"Sem explicações não pode haver confiança no sistema financeiro e na CGD"

7 de dezembro de 2016
PSD

O primeiro-ministro deve ter outra explicação sobre a demissão da equipa de António Domingues da Caixa Geral de Depósitos, acusou Pedro Passos Coelho, esta quarta-feira.

No primeiro debate quinzenal após a demissão dos administradores da CGD, Pedro Passos Coelho questionou o primeiro-ministro sobre o motivo que terá levado à saída dos gestores escolhidos pelo Governo. O primeiro-ministro justificou que a administração do banco se sentiu diminuída nas suas capacidades, perante a aprovação pelo Parlamento de uma norma que obrigaria a equipa a entregar as suas declarações de rendimentos. Mas o presidente do PSD retificou o chefe do Governo: “Tanto quanto sei, essas declarações [de rendimentos] foram apresentadas. Há aqui qualquer coisa que não bate certo. O senhor primeiro-ministro deve ter outra explicação.”

Pedro Passos Coelho questionou ainda o primeiro-ministro sobre o verdadeiro motivo para a demissão dos gestores, uma vez que o Partido Socialista votou contra aquela norma aprovada pelo Parlamento. Para o líder social-democrata, “isso sugere que alguma coisa pudesse estar combinada” com a administração da Caixa, como um compromisso de que a lei em causa não teria luz verde do Parlamento.

O presidente do PSD defendeu ainda que o Governo deve esclarecer o país, através do Parlamento, sobre o plano de recapitalização aprovado, não alimentando “especulações jornalísticas” sobre os detalhes do mesmo. Porque cabe ao Governo assegurar os interesses do Estado como acionista da Caixa, mas também lhe compete ter em conta a estabilidade do sistema financeiro. Sem explicações não pode haver confiança no sistema financeiro e na Caixa Geral de Depósitos, rematou.

 

PSD continua disponível para debater descentralização

 

O PSD continuará disponível para debater medidas de descentralização de competências, quando o Governo decidir apresentar ao Parlamento como suas as propostas dos social-democratas, que a maioria parlamentar chumbou.

No primeiro debate quinzenal após a aprovação do Orçamento do Estado para 2017, em que o tema proposto pelo Governo foi a descentralização, Pedro Passos Coelho recuperou as propostas do PSD que visavam mais proximidade e eficiência do poder local, por meio da descentralização de competências, que “foram chumbadas”. “O senhor primeiro-ministro vem dizer que é porque o Orçamento do Estado não era talvez o local apropriado para fazer essa discussão”, apontou o líder do PSD, discordando e notando que “foi uma oportunidade perdida” para fazer esse debate e preparar medidas para entrarem em vigor em janeiro de 2018, como propunha o partido.

“Mas aceitamos que o Parlamento decida chumbar as nossas propostas e depois pegue em várias delas para as apresentar como suas no ano a seguir. Cá estaremos para as discutir”, assegurou Pedro Passos Coelho, destacando ainda a importância de reforçar as competências de uma nova geração de autarcas que possam levar mais longe a descentralização, por exemplo, em áreas sociais.