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As Jornadas Parlamentares do PSD, que decorrem esta quarta-feira no Parlamento, iniciaram-se com um debate sobre a “Resposta de Portugal à Crise Sanitária: da pandemia aos doentes não-Covid”, com as intervenções de Fernando Leal da Costa, Isabel Santos e Ricardo Mexia e moderação do Vice-Presidente da bancada do PSD, Ricardo Baptista Leite.
Na sua intervenção, Fernando Leal da Costa começou por afirmar que, a nível global, houve uma resposta lenta à pandemia e que, em Portugal, se registou muita burocracia no início, a par de uma política de informação mal-organizada e pouco consequente com os objetivos.
Para o ex-Ministro da Saúde, houve um excesso de confiança na forma como foi feito o desconfinamento, sem que algumas medidas tivessem sido tomadas, e não se aproveitou o período de confinamento para se preparar as respostas, atraso que ainda se mantem.
Leal da Costa alertou ainda os deputados do PSD para a necessidade de se utilizar todo o sistema de saúde (público, social e privado), e manifestou a sua preocupação com as falhas na campanha da prevenção da gripe. O médico concluiu a sua intervenção sublinhando a importância de dar confiança às pessoas através do reforço das respostas, adiantando que é crucial que as pessoas confiem nas autoridades de saúde. Para o ex-governante, além de falta liderança o Ministério da Saúde revela “uma desgraça completa do ponto de vista da comunicação”.
Já Isabel Santos, presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar da Ordem dos Médicos, assinalou alguns dos problemas que continuam por resolver no setor da saúde. Segundo a médica, além de problemas com o cansaço dos profissionais, com a gestão dos casos suspeitos e com a ocupação dos médicos de família com o trace covid, continuamos a ter problemas com os critérios para a alta/fim do isolamento, que são confusos. De acordo com Isabel Santos, falta organização no encaminhamento dos utentes, falta uma cadeia de comando e de lideranças e faltam médicos e enfermeiros. A médica defendeu a necessidade de termos cuidados de saúde primários fortes, pois são eles que resolvem 80% dos problemas.
A última intervenção do painel ficou a cargo do presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia. O médico destacou que é preciso reforçar os recursos humanos no setor da saúde e revelou que somos dos países com mais dados, mas que não os analisamos nem utilizamos. Ricardo Mexia alertou os deputados para a necessidade de se protegerem os grupos mais vulneráveis e de não descurar a resposta não-covid. “Não podemos suspender os cuidados de saúde”, frisou.
O médico insistiu ainda na importância de se testar, seguir e rastrear, uma estratégia com resultados positivos, e afirmou que deve existir uma colaboração intersectorial, que deve incluir o setor privado e social.