«Caberá à coligação a responsabilidade de ser chamada a formar Governo»

14 de outubro de 2015
PSD

O porta-voz dos sociais-democratas defendeu hoje que segundo "a ordem natural da democracia" cabe a PSD e CDS-PP formarem Governo e acusou o PS de desrespeitar esse princípio ao procurar um acordo de governação com partidos à sua esquerda.

Em declarações aos jornalistas, na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, onde o PSD foi recebido a propósito da reunião Conselho Europeu desta quinta-feira, Marco António Costa disse querer "deixar a ordem natural da democracia bem expressa".

"Quem venceu as eleições foi a coligação [PSD/CDS-PP]. No âmbito daquelas que são as regras constitucionais, mas também da nossa democracia, caberá à coligação a responsabilidade de ser chamada a formar Governo", acrescentou, acusando em seguida o PS de estar a negociar "em várias frentes políticas" com "um objetivo que não foi aquele que resultou das eleições legislativas".

Em nome do PSD, Marco António Costa manifestou "algum espanto" face a esse comportamento do PS, que apelidou de "simulacro de negociações", e insistiu: "O que resultou das legislativas foi a ordem natural que eu referi no início. E, portanto, não vemos como é possível o PS estar neste momento a tentar desenvolver múltiplas negociações num frenesim negocial sem resultados objetivos".

"O resultado das eleições foi claro", reafirmou.

Segundo Marco António Costa, o presidente do PSD e primeiro-ministro em exercício, Pedro Passos Coelho, hoje "verbalizou aquilo que é um sentimento generalizado dos portugueses" em relação à "tentativa de negociação em várias mesas negociais" por parte do PS.

"Há um ponto a partir do qual também temos de expressar o nosso sentimento em relação a tudo o que se está a passar", considerou, referindo que "quem estava de fora e que tivesse chegado a Portugal na última semana ficaria com a ideia de que foi o PS que ganhou as eleições".

Eu julgo que temos de repor a ordem natural das coisas na democracia", reafirmou.

De acordo com Marco António Costa, "o PS resolveu abrir várias mesas negociais num xadrez altamente variável de negociação e aparentemente contrariando aquilo que são 42 anos de democracia em termos de alinhamentos políticos sobre matérias que são essenciais para o nosso regime democrático".

No seu entender, os socialistas estão a procurar "um espírito de consenso com projetos políticos tão díspares e tão afastados" do seu, que "todos parecem ter abdicado dos princípios que defenderam durante a campanha eleitoral" e estarem a "rasgar os seus programas eleitorais".

O porta-voz do PSD descreveu a atitude do PS da seguinte forma: "Estão a conversar para um lado, a conversar para o outro, num ziguezague de diálogo que nós não percebemos aonde é que nos vai levar".

Marco António Costa reiterou que foi a coligação entre PSD e CDS-PP Portugal à Frente quem "venceu as eleições" e que "nesse quadro, cabe à coligação a capacidade de vir a formar Governo", tendo também "a obrigação de construir um processo de diálogo" com o PS.

"Estou simplesmente a sublinhar a importância de repor a ordem natural dos factos na nossa democracia", afirmou uma vez mais.