UM HOMEM SÉRIO E SINGULAR

4 de dezembro de 2016
PSD

A 4 de dezembro de 1980, Portugal perdeu o seu primeiro-ministro num trágico acidente. O país perdeu um dos nomes que mais ativamente lutaram antes e depois do 25 de Abril, para instaurar verdadeiramente a democracia. Francisco Sá Carneiro lutou para transformar a democracia conquistada numa realidade efetiva. Numa pertença de todos os portugueses. Numa certeza que se podia sentir viva nas coisas práticas do dia-a-dia: no acesso a uma saúde pública para todos; na oferta de uma educação de qualidade; na igualdade de oportunidades e no fim das desigualdades; num país mais coeso, do litoral ao interior.

Portugal perdeu um primeiro-ministro. Mas o PSD perdeu o seu fundador, ideólogo, figura maior, um homem carismático e à frente do seu tempo. A história reservou-lhe o lugar de mito, mas nós, social-democratas, honramos o legado de Francisco Sá Carneiro em todos os combates políticos e em todos os planos pelos quais nos batemos para Portugal.

Que não restem dúvidas. Sá Carneiro colocava a pessoa no centro de toda a atividade política. O PSD coloca os interesses de todos os portugueses acima das disputas político-partidárias, mesmo nos momentos mais desafiantes.

Sá Carneiro dignificava a política como atividade. Via nela um verdadeiro serviço público, com o desprendimento de afastar-se e regressar às práticas políticas consoante o seu referencial de valores assim ditasse. O PSD vê na vida pública o dever último de melhorar as condições de vida das pessoas.

Sá Carneiro tinha a coragem de apresentar as suas convicções, pudessem elas coincidir ou não com as convenções e até com a linha do partido em dado momento. O PSD defende as ideias que acredita serem as mais acertadas. Não aquelas que podem trazer mais votos. Defendemos o que pensamos que conseguirá criar uma sociedade com mais justiça e igualdade.

Sá Carneiro batia-se pela libertação da sociedade civil, numa dimensão que transpunha as barreiras do domínio económico, mas significava a livre iniciativa de todos aqueles que desejassem criar e inovar, fosse na economia, nas ciências ou nas artes. O PSD sabe que uma sociedade livre é aquela onde as boas ideias encontram espaço para se afirmar, da economia social ao empreendedorismo.

Agora que recordamos a memória do nosso fundador, sei que pode colocar-se a pergunta: quanto de Francisco Sá Carneiro há no PSD? Responde-se sem qualquer hesitação. Herdámos e honramos a forma de estar na vida política através da qual Sá Carneiro fez o seu percurso.

Herdámos e honramos uma política que não cede à demagogia, mas é corajosa na defesa robusta das suas posições.

Herdámos e honramos a luta pelas causas da justiça social e (infelizmente, porque ainda é uma causa) o combate às desigualdades.

Herdámos e honramos a seriedade com que Sá Carneiro fundou e liderou o nosso partido. Acima dos slogans, nós – social-democratas desde Sá Carneiro – levamos Portugal a sério. Acredito que essa é a mais nobre forma de o recordar. E de prestar a devida homenagem a um homem, que o passar dos tempos e a sucessão de personalidades comprovam ter sido verdadeiramente singular.

 

José Matos Rosa

Secretário-geral do PSD