"Só sairemos do Défice Excessivo com um ‘plano B’ que o Governo não admite ter”

5 de dezembro de 2016
PSD

O Presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, foi o primeiro convidado do ECO Talks para responder a todas as perguntas e salientou que o modelo económico e financeiro do atual Governo não é sustentável. O Líder do PSD também nota que “só sairemos do Procedimento dos Défices Excessivos com um ‘plano B’ que o Governo não admite ter”.

O líder do PSD argumentou que não há dúvidas que existe um plano B no atual Governo: “Além do corte no investimento, prevê um corte na aquisição de bens e serviços”, referindo os valores das cativações.

Pedro Passos Coelho afirma que não sabe exatamente quais os efeitos negativos das cativações, por exemplo, na saúde, mas garante que os riscos são maiores do que no seu Governo. E defendeu-se: diz ter regularizado as dívidas do Serviço Nacional de Saúde, “contratar nova despesa de forma mais barata” e “reduzir o preço dos medicamentos”. “Nunca se cortou no SNS de forma a colocar em causa”, garante. Para o Presidente do PSD, atualmente os serviços públicos estão “em causa”.

Para Pedro Passos Coelho, o Orçamento do Estado para 2017 baseia-se em “receitas extraordinárias” fruto de “medidas extraordinárias”. O Líder do PSD destaca que o atual Governo “não cumpriu o que disse”. “Tivemos promessas do Governo de que não se afastaria do seu orçamento inicial, tivemos ainda em meados de setembro o ministro das Finanças a dizer uma coisa espantosa na comissão parlamentar que a execução orçamental estava absolutamente em linha com o que estava programado. Tudo isto é falso”, realçou.

No entanto, Pedro Passos Coelho espera que o atual Governo “cumpra a meta porque isso é bom para o país”. E desvaloriza a aprovação do Orçamento do Estado (OE) em Bruxelas: “A Comissão Europeia não está preocupada na forma como o objetivo seja atingido. A escolha das políticas cabe aos Governos. A CE tem chamada a atenção dos riscos das escolhas políticas que suportam o Orçamento”.

 

CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

No que diz respeito ao tema Caixa Geral de Depósitos (CGD), Pedro Passos Coelho afirmou que “anterior administração tinha um plano preparado para fazer uma capitalização da CGD” e “soubemos que havia requisitos adicionais de capital que tinham sido colocados pelo BCE via Banco de Portugal que apontaria para necessidades acrescidas”. Por isso, “fizemos a capitalização da Caixa, o que este Governo ainda não fez”.

Tudo o que tem vindo acontecer com a CGD pressiona o restante sistema bancário, “estamos a lidar com problemas muito delicados”, diz o líder do PSD.

“Descobriu-se, agora em dois meses, muito convenientemente, prejuízos que o auditor não viu durante oito ou nove anos”, questionou o líder do PSD, afirmando que continua a não encontrar motivos que justifiquem “necessidades [de capital] acrescidas na casa dos dois a três mil milhões de euros” para a Caixa Geral de Depósitos.

O Líder do PSD acrescente que se Governo quiser evitar que eventuais impactos da recapitalização prejudiquem a saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), terá de adiar a recapitalização para lá do verão de 2017 e encontrar, por isso, “soluções alternativas”, já que caracterizou a recapitalização do banco como “urgente”, defendeu.

“Para que a recapitalização não ponha em causa a saída do PDE, só pode acontecer depois do verão do próximo ano”, isto “para que o impacto seja tratado apenas como estatístico”, depois de a decisão de saída já ter sido tomada, explicou, prevendo que tal aconteça “entre maio e junho”. Para Pedro  Passos Coelho é certo que os prejuízos identificados entre a data da última recapitalização e a da próxima deverão ser registados no défice de 2016.

Em relação ao novo Presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, é caracterizado pelo Presidente do PSD como “um gestor muito competente, muito capaz. É uma pessoa muito sensata, não é uma pessoa para fazer revoluções mas sim reformas importantes”. Acredita, que “se tiver condições para fazer reformas importantes, é isso que vai acontecer.”

O Líder do PSD salienta ainda que as observações feitas pela Caixa não são pessoais, é uma questão “de princípios e valores”.

 

SONDAGENS

Quando questionado sobre as últimas sondagens, Pedro Passos Coelho diz que “Se tivesse olhado para as sondagens, não teria ganhado as eleições.”

“As sondagens são um instrumento útil, sobretudo os estudos qualitativos, mas depois é preciso saber qual é a nossa perspetiva”, refere. “Acho em primeiro lugar que as pessoas estão hoje a viver um ambiente de certa descompressão”, diz. “As pessoas sabem que o país passou por um período difícil, que o país não ficou rico de um dia para o outro e que se passámos por tantas dificuldades não foi por vontade do Governo.”

“A ideia de que o Governo está a transmitir de uma certa abundância vai-se pagar mais lá para a frente”, diz o líder do PSD.

 

PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA

À questão se sentia-se com legitimidade para exercer o cargo de líder do PSD, o Pedro Passos Coelho responde que “como presidente do PSD sinto-me confortável“.
Pedro Passos Coelho explica que o facto de ter sido primeiro-ministro durante quatro anos não compromete o futuro enquanto líder do partido.

 

 

O ECO Talks é um novo formato de discussão, uma oportunidade para o ECO e para os nossos leitores confrontarem os decisores económicos, políticos e financeiros sobre os temas que estão a marcar a agenda e a atualidade. Será sempre transmitido em streaming, aqui no site do ECO. E com a participação dos nossos seguidores no Twitter e Facebook.