"Uma boa parte da prosápia governamental só é possível porque nós fechamos o programa de assistência”

14 de setembro de 2017
PSD

O líder do PSD denunciou os cortes feitos pelo Governo na área da Saúde e da Educação

Pedro Passos Coelho desafiou o Executivo a pronunciar-se sobre o destino das obras já consensualizadas e com financiamento assegurado

O presidente do PSD afirmou hoje que, para o futuro de Portugal, é muito importante que a situação orçamental se cumpra de forma sustentável. Tal como afirmou em entrevista à CMTV, “para o PSD, é muito importante que o País possa respeitar as metas do défice e possa melhorar a sua situação orçamental de forma sustentável. Para o futuro do País, é o melhor que pode acontecer, em todos as áreas”.

Pedro Passos Coelho relembrou que os orçamentos são feitos de escolhas, e que “a retórica do Governo é que não é correta. Podemos querer gastar mais e distribuir mais, mas para que não haja défice temos de contar com a receita do Estado. Quando dizem que se pode gastar sempre mais, que o défice baixa e que não vão buscar recursos, algo não bate certo.”

Na verdade, em 2016, as escolhas do Governo puseram em causa os níveis de investimento em áreas cruciais como a Educação e a Saúde. É certo que a economia cresceu, mas menos do que em 2015, mas se o Governo não tivesse criado dúvidas nos mercados, “podíamos ter crescido mais em 2016”. Mas em 2016, “o Governo pôs em prática uma política diferente do que tinha dito que faria”, e diferente das expectativas que criou nos portugueses.

O que levaram a cabo foi, tal como Pedro Passos Coelho denunciou, um corte no investimento da Saúde de quase 30%, de mais de 60% na Educação e de cerca de 48% na Ciência e Investigação. “Dizer que se atingiu as metas por milagre não é verdade, porque estamos a pagar o resultados que estamos a atingir”, disse. E se hoje o Governo tem escolhas, “uma boa parte da prosápia governamental só é possível porque nós fechamos o programa de assistência."

Atrasaram a nossa recuperação e querem dar a entender que as coisas correm melhor. A economia vem melhorando, semeámos bem e vimos colhendo. Mas podíamos ter crescido mais, se o Governo falasse com verdade orçamental”, disse, e não com uma política dissimulada. Agora, o que se espera é que o Governo tenha "sentido de responsabilidade para cumprir o seu mandato, para dar estabilidade ao País”, afirmou.

Para o PSD, a “política não é um caso pessoal, não usamos os portugueses como moeda de troca. É ridículo”.

O líder da oposição referia-se ao apelo feito pelo PS para as grandes obras públicas no pós 2020, mas já existe um “programa estratégico de investimentos, com o acordo do PS, que não saiu do papel. Dois anos depois ficou onde estava, e quando o Governo vem dizer que querem um acordo, fundamental é saber o que se compromete a fazer quanto ao que estava acordado até 2020”.

Pedro Passos Coelho salientou ainda que “foi importante que o Presidente da República tivesse dito que não deixaria morrer o assunto e que faria tudo ao seu alcance para apurar responsabilidades”. No entanto, o Presidente da República não tem poder Executivo, e “é seguramente é a última pessoa que possa ter qualquer responsabilidade do que se passou. O Presidente da República não está no plano dos partidos. O chefe de estado tem um papel próprio que serve de vigilância no equilíbrio de poderes e de garantir a representação de todos e o pluralismo. O seu dever de neutralidade deve ser respeitado”.