Paulo Rios de Oliveira: “suspeita de interferência política” na RTP mancha a imagem do Governo

20 de dezembro de 2019
Grupo Parlamentar

O PSD levou a debate esta quinta-feira, 19 de dezembro, no Parlamento, a situação na RTP e os negócios do lítio de Montalegre denunciados pelo “Sexta às 9”. Paulo Rios de Oliveira, deputado do PSD, começou por contextualizar o caso que provocou o cancelamento da reportagem para não prejudicar o PS e o anterior Governo. “Este programa nunca tinha sido suspenso em momento pré eleitoral; era sabido, pela Direção de Informação, que o tema era o “Escândalo do Lítio em Montalegre”; a primeira emissão pós-férias do programa retomava dois casos graves de alegado favorecimento indevido em negócios, com ação ou omissão do governo, já com intervenção do Ministério Público e que estava a provocar flagrante embaraço ao PS e ao Governo; o programa estava pronto para ser editado e exibido em setembro; estávamos a poucos dias das eleições legislativas; e, por último, o programa foi inopinadamente retomado imediatamente após o ato eleitoral”, sintetizou.

Para Paulo Rios de Oliveira, o “Governo, que tão intrusivo esteve nestes episódios, desaparece de cena e quem tem a respetiva tutela e deveria reagir, a ministra da Cultura, remete-se a um silêncio que não ajuda, não resolve nem tranquiliza ninguém”. E a polémica, sublinhou o deputado, traduziu-se no silenciamento da coordenadora do programa e na “suspeita de frete ao Governo e ao PS” com o cancelamento de uma reportagem e que traria “dano” aos socialistas em vésperas das legislativas.

Paulo Rios de Oliveira lembra que RTP está obrigada a deveres de isenção e independência que podem ter sido postos em causa, e o País não pode “conviver com a suspeita de interferência política ilegítima na comunicação social, muito menos na estação pública de rádio e televisão”. “E quando falamos especificamente de jornalismo e informação livre e isenta, quem passa o cheque não pode mandar e, no caso da RTP, quem passa o cheque é o Governo e quem paga são os portugueses. Mas a RTP não é do Governo”, insistiu.

O deputado entende que estes acontecimentos “são graves e injustos”. Graves, porque provocam “reconhecidos e relevantes danos reputacionais” à estação pública; e injustos, porque fragilizam e descredibilizam “os 1600 trabalhadores, em especial os jornalistas da RTP, que ‘vestem a camisola do Serviço Público’ todos os dias”.

Paulo Rios de Oliveira diz que o PSD estará atento, “de forma responsável”, “às escolhas, às pessoas e aos critérios de cumprimento livre e isento do serviço público da RTP”, porque a democracia “também dependente disso”.