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Narrativa do Governo está a colapsar perante a realidade
Líder do PSD desafia ministro das Finanças a explicar quem duplicou a dívida pública
O primeiro-ministro demorou dois anos a desmentir as suas críticas ao governo anterior. O ministro das Finanças não explica como é que Portugal se tornou o país com a quarta maior dívida do mundo. Em Torre de Moncorvo, Pedro Passos Coelho desmistificou a “retórica mentirosa” do Governo e da sua maioria parlamentar, concluindo que a realidade acaba sempre por impor-se.
Depois de conhecida a notícia de que a agência Standard & Poor’s melhorou o rating de Portugal, o primeiro-ministro “explicava as grandes vantagens” dessa notícia para Portugal, descreveu Pedro Passos Coelho, este domingo, na apresentação da recandidatura de Nuno Gonçalves à presidência da Câmara de Torre de Moncorvo. Para o presidente do PSD, o chefe do Governo reconheceu que a melhoria do rating permitirá “ter dinheiro mais barato”. Em consequência, há “mais confiança dos investidores externos”. Quanto mais confiança externa, “mais baixa a taxa de juro, menos temos de pagar de juros” e “mais dinheiro sobra para outras coisas que são precisas”, como os serviços públicos, explicou o líder do PSD. “Ontem, o primeiro-ministro explicava isto, mas não explicou por que é que, durante o ano a seguir às eleições de 2015, em que escolheu a geringonça para governar, os juros em Portugal aumentavam” enquanto os dos nossos pares europeus desciam.
E chega assim o reconhecimento de que o PSD tinha razão quando, nos últimos dois anos, alertou para a necessidade de Portugal aproveitar as condições favoráveis de que outros países da Zona Euro beneficiaram, como as taxas de juro mais baixas. Na verdade, estes dois anos foram um tempo perdido. “Por que é que demorámos quase dois anos a convencer as pessoas de que era possível, em Portugal, ter uma política” que recuperava o caminho que vinha de trás e permitia ter acesso a “dinheiro mais barato”, questionou Pedro Passos Coelho.
O presidente do PSD critica o Governo, mostrando que, no dia em que chegou a notícia da melhoria do rating, as “nossas taxas de juro estavam em níveis mais elevados do que quando o PSD e o CDS deixaram o governo”. “Esperamos que agora possam aparecer juros mais baixos”, mas e o “dinheiro que se perdeu”, as taxas que podiam ter estado mais acessíveis e o tempo que se desperdiçou… E tudo, lembra Pedro Passos Coelho, “porque o dr. António Costa quis construir uma geringonça com o Bloco de Esquerda e o PCP para chegar ao Governo”. O primeiro-ministro “descobriu agora as virtudes” do que antes criticava, rematou.
Também a geringonça enfrenta hoje a realidade, refugiando-se numa retórica falsa. O líder do PSD lembrou que o PCP “já disse que não lhe interessa nada o que as agências de rating possam dizer”. Já o Bloco de Esquerda, numa afirmação “muito curiosa”, disse que o rating melhorou porque “o Governo fez o contrário do que eles [Standard & Poor’s] achavam que se devia fazer”. E mesmo agora, a coordenadora do Bloco de Esquerda rompe com o primeiro-ministro, apontou Pedro Passos Coelho ao recordar a resposta de Catarina Martins à afirmação de António Costa quando, em entrevista recente, considerou que qualquer um dos líderes da geringonça, no seu lugar, faria o mesmo. Pedro Passos Coelho relatou: “O que é que disse agora a coordenadora do Bloco de Esquerda sobre a importância de haver equilíbrio orçamental e de se prosseguir um orçamento que mantivesse a necessidade de baixar o défice e a dívida? Disse esta coisa muito significativa: se estivesse no lugar do primeiro-ministro, como ele sugeria, teria feito muito mais do que ele.”
“De facto, gastámos menos do que podíamos ter gasto nos setores essenciais”, conforme afirmou a líder do Bloco de Esquerda. Mas, para Pedro Passos Coelho, esta afirmação não é surpresa. “Enquanto o PSD e o CDS andavam a denunciar, no Parlamento, que só se tinha chegado ao resultado do défice”, os membros do Bloco de Esquerda “diziam que estávamos ressabiados e, portanto, como a política agora era boa e a nossa é que era má, criticavam-nos”. Hoje, “o Bloco de Esquerda vem dizer que nós tínhamos razão”, resumiu Pedro Passos Coelho.
Narrativa do Governo está a colapsar perante a realidade
Se o Governo tivesse gasto mais em setores essenciais, conforme o PSD exigiu e como o Bloco de Esquerda vem só agora apontar, o défice do Estado teria sido maior e as taxas de juro não estariam possivelmente nos níveis atuais. “Demorou dois anos para que o primeiro-ministro desmentisse as críticas que se faziam ao Governo do PSD e do CDS, quando foram tomadas medidas difíceis para por a economia nos carris” e “afinal, hoje, percebem que não tinham razão” aqueles que criticavam o rumo seguido.
Pedro Passos Coelho endurece o tom das críticas: “E não vale a pena andar dois anos a dissimular e a esconder o custo de se chegar a um resultado do défice que é importante” – “a realidade acaba sempre por se impor”. “Que ironia”, acrescentou ainda, lembrando esta conclusão do antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva e as críticas que, então, a geringonça e o Governo lhe dirigiram.
Hoje, porém, os membros do Governo começam a aperceber-se dessa mesma realidade. O ministro do Planeamento, Pedro Marques, aponta agora que não há folga. O ministro das Finanças, Mário Centeno, lembra as metas orçamentais a propósito das exigências dos enfermeiros e das negociações para o próximo Orçamento do Estado. E a ministra da Justiça refugia-se na conjuntura económico-financeira para recusar aos magistrados os seus pedidos. “E é o primeiro-ministro que diz que temos de prosseguir este caminho de equilíbrio”, conclui Pedro Passos Coelho. “Dois anos! Imaginem o tempo que o País perdeu.” O presidente do PSD afirma: “Equilíbrio já nós tínhamos em 2015 e teríamos aproveitado muito mais o tempo” para promover o crescimento da economia e do emprego, para corrigir as assimetrias do interior, para combater as desigualdades sociais.
“Em política, mais dia menos dia, as retóricas mentirosas têm perna curta e sempre se vê aquilo que acontece”, defendeu. “Nós podíamos ter feito outros caminhos mas este governo preferiu repor, num ano, os salários na administração pública e oferecer às pessoas a ideia de que a austeridade tinha passado e, pior, que só tinha existido porque havia um governo de má índole”. No limite, ironiza Pedro Passos Coelho, se o PS tivesse governado no mandato anterior, “não teria havido pré-bancarrota” e talvez nem a dívida pública tivesse disparado.
“O ministro Mário Centeno resolveu dizer que a dívida pública portuguesa é a quarta maior do mundo”, lembrou Pedro Passos Coelho para desafiar o responsável das Finanças a explicar “como é que se chegou à quarta maior dívida do mundo”. “Quem é que a fez? Quem é que, entre 2005 e 2011, duplicou a dívida externa do País senão os socialistas que hoje se lamentam dessa dívida?”, criticou.
“Uns criam a dívida, os outros tratam de a pagar”, rematou Pedro Passos Coelho, apontando que foi essa tarefa que Nuno Gonçalves herdou no seu primeiro mandato na Câmara de Torre de Moncorvo e desejando ao atual presidente da autarquia que possa mobilizar as pessoas para o ato eleitoral do próximo dia 1 de outubro. É que, apontou o presidente do PSD, “não vamos ao ponto a que as pessoas hoje no Governo foram, de sugerir que era melhor proibir os jogos de futebol” para assegurar mais participação democrática. Numa democracia madura, isso “é absurdo” e “não é o caminho”. “Temos de procurar mobilizar as pessoas que acham que não vale a pena ou que a coisa está decidida.”
“O futuro da terra de cada um de nós depende das escolhas que cada um de nós faz”, apelou o presidente do PSD, explicando que os social-democratas querem um País “que pague as suas dívidas e onde as pessoas possam viver o melhor possível, com um SNS que funcione e onde não se corte no investimento”, nem na educação e no apoio social.
“É isso que trataremos, nos dois anos que faltam da legislatura, defender aos olhos dos portugueses – expor a retórica falsa que é alimentada todos os dias com mesquinhez por parte da geringonça”, garantiu.
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