Previsões OCDE colocam em causa «equilíbrio externo alcançado nos últimos anos»

1 de junho de 2016
PSD

Pedro Passos Coelho afirmou hoje que as previsões da OCDE "não trazem nada de positivo" mas não o surpreendem, reiterando o apelo ao Governo para que corrija "pelo menos a política económica".

"São previsões que não trazem nada de positivo, mas de certa maneira não surpreendem porque estão muito em linha com aquilo que têm sido as previsões avançadas por outras instituições internacionais e mesmo nacionais", respondeu Pedro Passos Coelho aos jornalistas, quando questionado sobre os dados da OCDE conhecidos hoje, que piorou a estimativa para o défice.

Na opinião do líder do PSD, estas "não são projeções simpáticas", preferindo que "da parte do Governo não houvesse um alheamento destas indicações e que pudesse haver alguma correção pelo menos da política económica" para que fosse possível "encarar o futuro com um bocadinho mais de otimismo do que estas previsões permitem acalentar nesta fase".

"Os motores do crescimento associados às exportações e ao investimento estão a falhar e isso é muito negativo que aconteça", explicou.

Também o crescimento da economia sustentado no consumo interno, segundo Passos Coelho, "é uma arma muito limitada, sobretudo porque não está assente numa recuperação sustentada de rendimentos e porque sem mais exportações e sem investimento a dinamização do mercado interno por via do consumo acaba sempre por gerar desequilíbrio externo".

"Aquilo que representou um equilíbrio externo muito importante alcançado nos últimos anos pode reverter também", avisou.

Sobre a actual postura do Executivo perante o maior partido da oposição, Pedro Passos Coelho lamentou que a disponibilidade do PSD para entendimentos em áreas transversais esbarre na radicalização feita pelo Governo e pela maioria que o apoia, a qual impede que se chegue a qualquer consenso.

"Na prática, quando em concreto estamos a falar de matérias da educação, da saúde, da segurança social, das pensões, que são matérias transversais e importantes para toda a sociedade portuguesa, a nossa disponibilidade para fazer qualquer entendimento esbarra sempre com uma presunção ou de natureza ideológica ou de natureza política muito vincada, em que quem está no Governo e na maioria que o apoia, radicaliza de modo a tornar impossível chegar a qualquer entendimento", disse.

O presidente do PSD lamentou que estes entendimentos não aconteçam porque "os países não são dos partidos que os governam e as sociedades, como as economias, não são dos governos que conjunturalmente, circunstancialmente têm responsabilidades".

Na opinião do líder da oposição, "à medida que este Governo vai conhecendo novos desenvolvimentos", fica "a ideia de que menos espaço sobra para pensar o futuro porque só o presente conta e isso empobrece a sociedade portuguesa, torna a nossa democracia uma democracia com menor qualidade".

O líder do PSD recordou que em Portugal há muitos anos que se procura "encontrar bases tão alargadas quanto possível para encontrar consensos, para suportar reformas importantes", mas que "infelizmente isso não tem sido possível".

"Não é que tenha havido falta de interesse em procurar esse apoio, mas eu prefiro falar dos consensos e das reformas não em abstrato, mas em concreto. É preciso saber do que é que estamos em falar em concreto", defendeu.

Pedro Passos Coelho recordou que o anterior Governo que liderou fez "várias reformas nos últimos anos muito importantes para o país que estão todas a ser revertidas".

"Não nos parece que isso ajude a qualquer consenso para fazer novas reformas", atirou.

Para Passos Coelho, "a Segurança Social é um setor muito importante que está neste momento a ser alvo de um ataque do ponto de vista do entendimento que durante anos se gerou durou dentro do país por parte do próprio Governo, ao querer estabelecer uma distinção muito antiga entre aquilo que são os esforços de políticas públicas e aquilo que deve ser a oferta pública concentrada em equipamentos do Estado".

"Vimos isso com os contratos de associação na área da educação, mas já ouvimos outros partidos da maioria, nomeadamente o Bloco de Esquerda, dizer claramente que na saúde também teremos que ter uma visão muito parecida", insistiu.

O Presidente do PSD falava à margem de uma visita à Creche da Cruz Vermelha Portuguesa na Póvoa de Stº Adrião, em Odivelas, a propósito do Dia Mundial da Criança.