Almaraz: Governo, BE e PCP aceitam resíduos nucleares

16 de maio de 2017
PSD

Os ministros do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros aceitaram como “adequada e segura” a construção do armazém para resíduos nucleares em Almaraz, mas o PSD considera “não convincentes” as explicações do Executivo. “O Governo demitiu-se de cumprir a sua função política”, criticou o deputado do PSD, Jorge Paulo Oliveira.

Durante a audição de João Matos Fernandes e de Augusto Santos Silva hoje no Parlamento, o PSD interpelou o Governo sobre a forma desastrosa como o Executivo defende os interesses nacionais na questão da construção de um armazém de resíduos da Central Nuclear de Almaraz.

A forma como o Governo se comporta nesta matéria é digna de uma novela dramática”, sublinhou o deputado. “Uma novela que não vai acabar bem”, acrescentou.

Jorge Paulo Oliveira lamentou que o Governo e parceiros BE e PCP nada tenham feito “para travar a Central Nuclear”, alertando para os riscos que a instalação representa para o País.

Graças à inação do Governo, a vida útil ao armazém a construir será de 30 anos, podendo prolongar-se até 50 anos.

O PSD, anunciou Jorge Paulo Oliveira, levará o tema ao fórum ibérico interparlamentar que antecede a Cimeira Ibérica.

O PSD propôs, recentemente, no Parlamento uma resolução para que o assunto seja incluído na agenda da cimeira, a ocorrer em 29 e 30 de maio, o que foi aprovado.

O Governo português considerou adequada e segura a construção de um armazém para resíduos na central nuclear de Almaraz, a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, uma posição que consta do relatório do grupo de trabalho técnico relativo ao projeto, divulgado no final de abril, em Lisboa. Associações de defesa do ambiente, como o Movimento Ibérico Antinuclear (MIA), a Quercus ou a Zero classificaram a aceitação como uma submissão a Espanha e uma decisão "surreal e inaceitável", recordando ainda que continua a não existir qualquer estudo de impacto ambiental transfronteiriço da construção, um dos argumentos apresentados por Portugal aquando da queixa.

 

Acidente nuclear pode afetar 800 mil pessoas


No dia em que os ministros Ambiente e dos Negócios Estrangeiros foram dar explicações à Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação?, veio a público um estudo preocupante.

Em caso de ocorrência de um acidente grave na central nuclear de Almaraz, cerca de 800 mil pessoas em Portugal poderiam ser atingidas pela radioatividade, revela uma simulação feita pelo Exército em 2010 divulgada pela Rádio Renascença. A simulação, da responsabilidade do Elemento de Defesa Biológico, Químico e Radiológico do Comando das Forças Terrestres a partir de um programa da NATO, teve por base o cenário mais perigoso.

O programa simulou a evolução da nuvem radioativa nas 40 horas que se seguem à explosão e a sua deslocação pelo território português, onde chegaria 12 horas após o acidente. De acordo com uma oficial do Exército, “dada a proximidade com a fronteira espanhola, os concelhos de Idanha-a-Nova, Castelo Branco e Penamacor, onde vivem cerca de 45 mil pessoas, registam o maior nível de afetação”. O trajeto da nuvem radioativa libertada, após um acidente grave em Almaraz, foi calculado com base na análise das condições meteorológicas registadas entre 2000 e 2010 e tendo também em conta o relevo do terreno.