Pedro Passos Coelho: “Portugal devia estar a crescer mais”

27 de março de 2017
PSD

 

O líder do PSD esteve com as comunidades portuguesas em Paris e no Luxemburgo, sexta-feira e sábado. Lembrou que o défice de 2,1% em 2016 não foi único na democracia e se deveu a medidas e opções extraordinárias, como o investimento mais baixo da democracia. Pedro Passos Coelho realçou a importância na participação política de todos os que se encontram emigrados.

Pedro Passos Coelho afirmou estar “satisfeito” com o valor do défice, mas questionou: “Como foi alcançado este défice? Através de medidas que se fosse eu a tomá-las caía o Carmo e a Trindade”, disse, acrescentando que o saldo de 2,1% do PIB, só foi possível “através de medidas extraordinárias”.

Nunca o investimento público foi tão baixo, aliado ao facto de o investimento privado também ter registado uma quebra. Foram feitos “cortes cegos na Administração, o que demonstra que este défice não foi alcançado através de medidas sustentáveis”, disse o líder social-democrata. A par do investimento, também o fraco ritmo de produtividade constitui uma preocupação. É preciso olhar para a qualificação, para a inovação, para a abertura da nossa economia que poderemos melhorar.

PSD contribuiu para Portugal recuperar credibilidade

O presidente do PSD esteve em Paris, num encontro com as comunidades portugueses, e recordou que a última vez que esteve na capital francesa foi precisamente em 2011, altura que o Bloco de Esquerda anunciava uma moção de censura ao governo de José Sócrates. Referindo-se aos tempos difíceis que se seguiram, garantiu que “ninguém gosta mais do nosso País do que nós. É a nossa vida, o nosso país e o nosso futuro”, afirmou.

 “Mas esse processo não acabou. Estamos a meio. E quem considera que a Europa é responsável está profundamente errado”, reiterou, reforçando que têm de ser os portugueses a resolver os seus problemas: “os outros podem-nos ajudar, mas se nós não queremos ser ajudados…” De acordo com o líder, “essa vontade não se identifica com a maioria que hoje governa o País”.

Pedro Passos Coelho recordou que o trabalho feito pelo seu executivo e pelos portugueses contribuiu para recuperar a credibilidade do País e evitar “situações sociais mais dramáticas”. O PSD conseguiu que o país crescesse, tendo-se registado em 2015 um crescimento maior do que em 2016, o que leva Portugal a crescer menos do que outros países.

Investimento só é possível com reformas

O esforço de recuperação, entre 2011 e 2015, foi feito “a pensar no futuro. O que mais nos preocupa é não ter capacidade para crescer mais. Este ano poderemos crescer 1,7% ou 1,8%, mas é um crescimento ainda modesto”, destaca o presidente do PSD, acrescentando que seria preciso crescer 2,5% ou 3%, ou seja, um crescimento mais forte, atraindo mais investimento, o que exige competitividade. Para isso, são necessárias “reformas. Nós fizemos várias reformas. Precisamos de levar mais longe as nossas reformas para atrair mais investimento. E devemos ser mais exigentes na qualidade do investimento”, disse.

Segundo Pedro Passos Coelho, há, apesar de tudo, sinais positivos, como o Turismo, que vive a continuação de uma dinâmica desde 2013 e que não se verificava há 8 ou 10 anos. “Espero que o atual Governo não estrague este dinamismo”, afirmou o líder social-democrata.

Défice: não é o mais baixo da história democrática

No sábado, Pedro Passos Coelho esteve presente no congresso do partido cristão-social do Luxemburgo (CSV), onde se manifestou "satisfeito" pela possibilidade de Portugal vir a sair do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) e recusou que o valor do défice obtido em 2016 seja o "mais baixo em democracia", tal como o defendeu o Governo. "Em 1989, quando era ministro das Finanças o Dr. Miguel Cadilhe e primeiro-ministro Cavaco Silva, o défice público português também foi de 2,1%. Não se trata, portanto, do valor mais baixo da democracia", confirmou.

Acusou o Governo de, "com medidas extraordinárias”, fazer “um foguetório imenso porque passou de 3% para 2,1%" e relembrou que herdou, em 2011, um défice de 11% deixado pelo próprio Partido Socialista, um legado que penalizou Portugal e portugueses. "Nós dissemos, claramente, que só era possível atingir [as metas estabelecidas pela ‘troika’] se pudéssemos tomar medidas de natureza extraordinária, e isso foi aceite na altura pela ‘troika’ e não foi dissimulado", relembrou, chamando a atenção para o aumento da dívida pública em 2016, quando em 2015 a dívida tinha recuado pela primeira vez nos últimos anos.

Governo com o investimento "mais baixo da democracia"

Pedro Passos Coelho criticou o corte no investimento público de 1.170 milhões de euros, afirmando que "são os números mais baixos da democracia em termos de investimento público". Lembra que quando o PSD esteve no governo, teve de "adotar políticas muito restritivas que causaram às pessoas menores recursos para serem distribuídos, porque nós não os tínhamos para distribuir”.

O líder do PSD defendeu que Portugal precisa de outras políticas para poder crescer. "É bom podermos dizer para o exterior que o défice desceu, mas é preciso dar confiança às pessoas para investirem em Portugal, e isso exige estabilidade e políticas de que normalmente os partidos que apoiam o Governo não gostam - é-lhes difícil apoiar, como se viu no passado, políticas mais amigas dos investidores e dos mercados, e nós sem investimento e sem investidores não vamos conseguir crescer mais", sustentou.