

28 de março de 2018
PSD

 

Para o PSD, o relatório da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios “arrasou este Governo”. Carlos Peixoto quis deixar “uma palavra de enorme apreço” aos bombeiros que, segundo destacou, “fizeram tudo o que estava ao seu alcance

 

O relatório [da Comissão Técnica Independente] é muito claro: se o combate tivesse sido pronto e rápido, se a vigilância aérea estivesse ativa e a funcionar, a propagação era travada e as consequências brutalmente minimizadas”, disse esta quarta-feira em plenário o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD (GPPSD) Carlos Peixoto a propósito dos incêndios de outubro. Referiu, assim, que “é uma vergonha para o País” a existência de um “estudo independente que dá conta da falta de meios, de investimento, de coordenação, de vigilância, de prontidão no combate, de armada aérea, de mobilização dos meios por descontinuidade”.

O deputado quis, por isso, assinalar que, e em contrapartida, “os bombeiros fizeram tudo o que estava ao seu alcance” e que, “por isso mesmo, merecem uma palavra de enorme apreço, gratidão e de justíssimo reconhecimento”. E desafiou o Executivo a reformar, atuar e governar. “Não cativem, não façam na Proteção Civil o que estão a fazer em todo o investimento público”, salientou, acrescentando: “não continuem a cativar o futuro do País”.

 

Governo agiu “com soberba”, em vez de assumir responsabilidade

Referindo tratar-se de um relatório “isento e imparcial”, Carlos Peixoto destacou que “arrasou este Governo”. Defendeu que, depois de ter sido divulgado, se esperava que “uma voz humilde de um membro do Governo (especialmente do seu líder porque a importância justificava isso mesmo) viesse aqui assumir perante os portugueses a sua responsabilidade e se vergasse perante as vítimas e as suas famílias”.

O vice-presidente da bancada parlamentar acusou o Executivo de ter agido com “soberba”, já que em vez de assumir que “não fez o que devia”, “culpou em primeiro lugar o poder da natureza, depois apontou o dedo à EDP, insurgiu-se contra os proprietários das matas”. As críticas do social-democrata foram ainda mais longe: “já em desespero ensaiou uma coreografia de fim de semana com um simulacro da limpeza da floresta” [ocorrida este sábado].

Carlos Peixoto lembrou, em plenário, que a atual solução governativa, não tendo aprendido “a lição dos incêndios de Pedrógão”, ignorou os avisos que indicavam que outubro era “um mês de risco elevado”. “Reduziu 30 meios aéreos, 3445 bombeiros, encerrou inúmeros postos de vigia, pré-posicionou os meios que sobraram em locais errados. Antes disso até já tinha nomeado para cargos dirigentes, comandantes sem formação”, precisou.

Salientando que os incêndios de outubro são um reflexo da “passividade” e “incompetências de gestão manifestadas” por quem governa, o social-democrata referiu: “não pensem que sublinhamos este torpor com o oportunismo fácil muitas vezes associado aos partidos da oposição”.