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A sociedade civil foi generosa com Pedrógão, mas sobre dinheiros o Governo “lava as mãos” e empurra para terceiros as explicações, como aconteceu com a RTP. O PSD obrigou a esclarecimentos, mas o Executivo responde com má vontade e arrogância.
“O Estado não está ao mesmo nível da resposta solidária das pessoas”, denunciou Pedro Passos Coelho esta quarta-feira, em declarações aos jornalistas, a propósito da visita à Santa Casa da Misericórdia de Aguiar da Beira. O líder do PSD referia-se aos donativos angariados por ocasião dos incêndios que afetaram a região de Pedrógão Grande. “Da parte da sociedade civil houve uma resposta muito generosa, muito altruísta e solidária”, explicou. “Já passou o tempo suficiente para que o Estado pudesse organizar uma resposta mais eficiente”, acrescentou.
O Presidente do PSD salientou que “as instituições privadas também têm o dever de explicação pública”, no que diz respeito aos valores exatos angariados e seu destino. Lamentou “a forma como o Governo procurou empurrar para terceiros [RTP] as explicações”, já que não considera próprio de “um Estado bem organizado” que “o Governo lave as mãos do assunto e peça à RTP (uma instituição pública) para explicar”. Destacou, contudo: “é uma maneira a que nos vamos habituando de ver o Governo a responder”.
Segundo o líder social-democrata, o facto de o PSD ter interpelado o Executivo sobre o “valor exato” dos donativos “valeu a pena”, na medida em que “durante muito tempo aguardámos por uma explicação” e “há um desfasamento muito grande entre aquilo que foi anunciado e aquilo que está, de facto, a chegar às pessoas”, além do “atraso” que se está a verificar.
“Admito, pelo que fomos avaliando ao longo destes meses, que a Proteção Civil tenha várias explicações a dar sobre as ocorrências que se registaram” no que se refere aos incêndios, disse Pedro Passos Coelho. Referiu-se aos muitos autarcas que “perceberam a diferença entre o que ia sendo comunicado pelo Proteção Civil e os meios que, efetivamente, eram colocados à disposição”.
Foi claro ao afirmar que “a pior resposta que um governo pode dar é a defensiva” e “é isso que parece acontecer”. Defendeu, portanto, que “uma sociedade madura, como a nossa, tem a obrigação” de responder às dúvidas que surgem “com maturidade”, “sem arrogância” e “sem dar a entender que respondem com má vontade”. A arrogância de quem governa tem sido evidente também na não resposta às perguntas que o PSD tem dirigido, através do Parlamento.
Pedro Passos Coelho lamentou não ter havido “da parte do Governo, uma resposta para as dificuldades que estão a ser sentidas na colocação dos professores”, para a qual “o PSD chamou a atenção”, não tendo ainda obtido resposta. Afirmou esperar que o Executivo “tenha a oportunidade de reavaliar as dificuldades desta colocação de professores”.
Saudou, contudo, o facto de ter sido reforçada “a colocação de pessoal técnico não docente, uma das áreas em que se falhou muito no ano passado”. “Espero que seja plenamente colmatada”, acrescentou.
Questionado pelos jornalistas sobre as viagens pagas pela Microsoft a autarcas, o líder social-democratas reiterou tratar-se de um “debate importante” que “deve ser feito com toda a transparência”. “O PSD não tem nada a opor ao esclarecimento cabal”, salientou.